tag:blogger.com,1999:blog-39434030499290818342024-02-06T20:09:48.945-08:00O Rei Vai VestidoHistória, Médio Oriente, Portugal e tudo o mais que me der na pinha...Antoniohttp://www.blogger.com/profile/06249971908661277765noreply@blogger.comBlogger220125tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-10703055622727200292015-11-06T02:46:00.001-08:002015-11-06T02:57:51.017-08:00Et tu Catarina?<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg43kO70Wxdlxr65weAsK9jkakzL4-lwDtBFHA0zG3v-LNO-VkJv5vAQPbRLKv77ob7JyafnVWbYLJHp2ci63e0tBGyTB3pCGI8xBwk3cBfgRoS9Y328CPS14pE8831TXlSLnV7AmVRebU/s1600/catarinamartins.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg43kO70Wxdlxr65weAsK9jkakzL4-lwDtBFHA0zG3v-LNO-VkJv5vAQPbRLKv77ob7JyafnVWbYLJHp2ci63e0tBGyTB3pCGI8xBwk3cBfgRoS9Y328CPS14pE8831TXlSLnV7AmVRebU/s320/catarinamartins.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Bastaram umas semanas para que o salário mínimo nacional de 600 euros proposto pelo Bloco de Esquerda no seu programa eleitoral<a href="http://www.bloco.org/media/manifestolegislativas2015.pdf" target="_blank"><span style="font-size: xx-small;">[1]</span></a> cair. Há menos de um mês "A urgência é a criação de emprego, a reposição integral dos salários cortados e o aumento do salário mínimo nacional para 600 euros" (p.11 do manifesto legislativas 2015 publicado no site oficial do BE). Agora a porta-voz Catarina Martins diz-nos "Seria demagógica se dissesse que seria possível ter 600 euros em 2016, não é possível".</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Na primeira vez que lhe cheirou a governo (alguns diriam tachos, mas não me parece que devamos ir tão longe) o Bloco desistiu já à cabeça daquela que seria a mais importante e marcante decisão para tantos portugueses que mesmo trabalhando a tempo inteiro não conseguem sair de uma situação de pobrez</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">a como tão bem explicou Mariana Aiveca, deputada do Bloco de Esquerda na Assembleia República em 2013<a href="https://www.youtube.com/watch?v=qrnWsF2Pba0" target="_blank"><span style="font-size: xx-small;">[2]</span></a>. </span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O que é curioso é que neste caso não existe sequer a desculpa habitual. Tipicamente os governos entram em funções e rapidamente informam o país, com um ar de grande consternação de que as informações a que agora estão a a ter acesso mostram que a situação do país era pior do que o governo anterior tinha informado. Nesse sentido, os objectivos do programa eleitoral têm que ser redefinidos e avaliados e não demora até que caiam todas as propostas originais que tenham qualquer tipo de custo financeiro associado. Depois de umas semanas falando sobre a possível criminalização por gestão danosa dos anteriores governantes, o assunto é atirado para o esquecimento até às legislativas seguintes.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mas isso não aconteceu a Catarina Martins, Mariana Mortágua e o resto da trupe. Bastou sentarem-se a conversar umas horas com António Costa (que não sendo governo não tem </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">ainda</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">acesso a nenhuma informação nova) e já nos veio dizer que 600 euros é demagogia. Ou seja, que o seu próprio plano de governo é demagogia. Pois demagogia é apenas uma palavra cara para... mentira. O Bloco de Esquerda não demorou a tornar-se em tudo aquilo que sempre viu nos outros. Mas enfim, só tinham duas hipóteses: ou destroem o país ou são mentirosos. Se vão mesmo chegar ao governo, eu agradeceria se não destruissem o país a um ponto que não dê para o recuperar.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">PS: Acrescento apenas que é de facto uma pena vermos o BE perder a sua inocência. É que em muitas situações, a posição política do BE era de facto um lufada de ar fresco, como nas questões da Palestina, no caso de Luaty Beirão, Rafael Marques e em muitas outras questões de direitos humanos onde o BE é sem dúvida o partido que tem consistentemente estado do lado certo da história.</span></div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-64145644977620197562015-10-27T12:36:00.002-07:002015-10-27T12:47:58.274-07:00Governo de Destruição Nacional<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSTo2owhWTiNzueg5pkY9_lp_HnN5hpHXZkSQ24w4FhyJ3KIMXWkrEILpHoWuM6tJ3X9P_S0TVHMh4uMTeBoLg8Tsfj-19TUuChzBZg9JolxGrmnQ2bO4I4C8-RqC7bFkQ4Df0uDsChDQ/s1600/antoniocosta.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSTo2owhWTiNzueg5pkY9_lp_HnN5hpHXZkSQ24w4FhyJ3KIMXWkrEILpHoWuM6tJ3X9P_S0TVHMh4uMTeBoLg8Tsfj-19TUuChzBZg9JolxGrmnQ2bO4I4C8-RqC7bFkQ4Df0uDsChDQ/s320/antoniocosta.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Já há muito que António Costa nos mostrou o que valia: Quando Lisboa precisou de cultura, tentou roubar o Red Bull Air Race ao Porto. Quando precisou de limpar dívida, passou-a para o Estado central. Quando precisou da liderança do PS, rasgou o acordo com que tinha feito com José Seguro apenas uns meses antes e atirou-o pela janela. Não deveria ser por isso estranho que mesmo depois falhar o seu objectivo primário (a maioria absoluta) e também o secundário, que seria uma maioria relativa, e fracassando ainda o </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">objectivo</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">(criado à última hora por artistas como Adão e Silva) de "ter mais deputados do que a parte da coligação que corresponde ao PSD", Costa ainda achasse que devia ser Primeiro-Ministro.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">António Costa prometeu que não iria mandar o governo abaixo se não tivesse uma alternativa garantida à esquerda. Mas já devíamos saber que essas promessas não são para ser cumpridas. Num momento de ira pós declaração do Presidente Cavaco Silva, e numa decisão ululantemente apoiada pelas suas tão fieis (?) hostes, já nos informou que irá rejeitar o plano de governo (independentemente do que lá estiver escrito) e que o governo da coligação PSD/CDS tem os seus dias contados.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas a coligação negativa ameaça agora tornar-se numa espécie de Governo de Destruição Nacional. Uma oportunidade de tempo limitado (vamos ignorar desde já o conto de crianças de que seria para durar 4 anos...) para colocar factos no terreno que depois são dificílimos de alterar. O canto da sereia syrizista já clama os amanhãs que cantam com mais salários e reformas, menos horas de trabalho, o fim das privatizações em curso e menos impostos o que significa que, como não existe qualquer impedimento constitucional, e desde que os três líderes da esquerda nacional tenham a coragem de se juntar num governo "a sério" (daqueles em que eles se comprometem a governar mesmo, com Ministros e outras responsabilidades) lá teremos oportunidade de fazer história. Carlos César já nos explicou a matemática deste modelo: se os objectivos não forem cumpridos... mudam-se os objectivos <i>à posteriori</i>. Eu, pessoalmente, acho que evitava emprestar dinheiro a alguém que pensa desta forma...</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Vai ser uma aventura cara, que provavelmente levará umas décadas a recuperar e naturalmente que irá rapidamente destruir qualquer equilíbrio financeiro, comercial e produtivo que Portugal conseguiu recuperar depois da combinação explosiva de Sócrates com a Grande Recessão. E será certamente triste ver Portugal a ter que pedinchar mais uma ajuda externa de uma qualquer <i>troika</i> (ups, "instituições credoras") pela quarta vez em quatro décadas. Mas enfim, talvez seja mesmo esse o preço a pagar para que Portugal deixe de vez ter um milhão de pessoas a votar em soviéticos e trotskistas e nos possamos finalmente juntar ao grupo dos países verdadeiramente desenvolvidos.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
</div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-83025585069241924302015-08-03T12:24:00.001-07:002015-08-04T11:41:49.950-07:001942 - O Brasil e a sua guerra quase desconhecida<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É relativamente comum encontrar livros de que não gosto pela sua forma ou pelas suas opiniões, mas não é habitual encontrar um livro com tantos erros históricos. Tantos, que inevitavelmente colocamos em dúvida tudo o que de novo encontramos no livro. </span><br />
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXeYBETjJ6GJMl76IoeNAX44Ne6fPkTJE-30To9GBdWwfhKq_DdZeleUWL6Jq5iPYABqESkATbsLz7FVOwMy6nG0qpblb2lwE5dkkZlNb9vROw8qmzMqwYxyISJmeDLMF1EWl9l9CpJhs/s1600/1942b.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXeYBETjJ6GJMl76IoeNAX44Ne6fPkTJE-30To9GBdWwfhKq_DdZeleUWL6Jq5iPYABqESkATbsLz7FVOwMy6nG0qpblb2lwE5dkkZlNb9vROw8qmzMqwYxyISJmeDLMF1EWl9l9CpJhs/s1600/1942b.jpg" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Escrito por João Barone, entusiasta da FEB (Força Expedicionária Brasileira) e filho de um veterano que lutou na segunda guerra mundial na frente italiana este "1942 - O Brasil e a sua guerra quase desconhecida" poderia ser um documento interessantíssimo que desse ao público um maior conhecimento sobre a experiência brasileira na guerra.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mesmo não sendo eu brasileiro, tive imensa curiosidade em ler o livro assim que o vi. O Brasil lutou na segunda guerra mundial, mas mesmo para quem já tenha lido dezenas de livros e documentários sobre esta guerra, o nome do país praticamente não é referido. A sua importância foi obviamente pequena e a sua participação limitada e tardia, mas o que fez desta guerra uma guerra mundial foi precisamente o facto da sua dimensão ser tal que mesmo países longe dos principais palcos de batalha - Europa, Norte de África, Pacífico e China - foram seriamente afectados. </span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas o que encontrei foi, infelizmente, um livro confuso e com graves erros. A sequência cronológica é constantemente atropelada o que permite ao autor usar como argumentos situações fora do seu tempo. Se as descrições dos soldados e pequenas unidades são bastante interessantes, a visão macro da guerra parece excessivamente deturpada e pouco clara. A verdade é que a FEB foi enviada para Itália numa altura em que o desembarque da Normandia já tinha sido feito com sucesso e devidamente consolidado. No leste os exércitos de Hitler e seus aliados já tinha sido amargamente derrotados em Stalingrado e em Kursk e estavam a retirar ou a ser cercadas por uma frente que retrocedia centenas de quilómetros. No atlântico, os submarinos alemães estavam a ser dizimados pela frota americana e o Norte de África estava já totalmente limpo de forças do eixo. Numa frase, a guerra estava ganha quando o Brasil efectivamente pega em armas para lutar contra a Alemanha Nazi. E, numa guerra onde morreram muitos milhões de combatentes e ainda mais civis, o Brasil enviou apenas 25 mil homens para o terreno. Por vezes, Barone perde essa perspectiva e procura energicamente mostrar a importância da frente em que os brasileiros combatiam.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQ5eOfjDBKTJ5XbjaJsFj4VTvkeUtXbfmLmXqa8UuDG0QG1EVMB1967qbAa0rrRj83z_P4KRZ99QjjTyOsqitpVqIxowwFg4KoBr3KtJqVz1PuAiVgqvnmlgxJs7sUPWewlbt6S_EBsQ8/s1600/Jo%25C3%25A3o-baroni.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQ5eOfjDBKTJ5XbjaJsFj4VTvkeUtXbfmLmXqa8UuDG0QG1EVMB1967qbAa0rrRj83z_P4KRZ99QjjTyOsqitpVqIxowwFg4KoBr3KtJqVz1PuAiVgqvnmlgxJs7sUPWewlbt6S_EBsQ8/s320/Jo%25C3%25A3o-baroni.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quanto aos erros e imprecisões, deixo aqui alguns que espero que possam ser devidamente corrigidos em posteriores edições do livro: (p116) a ocupação da Guiana Holandesa pelos Estados Unidos em Novembro de 1941 foi feita com o acordo do governo holandês no exílio. Falar apenas de ocupação leva os leitores a (erradamente) pensarem que foi uma invasão. (p128) referir a hipótese de que o governo americano tivesse conhecimento do iminente ataque a Pearl Harbour (algo que é categoricamente desmentido por todos os historiadores) dizendo apenas que foi "algo nunca comprovado" contribui para alimentar a própria ideia. "Não comprovado" é uns graus diferente de "não existe a mais pequena prova nesse sentido". (p168) obviamente a ELO (Esquadrilha de Ligação e Observação) não executou a sua primeira missão no dia 12 de Novembro de 1945, já que a guerra já tinha acabado à muito por essa altura. (p181) sobre as deserções no FEB, duas em 25 mil são matematicamente menos de um por cento, tal como diz o autor, mas seria mais preciso se dissesse que são menos de 0,01%. É que um por cento de deserções, com a guerra já ganha e os alemães em completa retirada até seria um valor extremamente alto. (p230) Roosevelt não faleceu no início de 1945 como diz Barone mas em 12 de Abril, apenas umas semanas antes do próprio Hitler. (p242) a descrição do levantamento (ou "levante" na forma brasileira) de Varsóvia "que ajudaria a expulsar os nazistas do país e ao mesmo tempo serviria para intimidar a ocupação soviética" está francamente mal explicado. Naquele momento da guerra o objectivo era mesmo a expulsão dos nazis. A tal ajuda que não veio era precisamente dos soviéticos, que atrasaram o seu avanço para dar tempo aos alemães de destruirem totalmente a rebelião. Tirando Churchill que se apercebeu muito cedo das intenções soviéticas, muito poucos foram os que fizeram algo para o evitar. Nota especial para a liderança americana que em momento algum viu nos soviéticos os seus futuros inimigos.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Muitos destes problemas poderiam ter sido resolvidos com uma revisão mais profissional antes do texto ser publicado. Enquanto escritor amador (blogger) compreendo perfeitamente que é normal dar erros ridículos, mas um livro em papel não é uma página da internet que é imediata e facilmente corrigível. Um livro, depois de publicado é um projecto fechado e não pode ser lançado numa versão <i>draft</i>.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Numa nota mais positiva, apreciei muito do que aprendi sobre a participação brasileira, sobre a complicada posição política do governo Vargas (lutando ao lado das grandes democracias quando ele próprio era uma ditadura de inspiração fascista), até da absoluta impreparação das forças brasileira que chegaram à frente ainda sem armas (fez-me lembrar Portugal na Grande Guerra) e o pós-guerra dos pracinhas com o silenciamento das suas experiências. O trabalho que João Barone está a fazer é relevante e é necessário que alguém consiga fazer esta ligação entre os historiadores académicos e um público mais vasto. O seu estilo mais leve é importante, mas terá que se preparar melhor no futuro se pretende avançar novamente para uma obra desta envergadura.</span></div>
</div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-20690424519652848792015-07-24T13:55:00.001-07:002015-07-24T16:43:05.448-07:00Abu Dhabi, da Pobreza à Riqueza<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um dos livros mais curiosos que li nos últimos tempos. Descrevendo com grande cuidado o progresso de Abu Dhabi na segunda metade do séc. XX, Mohammed Al-Fahim escreve na primeira pessoa revelando a absoluta miséria do seu povo até aos anos 60 e a rápida ascensão do Emirado até se tornar numa das mais ricas cidades do mundo.</span><br />
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmNp4kzDe8Y0MhGpHPmC7-DVnYrY42OWZPkgbuJEO5O6lPqBazOYZ6EURPPVN4oXqVs_XhUwOfOmOScV7bl7N9wbxHByX9RDF2qzlJhFTF36y-aU45yH7ggKKW5KWBnnzWiYuZ118V_xU/s1600/ragstoriches.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmNp4kzDe8Y0MhGpHPmC7-DVnYrY42OWZPkgbuJEO5O6lPqBazOYZ6EURPPVN4oXqVs_XhUwOfOmOScV7bl7N9wbxHByX9RDF2qzlJhFTF36y-aU45yH7ggKKW5KWBnnzWiYuZ118V_xU/s320/ragstoriches.jpg" width="215" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Al Fahim não é um escritor ou um historiador, mas é filho de um dos conselheiros do fundador dos Emirados Árabes Unidos, Sheikh Zayed, e conhecido empresário local. O seu conhecimento é acima de tudo um testemunho que deveria ser complementado por muitos outros. Infelizmente para nós, que conhecemos e gostamos de Abu Dhabi, não existem muito mais livros escritos sobre essa época e praticamente nada se sabe sobre o que se terá passado antes do início do séc. XX. A excepção são alguns documentos das potências estrangeiras (em especial o Reino Unido) e relatos dos seus navegadores e viajantes.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Onde hoje existe uma cidade de 2.5 milhões de pessoas, no início dos anos 60 do século passado viviam menos de duas mil. Sem acesso a água potável a população bebia água do mar que era naturalmente (mal) filtrada pela própria areia e recolhida em poços dentro da ilha de Abu Dhabi. Durante os meses de maior calor, a população aumentava consideravelmente para se dedicar ao que era a única actividade económica digna de registo: pérolas. Este árduo trabalho consistia em passar 10 a 12 horas por dia a mergulhar para apanhar ostras </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">no fundo do mar</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">para recuperar as suas pérolas durante meses a fio. Os barcos eram pequenos e inseguros e mantinham-se no mar durante toda a temporada. Uma pequena indústria de barcos de transporte de víveres levava os bens mais essenciais até às frotas. Na ilha não existiam quaisquer edifícios, apenas as cabanas de "barasti" (folha de palma) onde a população vivia, sem acesso a electricidade, água corrente, esgotos ou qualquer outra das comodidades já comuns em tantos lugares do mundo.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Finalizada a época das pérolas, grande parte da população mudava-se para Al Ain, um oásis no interior do Emirado (hoje a segunda maior cidade) onde existia água fresca e alguma agricultura e pecuária. A viagem (que hoje fazemos em pouco mais de uma hora) durava então cerca de uma semana e cobrava a vida de muitos dos mais velhos e mais novos.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O livro é verdadeiramente fascinante e obrigou-me a olhar para os Emiratis de uma forma renovada. Olho para os meus colegas e imagino o que os seus pais e avós sofreram e a velocidade a que tiveram que se adaptar quando a enxurrada de petro-dólares chegou. Como ponto fraco deste livro, apenas o facto de este ser apenas um testemunho e um ponto de vista. Seria interessante ter outras vozes a contarem as suas experiências dessa época para ajudar a completar a história desses tempos.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Se não era já óbvio, aconselho "From Rags to Riches, A Story of Abu Dhabi" vivamente a todos os que residem e trabalham em Abu Dhabi e Dubai, assim como aos que mostram interesse pela história do Golfo Pérsico e destes pobres povos nómadas que no tempo de vida de uma pessoa se tornaram na mais rica cidade do globo.</span></div>
</div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-64974879190970271022015-06-21T07:07:00.002-07:002015-06-22T21:17:36.012-07:00António Costa, Sócrates e Tsipras<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5_tV0ilKi9wo4maJPg9FYRMXcZIoKPMovlhD_lCQOmnBLv3hXj-XoMYsZeKDR0daJbflxZc-k8lEoVTSbZsNooC91HN1u32pktafuJiFewE11Gm8f3b43crKV6H8DX20FQmnMxLlsBdk/s1600/socratescosta.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="220" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5_tV0ilKi9wo4maJPg9FYRMXcZIoKPMovlhD_lCQOmnBLv3hXj-XoMYsZeKDR0daJbflxZc-k8lEoVTSbZsNooC91HN1u32pktafuJiFewE11Gm8f3b43crKV6H8DX20FQmnMxLlsBdk/s320/socratescosta.jpeg" width="320" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A generalidade dos comentadores políticos em Portugal acordaram sobressaltados com a última sondagem da Universidade Católica que dá a coligação PSD/PP ligeiramente à frente do PS de António Costa. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Depois de 4 anos terríveis, de aperto de cinto como ninguém tinha memória, com o país constantemente acossado pelos mercados de capitais, as visitas da <i>troika </i>e agências de <i>rating</i>, era de esperar que este governo tivesse de ser substituido por sangue novo, ou pelo menos com caras diferentes. Se isto já era elementar quando António José Seguro era secretário-geral do PS, ainda mais seria depois de António Costa lhe conquistar a liderança. Costa tinha tudo o que faltava a Seguro: carisma, experiência governativa, boa imprensa, linhas de comunicação à esquerda e uma retumbante vitória eleitoral recente.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Existiam apenas três variáveis que podiam colocar em causa uma vitória fácil do PS de António Costa, mas apenas uma tempestada perfeita podia sincronizar todas elas. Para mal do PS, as péssimas decisões de António Costa e os acasos do destino fizeram com que as três se estejam a formar no horizonte.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Crescimento Económico</b></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A grande esperança da coligação governamental era a de que por esta altura os indicadores económicos já dessem bons sinais de recuperação. O pior já parece ter passado, a economia está novamente a crescer, o fenómeno da emigração aliviou o desemprego e a necessidade de subsídios e aumentou as remessas, e os juros baixaram para níveis históricos. Mesmo com a violenta queda do Banco Espírito Santo, a situação vai melhorando. Os próximos meses dirão se teremos uma recaída ou se a recuperação se vai começar a sentir mais no bolso dos portugueses. Tudo isto seria uma incógnita em termos eleitorais (Churchill perdeu as eleições depois de ganhar a guerra...), mas quando é o próprio secretário-geral do PS a defendê-lo na famosa reunião com a comunidade chinesa em Portugal, torna-se uma arma política. Na retórica do PSD/PP - e que acaba por ser confirmada por Costa - o país que o PS deixou em queda-livre está agora melhor e cada vez melhor.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Syriza</b></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Já há muitos anos que era óbvio para quem quisesse ver que Alexis Tsipras e o seu partido radical de esquerda eram um perigo para a Grécia e para a Europa<a href="http://oreivaivestido.blogspot.ae/2012/05/face-do-fim-da-europa.html" target="_blank"><span style="font-size: xx-small;">[1]</span></a>. Quando chegaram ao poder, Tsipras, Varoufakis e seus companheiros revolucionários mudaram o rumo e a retórica, e com estes a tímida recuperação que se começava a fazer sentir no país. Tudo isto poderia estar relativamente estanque - em termos político-partidários portugueses - se António Costa não tivesse cometido o erro crasso de se associar à vitória do Syriza (numa traição ao PASOK que deixou muitos boquiabertos) quando afirmou que "a vitória do Syriza é um sinal de mudança que dá força para seguir a mesma linha". Claro que entretanto já se tentou afastar das suas próprias declarações, mas o facto é que os acontecimentos na Grécia (e podemos estar a dias ou semanas de um desastre total) estão agora ligados ao PS. E a cada dia que passa, a cada mil milhões de Euros que desaparecem do sistema financeiro grego, é natural que os portugueses se perguntem se é mesmo Costa que pretendem para chefiar Portugal nos próximos 4 anos.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Sócrates</b></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFWOFwTPObY8gtQIQWt1UE0xkBHHTBaLwheQGOXKiPbO3x6tmD-6Wgpgh5A6pcx52FVvmiBdGVGOOaxF2TUSa8GPThBCi-KUvicf_JH07UDHbcwlTu4oIOsrz7_GVVRGLxBrGeHtzRMPo/s1600/ng3729415.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="170" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFWOFwTPObY8gtQIQWt1UE0xkBHHTBaLwheQGOXKiPbO3x6tmD-6Wgpgh5A6pcx52FVvmiBdGVGOOaxF2TUSa8GPThBCi-KUvicf_JH07UDHbcwlTu4oIOsrz7_GVVRGLxBrGeHtzRMPo/s320/ng3729415.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A detenção do ex-primeiro-ministro é um acontecimento com enormes repercursões políticas. Não faço a mais pequena ideia por que motivo alguém acredita que consegue separar este evento das eleições legislativas, do Partido Socialista e de António Costa. Sócrates não foi preso por pedofilia ou por violência doméstica, mas por suspeitas sérias de ter recebido milhões por actos ilegais e imorais feitos enquanto primeiro-ministro. O crime de que estará a ser acusado não é uma questão pessoal. A alegada corrupção de um primeiro-ministro obviamente que mancha quem com ele trabalhou. Afinal de contas, será que José Sócrates decidia sozinho para quem iam as obras? Não existiam conselhos de ministros? Onde estavam as equipas de trabalho e acompanhamento destas propostas? Quem assinava as adjudicações? Pondo a questão de forma muito simples: se António Costa era o número dois do PS no momento em Sócrates estaria a cometer esses crimes de corrupção, seria ele parte envolvida ou estaria incompetentemente abstraído de tudo o que se passava à sua volta? A confiança de Costa em Sócrates é notória, já que assim que chegou à liderança do PS, iniciou a redenção de José Sócrates (processo em que Ferro Rodrigues também está fortemente envolvido). Finalmente, enquanto antigo ministro da Justiça, não tem Costa nada a dizer quanto às fugas de informação, a demora nos processos, as prisões preventivas eternas?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A generalidade dos comentadores mostra algumas reticências em falar do óbvio por isso deixem-me dizê-lo sem meias palavras: António Costa está profundamente ligado ao destino de Alexis Tsipras e José Sócrates. E os próximos meses poderão trazer o fim do Euro na Grécia e o início do processo de acusação a José Sócrates. Quanto ao anterior líder, António José Seguro, é curioso que nunca mostrou grande interesse no Syriza e é uma das poucas pessoas do Partido Socialista com um currículo anti-Sócrates. Mas até isso não deve servir de alento a nenhum socialista já que Costa não pretende ter Seguro no seu executivo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
</div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-73782968841785107732015-06-15T06:37:00.001-07:002015-06-15T06:37:53.475-07:00Escolha de Inimigos - América confronta o Médio Oriente<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJgXkcQoowuYtAPL1gRyF0CE-imDmQMwop9mXgFbQF5t3YgeONn6AIZWq0Jn5QZMQLG1Pt9-Uh0uXqE8dE0lJbUzANLTY6n92f1pXFj-Xr-Yl-C5RrF-VDp3NhK18f0vUJVQuEss1wAAc/s1600/achoiceofenemies.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJgXkcQoowuYtAPL1gRyF0CE-imDmQMwop9mXgFbQF5t3YgeONn6AIZWq0Jn5QZMQLG1Pt9-Uh0uXqE8dE0lJbUzANLTY6n92f1pXFj-Xr-Yl-C5RrF-VDp3NhK18f0vUJVQuEss1wAAc/s1600/achoiceofenemies.jpg" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #222222; line-height: 18.4799995422363px;">Trago-vos hoje mais um livro sobre o Médio Oriente. E mais uma vez de um historiador britânico, embora este seja uma estreia neste blogue: Sir Lawrence Freedman, professor de Estudos de Guerra no King's College London e assessor de Tony Blair. "A Choice of Enemies, America confronts the Middle East" olha para os últimos 50 anos de diplomacia americana no Médio Oriente, do ponto de vista ocidental, i.e. dos seus interesses, medos e ambições. O livre é extremamente frio e em alguns sentidos verdadeiramente amoral, o que é sempre uma forma interessante de olhar para a história. E extremamente difícil de fazer quando nos referimos à história recente.</span><br style="background-color: white; color: #222222; line-height: 18.4799995422363px;" /><span style="background-color: white; color: #222222; line-height: 18.4799995422363px;"><br /></span><span style="background-color: white; color: #222222; line-height: 18.4799995422363px;"></span><span style="background-color: white; color: #222222; line-height: 18.4799995422363px;">Se muitos dos livros que aqui trago têm o objectivo explícito de dar a conhecer ao meu público ocidental o que é o Médio Oriente, o Islão e a história deste lugar onde passei praticamente toda a última década, neste caso o livro ajuda a compreender não o Médio Oriente mas as acções dos Estados Unidos. Ao analisar com grande detalhe os processos de decisão norte americanos, o livro consegue também explicar as diferentes personalidades que lideraram a América e os impactos que cada um teve neste mundo. Desde a moralidade e religiosidade de Jimmy Carter à praticalidade de Ronald Reagan; do fim da história de George H. W. Bush até à indiferença de Bill Clinton. E, claro, o atoleiro em que todo o Médio Oriente entrou com a invasão de George W. Bush e Tony Blair (o livro foi publicado em 2008 por isso já não inclui a presidência de Barack Obama).</span><br style="background-color: white; color: #222222; line-height: 18.4799995422363px;" /><span style="background-color: white; color: #222222; line-height: 18.4799995422363px;"><br /></span><span style="background-color: white; color: #222222; line-height: 18.4799995422363px;"></span><span style="background-color: white; color: #222222; line-height: 18.4799995422363px;">Se há uma crítica que lhe faço é relativa aos últimos capítulos do livro, onde Freedman parece adivinhar um futuro para o Médio Oriente que está longe de se ter realizado. Onde ele vê um definhamento do movimento islamita, um golpe de morte na AQAP (Al Qaeda Arabian Peninsula) e na Al Qaeda Iraque (hoje Estado Islâmico / ISIS / ISIL) a realidade mostrou-nos que o seu poder só tinha por onde crescer. Também não viu a necessidade e a vontade de liberdade e democracia no Médio Oriente, que acabou dois anos depois no fim dos regimes da Tunísia, Egipto, Iémen e Líbia, para além de sérias convulsões e guerras civis em vários outros países da região, no que ficou conhecido como a "Primavera Árabe". </span><br style="background-color: white; color: #222222; line-height: 18.4799995422363px;" /><span style="background-color: white; color: #222222; line-height: 18.4799995422363px;"><br /></span><span style="background-color: white; color: #222222; line-height: 18.4799995422363px;"></span><span style="background-color: white; color: #222222; line-height: 18.4799995422363px;">Mas talvez a melhor parte do livro está na descrição das diferentes formas como as administrações americanas lidaram com a questão israelo-palestiniana. Como tentaram, sem grande sucesso, as soluções passo-a-passo (ou seja, tentanto que ambos os lados fossem ganhando a confiança um do outro através de pequenas melhorias na situação geral em termos de segurança, liberdade e representatividade) para as <i>comprehensive solutions</i> que procuram negociar todos os detalhes do problema, permitindo que cada um dos lados pudesse sacrificar áreas importantes por outras vitórias. No final, nunca nenhum resultou. Por muita vontade que alguns dos presidentes americanos tivessem, por muito tempo e dinheiro que investissem, quer do lado de Israel quer da Palestina, existiram sempre demasiados fundamentalistas decididos a destruir qualquer hipótese de paz. Enquanto alguns líderes lutavam pela paz, outros estavam decididos a destruí-la. E ao fim de todas estas décadas, a situação não está melhor e é apenas uma questão de tempo até vermos mais uma <i>intifada</i>, mais uma guerra curta de tipo corta-relva ou mais uma escalada regional generalizada.</span><br style="background-color: white; color: #222222; line-height: 18.4799995422363px;" /><span style="background-color: white; color: #222222; line-height: 18.4799995422363px;"><br /></span><span style="background-color: white; color: #222222; line-height: 18.4799995422363px;"></span><span style="background-color: white; color: #222222; line-height: 18.4799995422363px;">Em qualquer caso, este é um livro verdadeiramente sério, que não exige qualquer conhecimento aprofundado prévio e que deve agradar quer a especialistas quer aos que estejam a ler sobre o assunto pela primeira vez. Mais um livro que aconselho, não tanto para compreendermos a história recente do Médio Oriente, mas mais para compreendermos o seu futuro próximo.</span></span></div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-82576521193623752952015-06-04T23:32:00.001-07:002015-06-04T23:33:53.661-07:00Invencível - Unbroken 2014<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnHYX910XdEoNh-zTF2bso06jE7ClCimyven9Rjzvap5vtUpx9dtzSaVrdbkSoLENBL4wtfT6bv0Fbfw6GlO8Cwd3gkKOhGeRZMVTxzPXs5ZJLHyfp55ySbTgvI95hc-ifnCqWyc9PLSY/s1600/unbroken-3.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnHYX910XdEoNh-zTF2bso06jE7ClCimyven9Rjzvap5vtUpx9dtzSaVrdbkSoLENBL4wtfT6bv0Fbfw6GlO8Cwd3gkKOhGeRZMVTxzPXs5ZJLHyfp55ySbTgvI95hc-ifnCqWyc9PLSY/s320/unbroken-3.jpg" width="216" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Este filme de Angelina Jolie retrata uma das muitas histórias de heroísmo e bravura que se passaram durante a guerra de 39-45. Baseado em factos verídicos, Unbroken acompanha a vida de Louis Zamperini, filho de italianos imigrantes nos Estados Unidos que, de uma infância de alcoolismo e brigas chega aos Jogos Olímpicos de Munique onde a sua última volta na prova dos 5000 metros impressionou Hitler de tal forma que este insistiu em o conhecer e cumprimentar (embora esse pormenor não seja incluido no filme). </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Durante a guerra, Zamperini fez parte da tripulação dos bombardeiros B-24 Liberator onde acaba por sofrer um acidente e ficar à deriva no mar durante semanas até se tornar prisioneiro de guerra do Japão. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O filme é impressionante, bem filmado, com bons actores e com uma história de coragem e perseverança que marcam positivamente uma guerra tão cheia de sofrimento e vingança. Jolie, alguém que já demonstrou tantas vezes a sua energia e vontade de estar do lado certo da História, utiliza aqui a sua arte - e não só a sua imagem e fama - para mostrar mais uma história que merecia certamente ser conhecida pelo público. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
</div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-16768861158965212462015-05-01T01:08:00.001-07:002015-05-01T10:25:55.214-07:00Que esperança para o Médio Oriente?<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3QeZqqr0GcDcWdV43VMFR2rGWKA6lohO6rMkSeAaB75s0oRaqfSLHn8y8rHLGhefyEIZBmsBOFYMd0x2AGeOViHospwAqjqmdQ5SCe2sz4SFLvhYVpkRdKPzwjPoJF0vSTmBffWMfDHI/s1600/warinmiddleeast.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3QeZqqr0GcDcWdV43VMFR2rGWKA6lohO6rMkSeAaB75s0oRaqfSLHn8y8rHLGhefyEIZBmsBOFYMd0x2AGeOViHospwAqjqmdQ5SCe2sz4SFLvhYVpkRdKPzwjPoJF0vSTmBffWMfDHI/s1600/warinmiddleeast.jpg" height="213" width="320" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Iraque, Síria, Líbia e Iémen em guerra civil. Arábia Saudita e os seus aliados do GCC (Gulf Cooperation Council) envolvidos em cada uma destas guerras. Irão enredado com os Houthis no Iémen, com os pés no Iraque, ligado ao Hizbullah libanês (que por sua vez opera com Assad na Síria) e cada vez mais uma peça fundamental no geograficamente limitado governo shiita de Bagdad. O Estado Islâmico controla milhões de civis e territórios extensos e segue parcialmente o estilo <i>franchising</i> da Al Qaeda, com inúmeros grupos e grupelhos a aliarem-se à causa, desde <i>hackers </i>europeus, ex-Al Qaedas no Iémen, Boko Harams na Nigéria e tribos líbias e iraquianas. Em nenhum destes sítios a paz, a democracia ou os direitos humanos fizeram progressos significativos. Pelo contrário, quando algo se alterou, foi para pior.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em Israel e na Palestina, mantém-se o <i>status quo</i>, com os três actores principais (governo de Israel, Fatah e Hamas) a degradarem-se e digladiarem-se numa guerra semi-fria sem fim à vista. Nada a esperar senão a continuação da divisão palestiniana e as cíclicas guerras sobre Gaza, invasões da Cisjordânia e <i>rockets </i>atirados sobre os civis israelitas.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No Egipto, uma junta militar ilegalizou a Irmandade Muçulmana, prendeu o Presidente da República e elegeu um novo presidente com metade da população sem representação política. As detenções são às dezenas de milhares e as penas de morte aos milhares. Com grande pena minha, a única questão que coloco é quando começará a guerra civil no Egipto. Mesmo com os biliões de dólares que lá estão a ser injectados pelos Estados Unidos, pela Europa e pelas monarquias do Golfo, não tenho grande esperança. Assim que os ventos da economia mudarem, descobriremos que os milhões que votaram em Morsi ainda lá estarão, desta vez provavelmente armados e desiludidos com qualquer tipo de processo democrático.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3eTwIgk9ZViTcTk1g86124HxfkaLXpN3XGYMDp0dBDcZWUhjtqR_Haioa5kss3pJpQWuaslGPbbJa_1hF1yT6TKuh8xRrNksQLSfSmAdwkhfDbEVbFr7zc-EnUtYGJKJybL3dJvAenXA/s1600/Salman_bin_Abdull_aziz_December_9,_2013.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3eTwIgk9ZViTcTk1g86124HxfkaLXpN3XGYMDp0dBDcZWUhjtqR_Haioa5kss3pJpQWuaslGPbbJa_1hF1yT6TKuh8xRrNksQLSfSmAdwkhfDbEVbFr7zc-EnUtYGJKJybL3dJvAenXA/s1600/Salman_bin_Abdull_aziz_December_9,_2013.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rei Salman bin Abdulaziz Al Saud</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Na Arábia Saudita, o recém chegado Rei Salman deserdou o príncipe herdeiro e fez descer uma geração no cargo, sendo o novo príncipe Muhammad bin Nayef - seu sobrinho, e o terceiro em linha o seu próprio filho, Muhammad bin Salman. O histórico príncipe Saud al Faisal, o poderoso ministro dos negócios estrangeiros durante 40 anos, é também uma alteração radical que não pode ser desprezada. O seu nome - e o seu poder - é uma constante em todos estes livros que vamos falando neste espaço. Estas mudanças recentes ainda não estabilizaram totalmente e esperamos para ver como o país e a numerosa família real lida com a situação. Há muito pouco de bom a dizer sobre a Arábia Saudita (em especial no que toca a direitos humanos no seu próprio país), mas se existe um factor que vale a pena mencionar é a sua estabilidade. Questionam-se muitos se, envolvidos em guerras no Iémen, Síria, Iraque e Líbia - todas com poucas esperança de sucesso - e uma passagem de testemunho atabalhoada onde muitos príncipes (literalmente filhos de antigos reis) acabaram de ser atirados para segundo plano, não terá essa estabilidade chegado ao fim. Para compreendermos melhor esta última frase, devo relembrar que os últimos seis reis da Arábia Saudita eram irmãos, todos filhos do fundador do país, Abdulaziz Ibn Saud.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Alguns países têm-se conseguido manter mais ou menos fora do pior da confusão, como a Jordânia, o Líbano e a Tunísia. No entanto, os dois primeiros recebem milhões de refugiados e estão a rebentar pelas costuras sem capacidade para tamanha imigração. O Líbano, já de si uma manta de retalhos de religiões e etnias com o mais peculiar de todos os sistemas supostamente democráticos do mundo, conta agora com 25% da população vinda da Síria. Para um país que nunca conseguiu recuperar totalmente da <i>Naqba </i>palestiniana em 1948 e dos refugiados de 1967, não é difícil imaginar que o pior ainda está para vir. A Jordânia mantém-se na sua inesperada paz, com o apoio ocidental e paz com Israel, mas cuja liderança relativamente iluminada não deve esconder o facto de que continua a estar muito longe de ser um país livre. Mas sobreviveu ao pior e ainda não perdi a esperança neste país sem grande passado mas ao qual o futuro ainda poderá reservar um lugar interessante.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0zM4TrLAKsAOkorePHvU6xwbv72rP1N1T_HKgnOFXiR-yYAN5UN5u6wpqFUr2kJb2YkCPl2VzlO1yAZJHy1dUpcHw9J_ekfjh16nCc4jpKlgIpp-rqK50obaWyYn2af7d7yl-OVhX6mU/s1600/ksar_ouled_soultane_tataouine_tunisia.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0zM4TrLAKsAOkorePHvU6xwbv72rP1N1T_HKgnOFXiR-yYAN5UN5u6wpqFUr2kJb2YkCPl2VzlO1yAZJHy1dUpcHw9J_ekfjh16nCc4jpKlgIpp-rqK50obaWyYn2af7d7yl-OVhX6mU/s1600/ksar_ouled_soultane_tataouine_tunisia.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tataouine, Tunisia</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por fim, a Tunísia, o único local realmente merecedor de verdadeira esperança para o Médio Oriente (embora tecnicamente já estejam bem longe do Médio Oriente propriamente dito). O processo democrático tem-se aprofundado, com os partidos a aceitarem a alternância e sem a habitual utilização das forças de sergurança e serviços secretos para liquidarem a oposição. O Estado Islâmico já mostrou interesse na região, mas a situação está longe de perdida. Enquanto europeu, gostava muito de ver a União Europeia a financiar tanto quanto possível o desenvolvimento do país, sempre com os direitos humanos e políticos como moeda de troca. A democracia não sobrevive se não existir progresso, ordem e liberdade (só faltou esta última na bandeira verde e amarela).</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Temo que grande parte do Médio Oriente piorará muito nos próximos anos, antes de começar a melhorar. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Talvez um sucesso democrático na Tunísia possa iluminar o caminho para os restantes, mais uma vez. Durante o último ano, pouco temos ouvido da Tunísia. <i>Pas de nouvelle, bonnes nouvelles?</i></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span></div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-83564004004825041272015-04-10T04:00:00.002-07:002015-04-10T04:14:47.640-07:00Diamantes de Sangue<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRk6ahbbM4vA1HjHG7slno2pGqiVz96e8WQCHw8uVIWgpLdG5ModmrL1EeUUnWcLe6r5HwTP4OHgyCWG3-3uhXYHFHetMj2JtAOfpPo2UHfbK3FAexfPBHQIyMHfjhHfjZo5UVFMmeb08/s1600/diamantesdesangue.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRk6ahbbM4vA1HjHG7slno2pGqiVz96e8WQCHw8uVIWgpLdG5ModmrL1EeUUnWcLe6r5HwTP4OHgyCWG3-3uhXYHFHetMj2JtAOfpPo2UHfbK3FAexfPBHQIyMHfjhHfjZo5UVFMmeb08/s1600/diamantesdesangue.jpg" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Angola não costuma ser um tema habitual neste blogue. Embora seja um país que muito me interesse e que, como todos os portugueses, esteja bem próximo não é um assunto onde eu sinta que posso acrescentar muito. Mas felizmente há outros cujo conhecimento do terreno, longo historial na luta pelos direitos humanos e a devida preparação prática e teórica o podem fazer muito melhor. E no que toca a Angola, Rafael Marques é o nome inevitável. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Presentemente, este corajoso jornalista encontra-se a lutar pela liberdade nos tribunais de Angola depois de os generais visados neste livro "Diamantes de Sangue" o terem processado por difamação, entre outras acusações que ainda não estão muito claras.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O livro foi entretanto gentilmente oferecido pela sua editora em Portugal, a Tintas da China, e disponível para download no blogue do autor<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.makaangola.org/images/files/Diamantes%20de%20Sangue_Rafael%20Marques.pdf" target="_blank">[1]</a></span>. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É uma leitura complicada. Os repetitivos testemunhos de homicídio, tortura, escravatura, rapto, roubo e todo o tipo de abusos cometidos pelas Forças Armadas Angolanas e pela empresa de segurança privada Teleservice, são de uma escala inimaginável nos dias de hoje. Muito sinceramente, as descrições pareciam retiradas de algo escrito no século XVIII, quando o mundo ainda considerava que a escravidão era algo natural. Não foi surpresa para mim saber que os angolanos sofrem às mãos de um dos mais corruptos governos século XXI. Todos os amigos e família que vivem ou viveram em Angola nos últimos anos trazem testemunhos mais ou menos semelhantes, mas mesmo isso não me preparou para as centenas de vítimas de abusos de um nível bárbaro e sanguinário.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR1O7zr44RYjyND3dPsX1NVVaJ6abNyEQ3y1a-JXIQk1JZebm2qfnONOhNnRcORLw9LvcZspzyjjDKc9VZfOqIvF7huwY0KxXQutLjEwNhfr7Qm6gWROT_BbtabOhThBkZ_WecS_Zvngc/s1600/mina_diamantes.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR1O7zr44RYjyND3dPsX1NVVaJ6abNyEQ3y1a-JXIQk1JZebm2qfnONOhNnRcORLw9LvcZspzyjjDKc9VZfOqIvF7huwY0KxXQutLjEwNhfr7Qm6gWROT_BbtabOhThBkZ_WecS_Zvngc/s1600/mina_diamantes.jpeg" height="240" width="400" /></a></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em alguns momentos do livro pensei que havia algo que faltava no livro. Não existia uma relação directa, um testemunho real de que os generais - que são donos e representantes públicos dessas empresas e organismos que controlam a indústria diamantífera - sabiam do que lá se estava a passar. Mas essas dúvidas dissipam-se quando vemos a reacção destes militares e do regime de José Eduardo dos Santos a este mesmo livro. Em vez de agirem de forma inequívoca para acabarem com o que é nada menos do que uma vergonha nacional e um atentado aos direitos humanos de proporções dantescas, preferiram atacar o escritor. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E isso, diz muito.</span></div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-24347384384632295952015-03-28T00:45:00.001-07:002015-03-28T00:53:03.502-07:00Iémen, a caminho do abismo<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfluoc7Zv4iF1HSx3QvPbp_G8UR8Brivv5MKROzVUnoLCKMe0uzFE9mZKAAQOy4fr1cO-yBu5_Zbue0d0KpPT4Ot6_dzHLfi48ohtecfvxt4CLz_HJpSHHWzAFCPO8EAJg1RuX-PU65VY/s1600/houthis-6.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfluoc7Zv4iF1HSx3QvPbp_G8UR8Brivv5MKROzVUnoLCKMe0uzFE9mZKAAQOy4fr1cO-yBu5_Zbue0d0KpPT4Ot6_dzHLfi48ohtecfvxt4CLz_HJpSHHWzAFCPO8EAJg1RuX-PU65VY/s1600/houthis-6.jpg" height="213" width="320" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Muitos recordarão com saudades os tempos em que o Iémen era apenas o mais pobre dos países da península arábica. Quando o medo constante da Al Qaeda, os eventuais ataques de drones americanos, a violência dos serviços de segurança e a falta de liberdade política aterrorizavam o país. Tirando as ocasionais referencias em algumas publicações especializadas no Médio Oriente e o comovente e assustador livro "Divorciada aos 10 anos" de Nojoud Ali e Delphine Minoui, este país esteve nas últimas décadas praticamente esquecido do mundo. Para todos os efeitos, o Iémen esteve sempre mais longe das esplendorosas monarquias do Golfo do que New York ou Tokyo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mesmo nos inúmeros livros sobre o Médio Oriente e o seu turbulento século XX, este país poucas menções recebe para além de ter sido o campo de batalha no jogo de forças entre a Arábia Saudita e o Egipto de Nasser. Guerra que dividiu o Iémen nos anos 60 e que foi para o mediático presidente egípcio o que o Vietname foi para os Estados Unidos.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Durante a Primavera Árabe, vimos a população Iemenita a reagir de forma semelhante a tantos outras por toda a região. Nas ruas exigiram democracia e liberdade e um futuro sem ditadores sanguinários. Mas como em muitos outros países, da Primavera saltou-se rapidamente para o Outono e, antes que alguém se apercebesse estávamos no pico do Inverno.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Até há pouco tempo, quem imaginaria os Houthis a tomarem a capital Sanaa? A verdade é que ninguém, mesmo estando estes associados ao Irão e já tendo iniciado várias revoluções na última década. Sabíamos que a AQAP (Al Qaeda da Península Arábica) esteve sempre activa em várias partes do Iémen, onde colocava pressão numa desconfortável Arábia Saudita e nos Estados Unidos que controlavam a zona com bombardeamentos de drones. Também era conhecido que a queda do ditador Ali Abdullah</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Saleh tinha destruído o fraco equilíbrio do país. Mesmo assim, é sabido que os Houthis não têm capacidade (nem representação na população) para conseguir manter o país inteiro debaixo do seu braço por isso teria que existir algum tipo de acordo de partilha de poder, mas os acontecimentos do último fim de semana poderão ter alterado tudo.</span><br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVfe8kCCmFqsEUO0J07gcuaDpczjmR3dcGPN8dQpIz2Pdyx9o1ceCC18xkGjWLkq0TSF5DAPKL43yWKHC4pFiiPzbMUXGJpIB6KKP-BMqi3dbzTImTWAkMOmAJxIz7FhtPgKjYavXzPtI/s1600/6225b97f-4061-4972-943c-bd67e5228c95-620x372.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVfe8kCCmFqsEUO0J07gcuaDpczjmR3dcGPN8dQpIz2Pdyx9o1ceCC18xkGjWLkq0TSF5DAPKL43yWKHC4pFiiPzbMUXGJpIB6KKP-BMqi3dbzTImTWAkMOmAJxIz7FhtPgKjYavXzPtI/s1600/6225b97f-4061-4972-943c-bd67e5228c95-620x372.jpeg" height="192" width="320" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No dia 20 de Março, ataques bombistas em duas mesquitas Shiitas (ou seja, ligadas aos Houthi) mataram 142 pessoas e feriram mais 351. O terrível ataque, que inicialmente se pensou ser um acto da AQAP foi assumido pelo Estado Islâmico (ISIS/ISIL), uma surpresa já que até então o EI não tinha mostrado os seus tentáculos nesta região. O <i>modus operandi</i> apontaria para AQAP, mas a própria Al Qaeda se distanciou do ataque.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A entrada deste novo actor e a ascenção do governo alternativo do Presidente Hadi na cidade portuária de Aden (que chegou a estar preso pelos Houthis na capital Sanaa, mas de onde conseguiu fugir entretanto), levaram a um novo avanço dos Houthi em direcção a Aden.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um par de notícias chamou-me particularmente à atenção nos dias que se seguiram. Primeiro de que o chefe de estado Abedrabbo Mansour Hadi estaria novamente em fuga e já não se encontraria em Aden. Dadas as circunstâncias, uma decisão compreensivel já que provavelmente não conseguiria escapar-se novamente caso caisse nas mãos dos novos senhores do Iémen. A segunda, que me pareceu bastante mais inesperada foi a de que Aden estava a ser bombardeada pelos Houthis. Especificamente, o BBC World Service referia-se a jactos lançando bombas na zona do palácio onde o governo alternativo teria sede. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas quantas vezes vimos uma força rebelde com uma força aérea? Mesmo o Estado Islâmico, que conseguiu conquistar inúmeros aeródromos e aeroportos militares, capturou aviões e jactos mas nunca conseguiu fazer operações aéreas. Afinal de contas, é preciso muito mais do que aviões. São necessários pilotos, técnicos, controladores aéroes e engenheiros assim como fuel, óleos e todo o tipo de partes específicas para as aeronaves. Claramente, não é a mesma coisa que capturar uns Humvees ou umas AK-47. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A resposta acabou por aparecer em outros serviços noticiosos, onde era dito que forças leais ao antigo ditador Saleh estariam a lutar ao lado dos Houthi. Não é fácil sabermos quem exactamente estará incluido mas podemos estar a falar de muito mais do que um pequeno contingente da força aérea.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por fim, a Arábia Saudita, com o apoio de outros 9 países árabes que incluem algumas potências regionais (como os Emirados, Qatar, Egipto e Paquistão) iniciaram o que chamam de bombardeamentos cirúrgicos (onde é que eu já ouvi isto?) dentro do Iémen, numa coligação apoiada politicamente pelos Estados Unidos e onde a hipótese de uma invasão terrestre está claramente na mesa. A liderança saudita já informou que estaria pronta para incluir uma força de 150.000 militares e mais de 100 aviões de combate na operação.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A operação é resultado de um pedido explícito de ajuda do Presidente eleito Hadi, em Aden, o que lhe dá alguma validade moral, mas o facto é que quando o país for destruído até voltar à idade da pedra já ninguém se lembrará disso. Ou não foi a invasão soviética do Afeganistão também o resultado de um pedido de ajuda?</span></div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-1968462842045656102015-03-23T10:18:00.002-07:002015-03-23T10:18:38.656-07:00O povo é soberano: Apartheid será<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBB8vO5uELHboiokZ1xliS_fSR9czgUhb-9HPGObFqu9vcBjLjKrb8pJlCyxaVjrORMsM9pccZTLmt6qozzdyjmGkjww8UUGYk9Yu-qt84im5IoTqQCV3TEdnfVnKie-sihaO8EjEYJl8/s1600/benjamin-netanyahu_650x400_81426686189.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBB8vO5uELHboiokZ1xliS_fSR9czgUhb-9HPGObFqu9vcBjLjKrb8pJlCyxaVjrORMsM9pccZTLmt6qozzdyjmGkjww8UUGYk9Yu-qt84im5IoTqQCV3TEdnfVnKie-sihaO8EjEYJl8/s1600/benjamin-netanyahu_650x400_81426686189.jpg" height="196" width="320" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Este mês, os israelitas foram às urnas. Quando o mundo achava que tinha chegado o fim do reinado de Benjamin Netanyahu, a vitória clara e inesperada deu uma mensagem cristalina ao mundo: Israel escolheu o Apartheid. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E não devemos ter dúvidas em relação a isso. Nos últimos dias de campanha, quando tudo apontava para um empate técnico, Netanyahu abriu o jogo e lançou as suas cartas mais poderosas: (1) colocaria em causa a relação com a presidência americana se fosse necessário para conseguir que não existisse qualquer tratado de paz com o Irão; (2) procurou assustar a população judaica dizendo que os árabes estavam a chegar em autocarros para votar em massa, o que demonstra um absoluto racismo em relação aos israelitas não judeus e, finalmente, (3) que se ganhasse garantiria que não permitiria a existência de um estado palestiniano ou o desmantelamento dos colonatos judaicos na Cisjordânia.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Com muita razão, alguns críticos disseram que este apelo ao voto era o equivalente a Mitt Romney ter dito às televisões para os brancos irem votar porque os pretos estavam a votar aos milhões. Não seria isto racismo? Obviamente que sim. Mas aparentemente está em voga em Israel.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ao garantir que não existirá qualquer estado Palestiniano, ele está a negar o que se tinha comprometido com os Estados Unidos e a comprovar o que muitos - incluindo eu próprio - não tinham dúvidas. De que ele nunca esteve comprometido com uma solução de dois estados (ou sequer de um estado multi-nacional). Bibi parece ter como desejo último uma limpeza étnica de milhões de muçulmanos e cristãos para lá do rio Jordão, um pesadelo que nos cabe a todos impedir.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sem uma solução de dois estados, sem o fim da ocupação e com um mandato claro por parte dos israelitas, a decisão está tomada. Israel mostra ao mundo aquilo que quem conhece o terreno já sabia ser verdade há muito tempo: Apartheid.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Uma tristeza para os milhões de israelitas e palestinianos que realmente desejam paz, segurança e progresso e vêm o seu futuro constantemente adiado pelos (aparentemente cada vez mais) fanáticos dos dois lados da muralha...</span></div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-19540781609531581452015-03-04T07:26:00.003-08:002015-03-04T07:29:41.901-08:00Os cães amestrados de Netanyahu<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgraG-aqrRd1wkqv8-gL57Z3W8ZdaRczFRBfnyeSXZeXaFYc45g8JaPhxHFNPkAq4z1OeIRB9pI6fty59H2m3qczxjLJgvvqkOpxnVW5x7bjs943Hxi4VqbQgBUjYZFmRYjmTiI6yKZ5bs/s1600/bibi2015.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgraG-aqrRd1wkqv8-gL57Z3W8ZdaRczFRBfnyeSXZeXaFYc45g8JaPhxHFNPkAq4z1OeIRB9pI6fty59H2m3qczxjLJgvvqkOpxnVW5x7bjs943Hxi4VqbQgBUjYZFmRYjmTiI6yKZ5bs/s1600/bibi2015.jpg" height="265" width="400" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Depois de muitos artigos a criticar as posições de Benjamin Netanyahu, chegou o dia em que tenha o felicitar. A ocasião foi a sua estrondosa actuação no palco da democracia norte-americana na tarde de ontem. Se na sua visita de 2011, as 28 ovações de pé dos congressistas e senadores ao seu discurso de 47 minutos já me deixaram de boca aberta<a href="http://www.bbc.com/news/world-middle-east-31690235" target="_blank"><span style="font-size: xx-small;">[1]</span></a>, imaginem a minha reacção quando ontem vi o seu recorde de 1 ovação a cada 100 segundos descer para uns inimagináveis 90 segundos<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.telegraph.co.uk/news/newsvideo/us-politics-video/11448188/Benjamin-Netanyahus-speech-to-Congress-interrupted-by-standing-ovations.html" target="_blank">[2]</a></span>, algo que </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">provavelmente</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">nenhum líder estrangeiro alguma vez terá conseguido. Uma imagem realmente digna de ser vista, com a nata dos políticos americanos a comportarem-se ao mais alto nível de uma competição canina ou do partido comunista da Coreia do Norte. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Que pena ele não aproveitar todo esse capital político para fazer alguma coisa útil pelo seu país e pelo mundo em vez de tentar sabotar tratados de paz...</span></div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-87371115977435672962015-02-24T10:41:00.001-08:002015-02-24T10:59:11.845-08:00Petróleo, Medo e Armas<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsmPJWy_nml_JWzGKGHAc_lgyHM8mVJBlSgDQZFroE-tHOsOkEm1B48L4e3LF8X7bdmMfmBRMRUMA_hd9K5R-zHlq2zIhbd2z7uIeFn1u9kSVqMBV4nCRKpt6P0g2r0PD0nFxG8bLpHnk/s1600/IDEX2015b.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsmPJWy_nml_JWzGKGHAc_lgyHM8mVJBlSgDQZFroE-tHOsOkEm1B48L4e3LF8X7bdmMfmBRMRUMA_hd9K5R-zHlq2zIhbd2z7uIeFn1u9kSVqMBV4nCRKpt6P0g2r0PD0nFxG8bLpHnk/s1600/IDEX2015b.jpg" height="240" width="320" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Explorar o interior de uma feira internacional de armamento é uma experiência que desperta alguma curiosidade para um civil, como é o meu caso. Quando imagino guerras o que me ocorre é morte e destruição; o desaparecimento de regimes, sociedades e economias que - seguindo a lei universal - são transformados em algo de diferente, tipicamente ódio e ressentimento ou, raríssimas vezes, um ambiente melhor do que o que o precedeu. Claro que nada disto é mostrado numa feira deste tipo, onde as palavras de ordem são sempre a segurança, a manobrabilidade, capacidade de carga e outras características que um qualquer arquitecto com gola alta procuraria no seu novo Volvo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O lado tecnológico da guerra é fascinante, embora sempre ligeiramente </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">desfazado da realidade no terreno, como disse James A. Field na sua famosa frase "é proverbial que os generais sempre se preparam para a guerra anterior". Mas não será certamente mero conservadorismo. Os investimentos bélicos são enormes, demoram anos a serem transformados em armas utilizáveis e ainda mais a tornarem-se lucrativos. Nesta feira de Abu Dhabi (IDEX 2015), notava-se a enorme preponderância de <i>drones</i>, fossem eles de ar, terra ou mar. Sem dúvida o resultado de uma década e meia de guerra assimétrica no Iraque, Afeganistão e agora também da Síria. Também notei as enormes opções para APC (<i>armored personnel carriers</i>), certamente ligado ao grande número de baixas sofridas pelos países ocidentais nos Humvees e outros veículos leves semelhantes. Os grandes tanques - como o americano M1 Abrams - gastam tanto combustível que é inevitável que atrás desta fortaleza móvel e inexpugnável tenham que vir uma fila de apavorados camiões com gasolina e munições E é aí que estão um grande número de vítimas americanas no Iraque entre 2003 e 2011 - devidamente mascaradas nas estatísticas já que são considerados <i>contractors </i>e não militares<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.propublica.org/article/this-year-contractor-deaths-exceed-military-ones-in-iraq-and-afgh-100923" target="_blank">[1]</a></span>.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuht3kQJlF3nlmbbdLuExqiFgZOhb2pXoxnf5vlGg6BQaG21liUgpBLy0gchcfcZy4YS-8w2HV4l3EWkmI-CNjJiWggVwY-dqoIfnZGy-Ky4CERdvezyZCaRz0H9XSzslfI135aTQRa90/s1600/IDEX2015d.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuht3kQJlF3nlmbbdLuExqiFgZOhb2pXoxnf5vlGg6BQaG21liUgpBLy0gchcfcZy4YS-8w2HV4l3EWkmI-CNjJiWggVwY-dqoIfnZGy-Ky4CERdvezyZCaRz0H9XSzslfI135aTQRa90/s1600/IDEX2015d.JPG" height="239" width="320" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Até há pouco tempo acreditávamos que os países ocidentais tinham uma hiper-sensibilidade às suas baixas, coisa que regimes menos democráticos não sofriam porque controlam mais a opinião pública e em especial a opinião publicada. Mas os tempos mudaram e mesmo países sem direito de voto não conseguem evitar totalmente os blogues, redes sociais e as centenas de televisões internacionais por cabo. Como seria de esperar, também os adversários usam cada vez mais as tecnologias ao seu dispor espalhando a sua mensagem de forma progressivamente mais eficiente. Os recentes casos do piloto jordano, Muadh Al Kasasbeh</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">; do massacre dos soldados Shiitas do exército Iraquiano capturados pelo ISIS ou dos Cristãos Egípcios (Coptas) na Líbia mostram uma face terrível do Estado Islâmico, mas também a recém-descoberta sensibilidade às baixas por parte dos governos árabes. Não é de estranhar por isso que hoje estejam todos aqui em Abu Dhabi de carteira aberta a comprar aviões telecomandados, entre outros.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas este <i>shopping spree</i> começou bastante antes do aparecimento do Estado Islâmico. A constante ameaça (real ou imaginária) entre os três blocos do Médio Oriente (Árabes, Persas e Judeus) e o medo de levantamentos populares como a Primavera Árabe fez com que uma parte considerável das receitas do petróleo seja rapidamente gasta em armamento militar, como pode ser visto pelo orçamento militar da Arábia Saudita<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_military_expenditures" target="_blank">[2]</a></span>, que ultrapassou em 2014 países como o Reino Unido, a França ou a Alemanha e tem hoje o maior orçamento mundial em percentagem do PIB. Para um país que não entrou numa guerra a sério desde a sua formação em 1932, parece complicado de explicar. E não é um fenómeno novo, podemos encontrá-lo no Egipto de Nasser, no Iraque de Saddam, no Irão de Reza Pahlavi, etc. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifZdYecRRzCcUxjdqs-JG3GdImFF9ITF-xMVHeKg0QAUiyjDDrswuQhzBpXSF5edxbmrQnrR4y6gkrCO5lCsARsKCiWPzausjY6ljrqHPwjFzEsjonV7JURPfRz0th7jd2SjFCwO-iLKw/s1600/IDEX2015c.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifZdYecRRzCcUxjdqs-JG3GdImFF9ITF-xMVHeKg0QAUiyjDDrswuQhzBpXSF5edxbmrQnrR4y6gkrCO5lCsARsKCiWPzausjY6ljrqHPwjFzEsjonV7JURPfRz0th7jd2SjFCwO-iLKw/s1600/IDEX2015c.jpg" height="239" width="320" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A verdade é que este constante clima de medo e desconfiança (entre Árabes, Persas e Judeus; entre Sunitas e Shiitas; entre seculares e religiosos) é extremamente lucrativo para muita gente. Em especial para os grandes exportadores de armas dos EUA, Europa e Rússia. E é esse o verdadeiro motivo para tantos estarem contra qualquer normalização das relações entre o Irão e o Ocidente. Só isso explica porque no meio das negociações o Congresso Americano - empurrado simultaneamente pelos lóbis de Israel, da Arábia Saudita e do complexo Industrial-Militar - tentou passar novas sanções sobre o Irão. Felizmente Obama esteve (para variar?) à altura e ameaçou clara e publicamente com o veto de tais sanções. Nas suas palavras na CNN, entrevistado por Fareed Zacharia, enquanto o Irão cumprisse o seu lado do acordo não permitiria que ninguém sabotasse as negociações. A paz pode ser do agrado de milhões e milhões de civis, mas não é conveniente a toda a gente.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Esperemos que daqui a uns anos estas feiras de armamento não tenham tanto interesse... </span><br />
<br /></div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-27571746073052564702015-02-16T07:37:00.001-08:002015-02-16T08:45:21.854-08:00Podemos ter paz na Terra Santa<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgX1ioG9GO61hRHS0wID8zukUmLXtwzQlzL_887wA9qdweER6-y2HPisI6se4tWSrJvo0igJKbKNFGIZlZJnMXNEomEMPLAWim9BFt_gaqf99fI-oUJG01OK-D5AxBFN3F1522Y2-ZL8XE/s1600/we+can+have+peace+in+the+holy+land.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgX1ioG9GO61hRHS0wID8zukUmLXtwzQlzL_887wA9qdweER6-y2HPisI6se4tWSrJvo0igJKbKNFGIZlZJnMXNEomEMPLAWim9BFt_gaqf99fI-oUJG01OK-D5AxBFN3F1522Y2-ZL8XE/s1600/we+can+have+peace+in+the+holy+land.jpg" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O primeiro livro que li especificamente sobre a questão Israelo-Palestiniana terá sido provavelmente o "Palestina: Paz não Apartheid" de Jimmy Carter. Desde então tenho seguido com grande interesse os movimentos deste antigo Presidente dos Estados Unidos pelo Médio Oriente nas suas incansáveis viagens pela região, procurando o entendimento entre os seus muitos e muito complexos actores. Se Carter poderá não ser um dos presidentes que maior marca deixou na história americana, o seu trabalho posterior enquanto activista dos direitos humanos reservou-lhe um lugar brilhante na história.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Também não pude deixar de notar nos anos que passei em Ramallah a regularidade com que Carter visitava o país. As suas viagens eram seguidas com enorme interesse quer pela população quer pelos <i>media</i> locais mas, ao contrário de outros dignatários internacionais, não causava demaisado aparato. A vinda de George Bush, por exemplo, levou à declaração de feriado municipal para que as ruas pudessem estar totalmente vazias à passagem da comitiva. Também não tinha pressa em ir-se embora. Lembro-me bem de uma comitiva de deputados portugueses que visitou Ramallah em Junho onde metade destes recusaram-se a entrar na zona controlada pela Autoridade Palestiniana, tendo por isso ficado em Jerusalém. Também não perderam grande coisa porque nessa noite vimos Portugal a ser derrotado pela Espanha e atirado para fora da copa. De qualquer forma, imediatamente a seguir ao jogo seguiram o seu caminho para o outro lado da muralha. Jimmy Carter por seu lado ficava sempre vários dias, corria de reunião em reunião falando com tudo e todos. Não só as pessoas que trabalham no Carter Center em Ramallah, mas também elementos do governo, oposição, grupos civis, etc. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">"Podemos ter paz na Terra Santa, Um plano que vai funcionar" de Jimmy Carter mostra-nos essa faceta incansável do velho estadista. Será provavelmente tambem uma das poucas figuras mundiais que compreende a importância - e actua nesse sentido - de incluir grupos como o Hamas e o Hizbullah no processo de paz. Esses grupos representam demasiadas pessoas e demasiado poder no terreno para poderem ser ignorados e a sua agenda é muito mais prática do que outros grupos terroristas. Se foi possivel que a violência do IRA, na Irlanda do Norte, terminasse, porque motivo devemos desistir de tentar que outros grupos em tudo semelhantes entrem também no processo político regular e democrático?</span><br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEil5esR_aSKns8_GazxK-nZMHr-6QIiN7PCu1d0MtPJNCFiwxJAuisPG0PyrWZWygyTmcM-NivUmK2xwLAuRlgO2R4U9K-uMwSEvK71C_TWzIOpT_Dcyb43mh6jLkA6A0v1JLVzMlCwS3g/s1600/JimmyCarter.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEil5esR_aSKns8_GazxK-nZMHr-6QIiN7PCu1d0MtPJNCFiwxJAuisPG0PyrWZWygyTmcM-NivUmK2xwLAuRlgO2R4U9K-uMwSEvK71C_TWzIOpT_Dcyb43mh6jLkA6A0v1JLVzMlCwS3g/s1600/JimmyCarter.jpg" height="160" width="320" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Carter mostra-nos quais são as limitações de ambos os lados, quais os pontos comuns e que passos podem e devem ser seguidos até termos uma solução de dois estados. Alerta também para o risco de esta solução deixar de ser exequível, se a situação continuar a piorar, nomeadamente no que toca aos colonatos judaicos na Cisjordânia.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em primeiro lugar, a necessidade de um governo único na Palestina tecnocrático que seja apoiado quer pelo Hamas quer pela Fatah até às eleições. Já foram feitas várias tentativas e, embora difícil, deverá ser um objectivo possível. Que o Hamas aceite todos os compromissos internacionais, tais como os acordos de Oslo e a resolução 242 das Nações Unidas, incluindo a existência de Israel. Até este momento o Hamas já aceitou que o Presidente Abbas tem autoridade para negociar com Israel e aceita qualquer acordo desde que este seja referendado junto dos palestinianos. Que a ocupação da Cisjordânia seja terminada com trocas de terras mutuamente acordadas em zonas de maior concentração de colonatos. Que exista aceitação mútua e normalização das relações de todos os países árabes com Israel, no seguimento da proposta Saudita de 2002 (que foi também aprovada pela Liga Árabe). Que a Palestina seja criada como um estado desmilitarizado, com forças da ONU aceites por Israel e Palestina a controlar as suas fronteiras.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Embora com enormes desafios, a solução proposta por Carter faz sentido e é um dos poucos caminhos ainda abertos para uma resolução pacífica do problema. Mas, como o próprio diz, o tempo pode estar-se a esgotar e os <i>facts on the ground</i> tornarem-se simplesmente demasiado complexos para se conseguir desenhar dois estados lado a lado. Nessa altura, só existirão duas hipóteses, ambas terríveis: <i>status quo</i> ou <i>apartheid</i>.</span></div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-3136508494989060082015-02-10T08:55:00.004-08:002015-02-11T05:55:27.801-08:00Terroristas e Filhos da P...<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiQft6enCe97nCbHBtVF_MoXm3UX39HIsdpqWw-8mw-NWwjO7NDkFwZxDICwtaj_BGnKD_ADmczDY6bJY5FQgGZTUrYv2OQvVU03x-ujYo_vfg397-lXnzSrC1BvCHff70gmi5aW4HSvc/s1600/Counter_terrorism_dictionary_620x240px.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiQft6enCe97nCbHBtVF_MoXm3UX39HIsdpqWw-8mw-NWwjO7NDkFwZxDICwtaj_BGnKD_ADmczDY6bJY5FQgGZTUrYv2OQvVU03x-ujYo_vfg397-lXnzSrC1BvCHff70gmi5aW4HSvc/s1600/Counter_terrorism_dictionary_620x240px.jpg" height="123" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Já imaginaram se um país fizesse uma lei a criminalizar os filhos da p..., cabrões e morcões? À primeira vista talvez até pudesse apelar a um certo sentido de justiça. Afinal de contas todos sofremos à conta desses que constantemente nos ultrapassam no trânsito pela faixa de segurança, que usam o nosso dinheiro de forma indevida, que nos roubam nos trocos, que vivem de explorar o trabalho dos outros, etc. No entanto, é claro que tentar legislar o que as pessoas "são" não funciona dada a sua subjectividade, apenas o que "fazem". A legislação foca-se por isso, na sua generalidade, nos comportamentos das pessoas.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Com o enorme número de leis, decretos, procedimentos e regras em todo o mundo dedicados ao terrorismo, seria de esperar que o conceito de terrorismo (ou de "acções terroristas", ou de "terrorista") fosse claramente definido. Mas a verdade é que não é. Nem especialistas da matéria (como os centros de investigação de Leiden, The Hague, ou do programa START da Maryland University), nem os <i>media</i>, nem os governos, nem o público têm uma definição clara e aceite. De alguma forma, toda essa documentação tem pés de barro, porque constrói sobre uma definição inexistente ou altamente imprecisa. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No entanto o termo terrorismo é utilizado de forma absoluta e acrítica por tudo e todos, inclusivé por muitos que são considerados por outros de terroristas. O Hamas é uma organização terrorista, quando visto de Israel. Israel é acusado de ser um estado terrorista pelo Hamas. Menachem Begin, líder do grupo terrorista judaico Irgun e mandante do atentado à bomba ao Hotel King David, foi mais tarde Primeiro-Ministro de Israel e recebeu o prémio Nobel da Paz, pelo processo de paz com o Egipto. Yaser Arafat, o super-terrorista cuja Organização para a Libertação da Palestina (OLP) cometeu centenas de ataques terroristas de todos os tipos, incluindo pirataria aérea, atentados bombistas, bombistas suicidas e raptos, acabou por se tornar Presidente eleito da Autoridade Palestiniana e receber também o seu próprio Nobel da Paz. E como estes poderia falar de outros "terroristas", como Nelson Mandela, Xanana Gusmão e outros. A verdade é que não sabemos o que é um terrorista. Não é simplesmente um criminoso, porque existe uma específica componente política no crime. Também não é um revolucionário, porque existe um lado de propagandista de terror que vai para lá do comum revolucionário político.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghRM_k1qJrjZ-Mfva3ujAg2MYPbptuvVmVXbW6FKa_X0zq-PtS6T83Wmgwo7JVx9-ppc5Smdq-zsBAfWHz3GiUtVHvhYxsxt9_Quoic4UJ7cb7m_EU9vPaDEt4niwYHea1eyEefyBYgT0/s1600/twintowers.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghRM_k1qJrjZ-Mfva3ujAg2MYPbptuvVmVXbW6FKa_X0zq-PtS6T83Wmgwo7JVx9-ppc5Smdq-zsBAfWHz3GiUtVHvhYxsxt9_Quoic4UJ7cb7m_EU9vPaDEt4niwYHea1eyEefyBYgT0/s1600/twintowers.jpg" height="258" width="320" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Muitos investigadores defendem que o terrorismo é sempre originário numa entidade não-estatal, mas temo que isso seja mais resultado da dependência financeira dos centros de investigação aos subsídios estatais do que a uma posição neutra e sincera sobre o tema. É que não nos devemos esquecer que o principal cliente dos estudos sobre o terrorismo são os próprios estados e organizações supra-estatais, tais como a INTERPOL, a União Europeia, etc. Existe também uma certa ironia nesta posição, dada a origem da palavra ser precisamente o de uma política de estado, França no caso, durante o Reino do Terror, de 1793 a 1794. Em sua defesa, a ideia é que os mesmos actos, se cometidos por estados, são simplesmente crimes contra a humanidade. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um outro factor que devemos ter em conta, relaciona-se com as vítimas do atentado. Um ataque a uma coluna militar deve ser considerado um ataque terrorista? Não será isso um ataque de guerrilha, ou guerra assimétrica? E se este ataque for feito com um bombista suicida, como o de 1983, em Beirut, que vitimou 241 militares americanos?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E como devemos olhar para a História? Será que existe alguma diferença entre Viriato, George Washington, <i>la Résistance française</i> ou Bin Laden? E seria a luta </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">contra a invasão soviética </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">pelos </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mujahedeen </i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">(do qual Bin Laden fazia parte) e apoiada pelo Ocidente, um acto de terrorismo ou só de resistência? E quando o mesmo o fez contra a invasão dos EUA e seus aliados em 2001?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A situação actual é tão confusa que na "moderada" Arábia Saudita, o ateísmo passou a ser definido como um acto de terrorismo! Por outro lado, quando um grupo é considerado como terrorista, toda a sua estrutura passa a ser tido como tal. Por esse motivo, oferecer uma ambulância a Gaza é hoje um acto de financiamento de uma organização terrorista, correndo-se riscos legais gravíssimos caso as força policiais o entendam. E, claro, uma organização colocada na lista de terrorismo não tem sequer acesso às suas contas bancárias, o que a impede de colocar o estado em tribunal para tentar limpar o seu nome.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sem uma definição clara, </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">toda a legislação associada</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> ao terrorismo está propensa a ser abusada e deturpada conforme as necessidades do momento. E, finalizando,</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> para não ser acusado de só ver o problema, aqui fica a minha definição:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Terrorismo: Acto ou ameaça de violência ilegal, pública e propagandeada sobre civis com objectivos políticos.</i></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E sim... nesta definição, D.Afonso Henriques, George Washington e muitos, muitos outros eram ou foram terroristas. E não ilibo estados.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-71325427254873719962015-02-04T09:55:00.002-08:002015-02-04T10:43:02.079-08:00O Lóbi Árabe<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhniG148sI3576gSgeaFXRL3kWcIiamU7a_ZQFWTwXoV_jf18bv6bqIKWkvuxj1gECNK6xKLc1dy0rRkcAxdW52DaD7EXpI5L1lVuJ1mbVo4TEMHxmDiG8oZhR6dtzyZtcW8DlczRA8LQA/s1600/arablobby.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhniG148sI3576gSgeaFXRL3kWcIiamU7a_ZQFWTwXoV_jf18bv6bqIKWkvuxj1gECNK6xKLc1dy0rRkcAxdW52DaD7EXpI5L1lVuJ1mbVo4TEMHxmDiG8oZhR6dtzyZtcW8DlczRA8LQA/s1600/arablobby.jpg" height="320" width="211" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Para quem acompanha as compras anuais de armamento por parte da Arábia </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Saudita e seus mais próximos aliados ou a produção diária de petróleo da região, não é difícil imaginar o poder político que estas compras e vendas de milhares de milhões de dólares necessariamente irão provocar. Nos Estados Unidos da América, os lóbis são entidades legais, aceites pelos cidadãos e que utilizam o seu poder financeiro e influência nos media para conseguirem junto do poder político os mais rentáveis negócios e vantajosa legislação para os seus associados. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por todos estes motivos, este livro escrito por Mitchell Bard despertou imediatamente o meu interesse. No entanto, rapidamente esse interesse acabou por se transformar numa enorme desilusão. Era inevitável que uma outra referência fosse feita a <a href="http://oreivaivestido.blogspot.ae/2012/07/o-lobi-de-israel.html" target="_blank">"O Lóbi de Israel"</a>, da autoria de Mearsheimer e Walt, mas não contava que o livro se resumisse a pouco mais do que uma incapaz resposta a esse livro. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">"O Lóbi Árabe, A aliança invisivel que mina os interesses da América no Médio Oriente" tem vários defeitos graves e que, na minha opinião, arruinaram o livro. Primeiro, Bard parece encontrar em praticamente todos os intervenientes do Médio Oriente um membro do lóbi Árabe. Sejam os missionários cristãos, os professores das universidades americanas de Beirute ou Cairo, as ONGs, os trabalhadores das petrolíferas, os diplomatas americanos, os Judeus não-sionistas, e até todos os países do terceiro mundo, os países da europa e a própria ONU. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O autor parece ter dificuldade em compreender porque é que tantas e tão diferentes </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">pessoas </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- a que ele e outros chamam de <i>Arabistas</i> - pareciam estar de acordo sobre os riscos da criação de Israel e, mais tarde, na posição pouco imparcial dos Estados Unidos em relação a este país. Um a um, ridiculariza cada um dos perigos levantados pelos <i>Arabistas</i>: os direitos das populações originais da Palestina; o risco de perder o acesso ao petróleo; retaliação económica por parte dos povos Árabes; delegitimização da posição Americana; ascensão do fundamentalismo islâmico; empurrar países para a esfera Soviética; guerras e instabilidade política. Todos estes riscos acabaram por se confirmar (embora em diferentes graus e momentos), mas não é assim que Bard vê a história. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Na esmagadora maioria dos casos, o autor vai individualmente acusar cada uma destas pessoas de serem anti-semitas, <i>jew haters</i>, negadores do Holocausto ou apoiantes de terrorismo. Algo estranho até percebermos que a sua noção de anti-semitismo inclui toda e qualquer crítica ao governo de Israel ou ao Lóbi de Israel. Nas suas palavras: "</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[John Foster] </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Dules [Secretário de Estado de Eisenhower] fez também uma série de afirmações que podem ser consideradas como anti-Semitas. Por exemplo, em Fevereiro de 1957, queixou-se do enorme controlo que os Judeus têm sobre os <i>media</i> (...) e que a embaixada de Israel controlava o Congresso". Bard não parece compreender a diferença entre a crítica ao poder do seu lóbi e o ódio a um povo. Eu certamente não consideraria o estudo do poder do lóbi Árabe como um acto de islamofobia <i>per se</i>, mas seria interessante obter a sua opinião sobre o assunto. </span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5OVZwTn3z28SQSBKs5LSyWlxs07Whr3r-gC-9GtBexoHPNali9iWCXR1Ke81V5C9qt_WQ7_QT2e018o96NSxPIorFVH6_xh1bs3uiTlSRyRJtVq8rneoa5gcanOrD8dIJ4HdPf57YxgQ/s1600/carterbeginsadat.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5OVZwTn3z28SQSBKs5LSyWlxs07Whr3r-gC-9GtBexoHPNali9iWCXR1Ke81V5C9qt_WQ7_QT2e018o96NSxPIorFVH6_xh1bs3uiTlSRyRJtVq8rneoa5gcanOrD8dIJ4HdPf57YxgQ/s1600/carterbeginsadat.jpg" height="192" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sadat, Carter e Begin</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Para personagens como Jimmy Carter, antigo presidente americano que conseguiu o processo de paz entre o Egipto e Israel, Mitchell Bard reserva um capítulo inteiro, afirmando que "(...) o anti-Sionismo de Carter estava implícito na sua seita fundamentalista e levou a ler a Bíblia de forma particular de forma a garantir direitos iguais para Judeus e Palestinianos". Acusações profundamente injustas para uma das pessoas que mais fez pela paz no Médio Oriente durante as últimas três décadas e que, não obstante a sua avançada idade, continua a percorrer as capitais todas da região para conseguir o que é aparentemente impossível. A paz no Egipto é fruto do seu trabalho e os prémios Nobel da Paz que Anwar Sadat e Menachem Begin receberam em 1978 bem poderiam ter sido partilhados com Carter, que de qualquer forma acabou por o receber em 2002<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/peace/laureates/" target="_blank">[1]</a></span>.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um segundo problema grave deste livro é a tentativa, francamente mal conseguida, de mostrar o lóbi Árabe como algo agregador e representativo da totalidade do mundo Árabe, misturando-o com a causa palestiniana, bem mais alargada em termos de opinião pública e menos financiada do que a primeira. No mínimo estamos a falar de dois lóbis diferentes. Em qualquer caso, esta ideia de um lóbi todo-poderoso não tem bases sólidas. A realidade é bastante diferente. O título está simplesmente errado e dever-se-ia chamar: o lóbi Saudita. É que durante o livro todo não ouvimos uma palavra sobre Marrocos, Argélia, Líbia, Jordânia, Iraque e tantos outros países... Árabes! E quando ouvimos é para descobrir que o "Lóbi Árabe" estava em guerra contra o Egipto de Nasser, contra o Iraque de Saddam ou a Síria de Assad. Talvez para ter um título mais interessante ou para conseguir defender essa fantasia de uma relação muito próxima entre a resistência palestiniana e o dinheiro do petróleo, Mitchell procura que o governo de 27 milhões de Sauditas seja representativo dos mais de 350 milhões de Árabes.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por outro lado - e embora o autor não queira nem chegar perto destas questões - o Lóbi Saudita esteve ao lado do Lóbi de Israel em muitas destas matérias. Nas guerras contra Nasser (directas no caso de Israel, indirectas - via Yemen - no caso da Arábia Saudita), na confronto com o Irão pós-Revolução Islâmica, nas guerras contra o Iraque de Saddam Hussein e, acima de tudo, na espectacular artimanha que fez com que os <i>mujahedeen</i> repelissem o invasor Soviético. Algo que só foi possível com uma profana aliança de Israel, Arábia Saudita, Paquistão, Estados Unidos e os fundamentalistas islâmicos afegãos (mais tarde chamados de Taliban) e voluntários estrangeiros árabes (</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>mujahedeens</i>,</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">no qual o jovem milionário Osama Bin Laden<a href="http://oreivaivestido.blogspot.ae/search/label/Osama%20Bin%20Laden" target="_blank"><span style="font-size: xx-small;">[2]</span></a> começava a dar cartas enquanto líder e organizador de grupos de guerrilha e rotas para os combatentes árabes</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">)</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">. Claro que na altura não ocorreria a nenhum Ocidental, Árabe ou Israelita chamar a estes de terroristas, mas isso é outra conversa...</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Uma terceira questão que coloca relaciona-se com as fontes que Mitchell Bard utiliza. O inqualificável Steve Emerson<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://oreivaivestido.blogspot.ae/2015/01/califado-em-paris.html" target="_blank">[3]</a></span> é uma delas, que é citado pelo autor em algumas acusações sem grande fundamento e ainda menos provas. Quanto às referências mais eruditas, utiliza as ideias de Bernard Lewis<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://oreivaivestido.blogspot.ae/2014/11/o-que-correu-mal.html" target="_blank">[4]</a></span> como verdade absoluta mas demonstra completo desprezo por Edward Said<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://oreivaivestido.blogspot.ae/2014/12/orientalismo.html" target="_blank">[5]</a></span>, naquela que é a confirmação de uma visão dogmática sobre o Médio Oriente.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Concluindo, Mitchell deixa-se cair numa visão tendenciosa de quem claramente não é um académico neutro e desinteressado mas um assalariado de um lóbi que tem como objectivo arruinar outro. Mesmo sendo editor do jornal do poderoso lóbi Judeu da AIPAC</span><a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Mitchell_Bard" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;" target="_blank">[6]</a><a href="http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/mbbio.html" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;" target="_blank">[7]</a><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small;"><a href="http://oreivaivestido.blogspot.ae/search/label/AIPAC" target="_blank">[8]</a></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">, esperava muito mais. Uma pena, porque este é um assunto demasiado sério e que deveria ser estudado abertamente, de forma competente e inequivocamente isenta.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Só mesmo a influência de muitos milhões pode explicar como a Arábia Saudita é o único país do mundo onde as mulheres não podem conduzir mas que é tratado publicamente pela liderança ocidental como um país "Árabe moderado". Que </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">bloggers </i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">como Raid Badawi sejam presos e chicoteados em praça pública no que é considerado um leal aliado do Ocidente. Que pessoas de outras religiões não posso ter os seus locais de culto ou sequer rezar na sua privacidade de forma legal. Essas leis e tradições só são aceites pela influência política ganha pelas multimilionárias vendas de petróleo e compras de armas. Cá estaremos a esperar ansiosamente pelo livro que será capaz de explicar como realmente funcionam esses círculos de interesse.</span></div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-912580402944707732015-01-27T10:00:00.000-08:002015-01-27T10:16:40.549-08:00O Verdadeiro Muçulmano: Quem decide?<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Talvez o mais interessante fenómeno da relação entre o Ocidente e o mundo </span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
Islâmico está na forma como os ocidentais reduzem toda a complexidade e variedade de Muçulmanos num <i>essencialismo </i>absoluto. Os Muçulmanos são, por definição ocidental, única e exclusivamente Muçulmanos. Nesta visão extrema, nenhuma outra variável nas suas vidas, nas suas personalidades, na sua genética ou na história da sua nação tem qualquer significado.</span><br />
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbT8kVzuQ1N6Jbj17g3ntdcM0EtUmzu7QsO1q5XFFXAGMmyPwuT9gRlQGYNoappiIuvLB9YRju8c0pGI1h11AT1b7mxm5LwkQy-gKe5W5X2Cf2asG634pa2Bm_cXnBwnwzk7Tw5I-pA4g/s1600/bazar.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbT8kVzuQ1N6Jbj17g3ntdcM0EtUmzu7QsO1q5XFFXAGMmyPwuT9gRlQGYNoappiIuvLB9YRju8c0pGI1h11AT1b7mxm5LwkQy-gKe5W5X2Cf2asG634pa2Bm_cXnBwnwzk7Tw5I-pA4g/s1600/bazar.jpg" height="180" width="320" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O recente caso do ataque terrorista do Charlie Hebdo, em Paris, permitiu-nos ver a facilidade com que os mais de mil milhões de Muçulmanos foram acusados do ataque. Os criminosos, deixaram de ser franceses para serem "nascidos em França"<a href="http://rt.com/news/221063-charlie-hebdo-shooting-suspects/" target="_blank"><span style="font-size: xx-small;">[1]</span></a>. Pelo contrário, o polícia Ahmed Merabet que morreu <i>in the line of duty</i>, enquanto protegia as instalações do jornal Charlie Hebdo, tornou-se uma espécie de "mais Francês e menos Muçulmano". Altamente inconveniente para os que gostam de uma visão maniqueísta e infantil do mundo. Tão inoportuno como os muitos milhares de muçulmanos que se juntaram às manifestações de 11 de Janeiro<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.bbc.com/news/world-europe-30765824" target="_blank">[2]</a></span>. Nem mesmo a Bernard-Henri Lévy, famoso filósofo Francês e influente Judeu<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.jpost.com/Jewish-World/Jewish-Features/Worlds-50-most-influential-Jews" target="_blank">[3]</a></span>, conhecido crítico do islamismo militante que nesse dia era convidado de Christiane Amanpour na CNN. </span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Porque é tão difícil compreender que existam no Islão milhões de pessoas com diferentes prioridades, que olham para a sua religião - e para as restantes - de diversas formas? Que existem pessoas dispostas a matar e morrer por Allah como existem milhões que acordam e adormecem a pensar no futuro dos seus filhos, na felicidade da sua família ou nas contas do supermercado? Que estaremos mais perto de os compreender se os imaginarmos que rigorosamente iguais a nós do que se os considerarmos como radicalmente distintos? Porque motivo são os Ocidentais que julgam estar em posição de decidir quem é o "Verdadeiro Muçulmano", renegando a esmagadora maioria para uma classe lateral de "moderados", como se fossem menos Muçulmanos do que os outros.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Existem inúmeros criminosos que matam em nome do Islão, utilizando uma visão moderna e violenta desta religião. São um perigo para a humanidade e têm que ser controlados, capturados, des-radicalizados e, se não houver outra hipótese, mortos. Em nada diferente dos que há umas décadas atrás matavam em nome do comunismo ou do nazismo por toda a Europa. </span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsqxf3s25vFGEaMcyb7u1wdDwpbRR9RfxuEP3KuorNX2KgrYuoCVhsCFErQ68nwOQ-87sx4RIQVvxO1zDv_A1sFiISsbrTigw9pZdLb3R5qFE12r3y1f-B9M11ZlH84U7zjgyhnJ1Ei9o/s1600/Sting_21111985_06_700.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsqxf3s25vFGEaMcyb7u1wdDwpbRR9RfxuEP3KuorNX2KgrYuoCVhsCFErQ68nwOQ-87sx4RIQVvxO1zDv_A1sFiISsbrTigw9pZdLb3R5qFE12r3y1f-B9M11ZlH84U7zjgyhnJ1Ei9o/s1600/Sting_21111985_06_700.jpg" height="215" width="320" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Todos sabemos como na História, os inimigos são demonizados vezes sem conta, numa tentativa de endurecer os militares e as populações de quem eles dependem em última instância. O que é estranho é que todos saibamos disso e continuemos a cair na mesma esparrela. Vezes e vezes sem conta. </span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E relembro as palavras de Sting, no seu "Russians" de 1985, quando a Guerra Fria parecia que nunca iria acabar. Ainda tão actual...</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Russians</i></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i><span style="font-size: x-small;">In Europe and America</span></i></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span>
<br />
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i><span style="font-size: x-small;">There's a growing feeling of hysteria</span></i></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span>
<br />
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i><span style="font-size: x-small;">Conditioned to respond to all the threats</span></i></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span>
<br />
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i><span style="font-size: x-small;">In the rhetorical speeches of the Soviets</span></i></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i><span style="font-size: x-small;"><br /></span></i></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">Mister Khrushchev said, "We will bury you"</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">I don't subscribe to this point of view</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">It'd be such an ignorant thing to do</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">If the Russians love their children too</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;"><br /></span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">How can I save my little boy</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">From Oppenheimer's deadly toy?</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">There is no monopoly of common sense</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">On either side of the political fence</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;"><br /></span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">We share the same biology</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">Regardless of ideology</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">Believe me when I say to you</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">I hope the Russians love their children too</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;"><br /></span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">There is no historical precedent</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">To put the words in the mouth of the president?</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">There's no such thing as a winnable war</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">It's a lie we don't believe anymore</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;"><br /></span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">Mister Reagan says, "We will protect you"</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">I don't subscribe to this point of view</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">Believe me when I say to you</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">I hope the Russians love their children too</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;"><br /></span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">We share the same biology</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">Regardless of ideology</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">What might save us, me and you,</span></i></div>
<div>
<i><span style="font-size: x-small;">Is if the Russians love their children too</span></i></div>
<div>
<br /></div>
</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-62284182557027434142015-01-24T08:16:00.001-08:002015-01-24T08:20:05.554-08:00Califado em Paris<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdej91W_9VmcBJC92pTQUIbbVI3w7Bkbwu_lWIQHF84_nLMZaJwzbpLLEL2fbMuV8rP2goqxQot8HGddoXk3XjI9bFV2OLfvX8fbKEhdxM_cKafys6XYFwmBxqt8YA5nDJ8-JFeSafaqs/s1600/ISISeiffel.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdej91W_9VmcBJC92pTQUIbbVI3w7Bkbwu_lWIQHF84_nLMZaJwzbpLLEL2fbMuV8rP2goqxQot8HGddoXk3XjI9bFV2OLfvX8fbKEhdxM_cKafys6XYFwmBxqt8YA5nDJ8-JFeSafaqs/s1600/ISISeiffel.jpg" height="320" width="228" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Steven Emerson, auto-proclamado especialista em assuntos dos Médio Oriente e terrorismo islâmico, afirmou esta semana no canal americano Fox News que várias partes de Paris são "no-go-zones" para não-muçulmanos, que isso é comum pela Europa fora com Polícia islâmica Sharia nas ruas e que a cidade de Birmingham (Reino Unido) era 100% muçulmana e onde os não-muçulmanos estão impedidos de entrar<span style="font-size: xx-small;"><a href="http://www.steveemerson.com/15899/emerson-with-judge-pirro-no-go-islamic-zones" target="_blank">[1]</a><a href="http://www.bbc.com/news/uk-england-birmingham-30913393" target="_blank">[2]</a></span>. O genial comentário levou a uma enorme risada por toda a Europa, um processo em tribunal por parte da cidade de Paris e o inequívoco comentário do Primeiro-Ministro David Cameron de que Emerson é "claramente um completo idiota"<a href="http://www.theguardian.com/media/2015/jan/12/fox-news-expert-ridiculed-over-birmingham-is-totally-muslim-city-claims" target="_blank"><span style="font-size: xx-small;">[3]</span></a>.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas ultrapassando a profundidade de 140 caracteres, a situação é de facto bastante mais grave do que as primeiras gargalhadas nos levam a fazer crer. Steven Emerson não cometeu um lapso momentâneo, resultado das dificuldades e pressões de falar em directo para uma enorme audiência. O que ele afirmou não só é absolutamente irreal mas é algo que ele defendeu consistentemente no seu próprio site, na Fox News em múltiplas entrevistas. A Fox, tornou-se ela própria um antro onde as mais absurdas ideias podem ser defendidas para uma audiência de milhões sem qualquer contraditório e só mesmo o clamor global destas afirmações "over the top" é que levaram ao invulgar </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">pedido de desculpas da estação e do próprio. O mais perigoso de tudo isto, defendo eu, é que este acontecimento não é excepcional, nem inédito, nem inconsequente, o que se revela bastante mais perigoso.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não é excepcional nem inédito porque Emerson já tinha defendido estas ideias anteriormente, o que significa que não foi um acto irrefletido mas algo que vem defendendo, e sido defendido também por outros (como o governador do Louisiana Bobby Jindal<a href="http://www.theatlantic.com/international/archive/2015/01/paris-mayor-to-sue-fox-over-no-go-zone-comments/384656/" target="_blank"><span style="font-size: xx-small;">[4]</span></a> ou a própria entrevistadora Jeanine Pirro que o acompanha e com quem mostra absoluta concordância ou o anterior convidado a que se refere<a href="http://www.steveemerson.com/15899/emerson-with-judge-pirro-no-go-islamic-zones" target="_blank"><span style="font-size: xx-small;">[5]</span></a>) e que pela força dos <i>mass media</i> vai entrando no "conhecimento" comum, mesmo que não tenha qualquer relação com a realidade.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQu9-RMbz7RNj_5MsVP3z1sQb2A1l7wHiuhst9jsv1j1Ap1W07Xle1p_Jv0ZTS5Vn3NEYDSWFhzjLSwKYS5DCsFR2RayYvN20lq73Cm-XsnWonEOJQOuivPZvgzfWAmL0yd51pSOsWt-8/s1600/EmersonFoxNews.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQu9-RMbz7RNj_5MsVP3z1sQb2A1l7wHiuhst9jsv1j1Ap1W07Xle1p_Jv0ZTS5Vn3NEYDSWFhzjLSwKYS5DCsFR2RayYvN20lq73Cm-XsnWonEOJQOuivPZvgzfWAmL0yd51pSOsWt-8/s1600/EmersonFoxNews.jpg" height="223" width="400" /></a></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Aliás, no mesmo comentário, Steven Emerson resolve ir mais longe e afirmar que a Turquia "é um porto seguro para os líderes do Hamas que coordena ataques contra Israel". Acrescenta depois que as mulheres terroristas treinaram no Médio Oriente onde fizeram ataques terroristas misturando depois esta história com a ideia de que o Reino Unido é um lugar onde "em alguns aeroportos - acreditem ou não - elas não precisam de retirar as <i>burkas</i> para serem identificadas pelos controladores dos passaportes". Mais uma afirmação que recebe o intenso apoio de Jeanine Pirro, que confirma que também já o viu. Não faço ideia de que aeroportos eles têm utilizado, mas como frequentador regular de praticamente todos os grandes aeroportos da Europa e Médio-Oriente, nunca vi tal coisa. Mesmo em países onde o <i>hijab </i>e o <i>nikab</i> são habituais, como os Emirados Árabes Unidos, as mulheres têm que mostrar a cara no controlo de passaportes. Têm usualmente também uma espécie de cabine onde podem mostrar a uma mulher polícia em privado se o desejarem. Mas certamente não passam sem serem identificadas, isso é um absurdo e representaria um buraco gigante na segurança de qualquer país. A minha experiência certamente terá as suas limitações, mas já devo ter feito pelos menos uma centena de controlos de passaportes entre Lisboa, Paris, Heathrow (Londres), Frankfurt, Amsterdão, Bruxelas, Istambul, Dubai, Abu Dhabi, Sharja, Aman, Tel Aviv, etc. Convido os meus leitores com experiência nas regiões em causa (Europa e Médio Oriente) a revelarem se alguma vez viram algo parecido com o que Emerson descreve.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas se as alegações de um lunático para uma audiência de milhões já são perigosas, muito mais ficam quando descobrimos que não é só na televisão que as suas mal fundamentadas - senão factualmente erradas - opiniões são recebidas. Para além de uma série de livros escritos sobre os temas do terrorismo e do Islão, foi considerado pelo New York Times como "um especialista em <i>intelligence</i>" e pelo New York Post como "o maior especialista de terrorismo no jornalismo nacional"<a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Steven_Emerson" target="_blank"><span style="font-size: xx-small;">[6]</span></a>. Mas o verdadeiro arrepio na espinha acontece quando vemos que foi chamado a inúmeros comités do Congresso dos Estados Unidos, tais como vários de segurança internacional; terrorismo, tecnologia e informação governamental; imigração; judiciário e segurança nacional. Sabendo que os governantes e legisladores americanos ouviram especialistas do calibre de Steven Emerson para os ajudar a tomar decisões como a invasão do Afeganistão e do Iraque, os bombardeamentos com drones no Paquistão ou Yemen, ou como reagir à Primavera Árabe, ajuda a explicar muita coisa.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não posso esquecer um nome que soava na minha mente enquanto via os vídeos, transcrições e outros sites relacionados com este caso: Edward Said. Se estivesse vivo reconheceria neste ridículo momento de Emerson o expoente máximo do Orientalismo, essa ciência feita de autores que vivem de se confirmarem mutuamente, sem qualquer preocupação com a realidade dos factos. Said aliás, numa entrevista publicada em Agosto de 2001, falava precisamente deste dizendo que "o terrorismo tornou-se numa espécie de imagem criada no final da Guerra Fria por legisladores em Washington assim como um grupo de pessoas como Samuel Huntington e Steven Emerson, que fazem o seu ganha-pão nessa procura. É uma invenção para manter a população receosa e insegura, e para justificar o que os EUA quer fazer globalmente".</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Na verdade parece-me que o Islão está hoje, aos olhos de muitos no Ocidente, num processo de "norte-coreianismo", onde o povo aceita com um olhar crédulo toda e qualquer alegação feita sobre "os outros". Achei espectacular a forma como tantos jornais de referência (ou nem por isso...) pelo mundo fora publicaram a história de que o tio do líder norte-coreano Kim Jong Un tinha sido executado por grupo de cães esfaimados. Desde a Fox<a href="http://www.foxnews.com/world/2014/01/03/north-korean-leader-feeds-uncle-to-starving-dogs-reports-say/" target="_blank"><span style="font-size: xx-small;">[7]</span></a> e a NBC<a href="http://worldnews.nbcnews.com/_news/2014/01/03/22156917-kim-jong-uns-executed-uncle-was-eaten-alive-by-120-hungry-dogs-report?lite" target="_blank"><span style="font-size: xx-small;">[8]</span></a> até a jornais mais populares, muitos aceitaram sem qualquer oposição ou descrença as afirmações de um blog perdido na China. Também em relação ao Islão, alguns <i>opinion makers</i> parecem acreditar que podem dizer o que lhes vier à cabeça que ninguém colocará em causa. Em entrevista à BBC<a href="http://www.youtube.com/watch?v=vciiYbl3hoU" target="_blank"><span style="font-size: xx-small;">[9]</span></a>, Emerson procura aceitar as culpas e alega que as suas fontes estariam erradas, mas recusa-se terminantemente a revelar quem são as fontes. Atrevo-me a dizer que não existem fontes nenhumas, a não ser que conversas de <i>pub</i> ou vídeos de propaganda do You Tube também contem como tal. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Esperemos que esta <i>gaffe</i> possa trazer algum juízo a quem publica. Todos cometemos erros e nem sempre as nossas fontes são as melhores, mas como é que alguém consegue chegar à televisão e dizer que "a Europa está acabada" porque tem inúmeras "no-go-zones" e tribunais <i>sharia</i>?<a href="http://www.youtube.com/watch?v=KsZUWJzYUBk" target="_blank"><span style="font-size: xx-small;">[10]</span></a> </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small;">Nota: A imagem não é photoshop. É mesmo MS Paint.</span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-86895029193721137962015-01-15T06:14:00.001-08:002015-01-16T07:36:18.271-08:00Religião e Liberdade<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDSpQLlUQjN7uqE5l7apyHnMtF6LMjsG6nhtRmB462qKAVmv0Pr7lzr2fsBOapDimsf5mfRzA4JX3vRmEwdzJZJK593qilmTyORwPg15uGSRxKsPGFHtGt4Dp60aIp2D9_l3mnBpE7UVs/s1600/visita2013franca.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDSpQLlUQjN7uqE5l7apyHnMtF6LMjsG6nhtRmB462qKAVmv0Pr7lzr2fsBOapDimsf5mfRzA4JX3vRmEwdzJZJK593qilmTyORwPg15uGSRxKsPGFHtGt4Dp60aIp2D9_l3mnBpE7UVs/s1600/visita2013franca.jpg" height="165" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">2013 Hollande visita a Arábia Saudita</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">"Existem dois tipos de pessoas: as que têm cérebro, mas não têm religião; e as que têm religião mas não têm cérebro" são as famosas palavras do filósofo Árabe Abu al-Ala' al-Maarii</span><a href="http://www.aljazeera.com/indepth/opinion/2015/01/would-prophet-muhammad-say-je-su-20151146331116908.html" style="font-family: Verdana, sans-serif;" target="_blank"><span style="font-size: xx-small;">[1]</span></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">. Se ele fosse Saudita e vivesse nos dias de hoje, estaria a ser chicoteado em praça pública como o </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">blogger</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Raif Badawi</span><a href="http://www.theguardian.com/world/2015/jan/14/saudi-blogger-lashes-amnesty-international-raif-badawi" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;" target="_blank">[2]</a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> ou correndo o risco de pena de morte</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small;"><a href="http://www.amnesty.org/en/news/saudi-arabia-uses-capital-offence-apostasy-stifle-debate-2012-12-24" target="_blank">[3]</a></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">, no entanto todos pudemos ver o ministro dos negócios estrangeiros Saudita a cumprimentar o presidente de França na sequência dos ataques ao jornal satírico francês, Charlie Hebdo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O que é curioso na frase com que iniciei este texto, é que foi escrita há mais de um milénio em pleno mundo árabe e muçulmano, na Síria, o seu autor recebia inúmeros estudantes, viveu e viajou em liberdade e morreu com 85 anos na sua terra natal. Como descreve o jornalista Egípcio-Belga Khalid Diab num seu recente e iluminado artigo na Al Jazeera<a href="http://www.aljazeera.com/indepth/opinion/2015/01/would-prophet-muhammad-say-je-su-20151146331116908.html" target="_blank"><span style="font-size: xx-small;">[3]</span></a>, a liberdade de expressão de que gozavam os cidadãos do mundo Árabe durante os primeiros séculos da sua expansão deveriam fazer corar de vergonha muitos líderes árabes nossos contemporâneos, nomeadamente o governo Saudita, auto-proclamados protectores da fé islâmica e seguidores do exemplo de Mohammed e os primeiros califas. </span></div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-84650630194330691802015-01-08T06:45:00.000-08:002015-01-08T07:04:13.176-08:00Cruel aproveitamento político<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ainda os restos mortais dos </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">infelizes</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">jornalistas da magazine francesa Charlie Hebdo </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">não tinham esfriado, já o aproveitamento político por parte das mais variadas forças políticas se tinha iniciado. </span><br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYZ2ONgQci3knmk2yGjD3pHmOk7R3QjVcAca6e6bTbnVQHti4Vmu0v8XzNHOdJ4IY0Xu_YAOKzxibhL84fM5jFMTezjQLfECkQec83mZw9IkIZjWan_if1zMrwcDQjYVwjzjbl4OF0hRY/s1600/charlie+hebdo.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYZ2ONgQci3knmk2yGjD3pHmOk7R3QjVcAca6e6bTbnVQHti4Vmu0v8XzNHOdJ4IY0Xu_YAOKzxibhL84fM5jFMTezjQLfECkQec83mZw9IkIZjWan_if1zMrwcDQjYVwjzjbl4OF0hRY/s1600/charlie+hebdo.jpg" height="192" width="400" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A direita europeia mais islamófoba viu neste ataque terrorista a prova final de que o Islão é contra a liberdade de expressão e que não passa de uma religião violenta sem qualquer respeito pela diferença, pela crítica e até pela sátira. Durante os próximos dias, o habitual circo mediático irá provavelmente levar a mais ou menos dissimulados pedidos de guerra, imigração limitada e baseada em <i>racial profiling</i>, e novas explosões de nacionalismo que certamente beneficiará a extrema direita.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Curiosamente, as mesmas pessoas que consideram estes terroristas como fieis representantes dos mil milhões de muçulmanos do mundo, escolhem não reparar nas vítimas muçulmanas. Neste atentado, por coincidência, um dos polícias que faleceu era Ahmed Merabet, françês muçulmano, baleado e depois executado a sangue frio. Em toda a violência do extremismo islâmico, as vítimas em maior número são precisamente os muçulmanos como demonstram os estudos intensivos do programa START (GTD - Global Terrorism Database) da Universidade de Maryland, o maior nesse campo. No Iraque, Argélia, Líbia, Síria, Yemen, Nigéria, Somália, Afeganistão, Paquistão e tantos outros são os muçulmanos as principais vítimas de organizações como o ISIS, Al Qaeda, Taliban, Boko Haram, Al Shabab e muitos outros. No entanto, no Ocidente preferimos sempre considerar os criminosos como representativos destas sociedades, e não as suas vítimas. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Do outro lado, a esquerda radical europeia não se comporta melhor, vendo sempre apenas o contexto e procurando a absoluta desresponsabilização do indivíduo. A pitoresca Ana Gomes, deputada socialista portuguesa no Parlamento Europeu, partilhou imediatamente um tweet responsabilizando as políticas europeias de austeridade por este acontecimento. Considerar que jovens franceses, que vivem com um estado social e protecção política, religiosa e económica como têm em França, são empurrados para um acto destes pela força da crise é um absurdo. O que eles fizeram não é um acto de desespero de quem não tem saídas, mas sim uma escolha muito clara do que querem para si e para o seu país.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas acima de tudo, este foi um ataque à liberdade de imprensa, de opinião e de pensamento. E é aí que temo que serão causados grandes danos. Numa escala diferente o 11 de Setembro mostrou-nos como uma unanimidade global de solidariedade foi rapidamente utilizada para lançar guerras, reduzir direitos civis e até legitimar tortura. Aos 3000 mortos iniciais, somaram-se centenas de milhares de outros no Afeganistão e no Iraque durante mais de uma década, num processo que ainda não finalizou.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quanto a mim, o único tributo que possa realmente prestar a estes jornalistas e aos polícias que morreram tentando defendê-los é continuar a escrever a minha opinião de forma livre, quer agrade quer desagrade aos meus leitores, e esperar que aqueles que diariamente espalham ódio, </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">vingança e </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">ameaças nestas páginas possam um dia encontrar paz no coração e liberdade no pensamento.</span></div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-14752264770825578812015-01-04T16:24:00.002-08:002015-01-04T16:27:48.599-08:00Netanyahu, de que tens medo?<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5GJtuFAamMmRsPAEl0vwtBwHKUecZpt2LjIBN_8NQKO8Y8ZMVeqUG06sEdcRonT9PXwvMlxuDZHcdhjEE5rad2lwLvvcKfufsfzNLFJ8Fhngm3u7qOzm6YxtL-FyiIHw_yY8DMNzkigE/s1600/netanyahu5.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5GJtuFAamMmRsPAEl0vwtBwHKUecZpt2LjIBN_8NQKO8Y8ZMVeqUG06sEdcRonT9PXwvMlxuDZHcdhjEE5rad2lwLvvcKfufsfzNLFJ8Fhngm3u7qOzm6YxtL-FyiIHw_yY8DMNzkigE/s1600/netanyahu5.jpg" height="213" width="320" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Depois de ver negado o seu pedido de independência no Conselho de Segurança das Nações Unidas por um voto, a Palestina entregou a documentação para integrar o Tribunal Criminal Internacional (ICC) em Hague. A resposta do Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu não se fez esperar: reteve os impostos dos palestinianos (que Israel cobra em nome da Palestina) e já informou publicamente que nenhum soldado israelita "será arrastado para o ICC".</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Depois de tantas acusações que fez no passado dos crimes de guerra do Hamas, da Fatah, da PFLP ou da DFLP, é difícil compreender porque motivo Bibi está tão preocupado. Isto deveria ser uma excelente oportunidade para colocar tudo em pratos limpos. Eu não tenho dúvidas de que o Hamas teria (terá?) muitas dificuldades em explicar muitas das suas acções. Pelos vistos, Netanyahu também não se sentirá muito confortável em aclarar as suas...</span></div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-54831645712170093692015-01-04T09:27:00.000-08:002015-01-04T09:30:23.530-08:00Médio Oriente: Religião e Petróleo<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_iNy_Bm31OUpeV_b_IF3J5OxPpcVpPaX39bcJ-x040bUZn6aIse09ciGjVdN-gnR71xEE0F_E5ObG2Usvz8dpu8PeF1lNenj0CZvrNa92Kr8p7cSk8ARQJeZDwGenzBNwTLUu9C9nAEA/s1600/araboil.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_iNy_Bm31OUpeV_b_IF3J5OxPpcVpPaX39bcJ-x040bUZn6aIse09ciGjVdN-gnR71xEE0F_E5ObG2Usvz8dpu8PeF1lNenj0CZvrNa92Kr8p7cSk8ARQJeZDwGenzBNwTLUu9C9nAEA/s1600/araboil.jpg" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Grande parte do mundo acredita que a alma do Médio Oriente está na sua religião, o elemento essencial e distintivo do povo e cultura locais. Isto acontece desde os grandes téoricos orientalistas, como Bernard Shaw, até aos populares que muitas vezes não conseguem distinguir um turbante <i>Sikh</i> indiano de um <i>keffyeh</i> palestiniano. Ao contrário de outras partes do mundo, como a Inglaterra ou Portugal, onde a esmagadora maioria dos seus cidadãos têm a mesma religião ou não professa qualquer religião, praticamente todos os países do Médio Oriente têm multiplas religiões, com enormes minorias melhor ou pior representadas e muitas vezes até no poder.</span><br />
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Muitos dos conflitos são rapidamente reduzidos pelos comentadores internacionais aos seus aspectos religiosos, cuja importância é colocada bem acima de outros factores étnicos, políticos ou sociais. No entanto, algumas destas visões simplistas são postas em causa quando olhamos para os problemas um pouco mais de perto. Se a religião é muitíssimo importante, não é certamente o único factor relevante e em muitos casos acredito que nem será o factor central do problema.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhw5CUV0WezJ9r34XGfjHWFqF3BMaI1GrRvHbOFhvuxwIFy__rDBSo_e2ssbVIUM0LuvapnxPQ3lEPzL5d0dnlLaAcO-ComWQ360kBYecvz3Fed51QhNngCES3aBoX334dl8kVhKAqLox8/s1600/palchristians.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhw5CUV0WezJ9r34XGfjHWFqF3BMaI1GrRvHbOFhvuxwIFy__rDBSo_e2ssbVIUM0LuvapnxPQ3lEPzL5d0dnlLaAcO-ComWQ360kBYecvz3Fed51QhNngCES3aBoX334dl8kVhKAqLox8/s1600/palchristians.jpg" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Na Palestina, Muçulmanos e Cristãos lutam lado a lado contra Judeus, onde dois passados diferentes e extremamente violentos - o da <i>Nakba</i> para os Palestinianos e o Holocausto para os Judeus - unem mais do que a própria religião. A PFLP (<i>Popular Front for the Liberation of Palestine</i>), organização terrorista e de extrema esquerda, responsável por muitos ataques de pirataria aérea e bombistas suicidas durante os anos 70, foi fundada e era liderada por um palestiniano cristão, George Habash, ele próprio um sobrevivente da <i>Nakba</i>. Os seus ataques continuam até ao presente, tendo sido o último em Novembro de 2014, num ataque a uma sinagoga onde morreram quatro fieis Judeus e um polícia Druze, para além de sete outros feridos. Naturalmente que os ataques bombistas suicidas cometidos por uma organização comunista liderada por cristãos não encaixa naa propagandeadaa ideias das 42 virgens no céu, mas contra factos não há argumentos. Também o casamento de Arafat com Suha Tawil, uma palestiniana cristã 34 anos mais nova, em 1990 vai contra a ideia dos palestinianos serem todos muçulmanos fanáticos, principalmente quando poucos anos depois Yasser Arafat ganha umas eleições limpas com 88% dos votos.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No Iraque, a organização terrorista Daesh (<i>also known as</i> ISIS, ISIL, Estado Islâmico ou Califado Islâmico) tem como principal adversário as forças paramilitares Curdas - os <i>Peshmerga</i> - igualmente sunitas, mas unidas pela língua e pelo sonho antigo de ter o seu próprio país, o Curdistão, adiado desde o fim do Império Otomano pelos poderes regionais e internacionais durante um século. Também aqui a religião parece explicar apenas um dos lados do conflito, mas não ambos. </span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E por todo o Médio Oriente encontramos outros exemplos, como na Líbia onde uma guerra civil tribal e não religiosa continua a propagar-se sem fim à vista, na Síria onde uma coligação governamental com quase todas as minorias étnicas do país e até um grande número de Sunitas lutam contra o mesmo Daesh. No Yemen, onde a Primavera Árabe descambou numa guerra civil que mistura aspectos religiosos e étnicos. Ou até no Bahrain, onde é a falta de representação política e económica da maioria Shiita - e não algum aspecto dogmático religioso - que mantém uma situação de paz podre mantida apenas à custa de uma enorme influência saudita.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ainda mais relevante </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">do que a Religião,</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">para compreender muito do que se passa no Médio Oriente, devemos olhar na minha opinião, para o Petróleo. Naturalmente, não serão os dois únicos factores a ter em conta e existirão outros que em muitas situações ajudaram a explicar o presente e o passado da região, tais como as invasões militares europeias e americanas, a colonização estrangeira, as guerras regionais, o nacionalismo árabe, outros nacionalismos (Curdo, Palestiniano), etc. Mas o petróleo é, e ainda será durante muito tempo, o combustível que faz rodar o planeta. Grande parte das suas reservas (assim como as de gás natural) estão no Médio Oriente, e são controladas por um pequeno número de países. A ascensão dos Estados Unidos e da Rússia ao topo dos produtores de petróleo, retirando a primeira posição à Arábia Saudita pela primeira vez desde a segunda guerra mundial, é um factor de enorme importância e cujos impactos não podem ser substimados. Se somarmos a este facto, a recente queda do preço do petróleo cujo barril caiu em poucos meses do seu valor "normal" de 95 a 110 USD para os 50 a 60 USD, ficamos com uma espécie de tempestade perfeita no sector energético que terá ondas de choque políticas e económicas enormes, quer para a região quer para a relação das grandes potências globais.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Vivendo num país que é um dos grandes exportadores de petróleo, não estranho que o assunto seja tratado diariamente pelos <i>media </i>locais mas também pela população, que compreende a importância do petróleo para todos os que aqui vivem. Os governos dos países exportadores de petróleo terão que reduzir drásticamente as suas despesas ou incorrer em enormes déficits orçamentais, uma decisão que não é particularmente urgente para países como o Qatar, os Emirados Árabes Unidos, a Arábia Saudita ou o Kuwait cujos fundos soberanos de centenas de milhares de milhões de dólares lhes permitem aguentar déficits durante muitos anos. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_SF0Up11DVlqRbZHd2Of_ah07S9U2kYehJLhW5edIVFQ-9uP4kS5W8aR10_w9GBLamVACFV5DICOv4MQGWakM4auctSTmP1DR8rFnaLAHiqCcqAGtML_YWdVQL4ICN0KkzK2BLvAI7bw/s1600/screen+shot+2014-05-12+at+3.56.27+pm.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_SF0Up11DVlqRbZHd2Of_ah07S9U2kYehJLhW5edIVFQ-9uP4kS5W8aR10_w9GBLamVACFV5DICOv4MQGWakM4auctSTmP1DR8rFnaLAHiqCcqAGtML_YWdVQL4ICN0KkzK2BLvAI7bw/s1600/screen+shot+2014-05-12+at+3.56.27+pm.png" height="252" width="320" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Noutros lugares, como o Irão, a Venezuela ou a Rússia, situações orçamentais terão impactos muito mais sérios, mais violentos e obrigando a ajustamentos muito rápidos. Uma teoria interessante que anda nos <i>media</i> norte-americanos é a de que esta queda do petróleo seria provocada pelos Sauditas, numa tentativa de quebrar o Irão e os muito endividados produtores <i>shale oil</i> americanos. É um facto que a Arábia Saudita está em posição de aguentar o preço baixo e que na última reunião da OPEC defenderam (e conseguiram) que não fosse reduzida a produção de petróleo dos países do cartel, mas a verdade é que a Arábia Saudita já não é o maior produtor de petróleo do mundo. Caiu até para terceiro lugar. Quer os EUA quer a Rússia ultrapassaram o Reino. Fizeram-no com custos de exploração altíssimos (que chegam a vinte vezes o custo de produzir no Golfo Pérsico) e investimentos absurdos e arriscados. Agora, os dois líderes produtores procuram convencer o terceiro que existe demasiado petróleo no mercado e pedem-lhe se não se importa de reduzir as suas exportações, para que eles possam sobreviver. Estranha ironia.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas independentemente do que causou esta descida do preço, a verdade é que todos se preparam para ficar pelo menos um ou dois anos com preços entre os 40 e os 70 USD. E o Médio Oriente terá necessariamente de mudar. O Daesh depende do petróleo para continuar a sua <i>jihad</i>, o Irão para recuperar o seu lugar na comunidade internacional e levantar-se da crise económica dos últimos anos, as monarquias do Golfo para continuarem a sua ascensão económica e a manutenção de um garantismo estatal de outra forma impensável, o Iraque e a Síria para se levantarem (se é que o vão conseguir fazer na próxima década) e o Curdistão para chegar à tão ambicionada independência, agora que as suas forças militares têm o equipamento e experiência para defenderem o seu território e conquistaram o respeito do mundo ocidental, com as suas tropas mistas e uma sociedade inclusiva que protege as minorias étnicas e religiosos perseguidas pelo Daesh. </span></div>
<div>
<br />
<br /></div>
<div>
<br /></div>
</div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-39844462248989244052014-12-19T02:28:00.002-08:002014-12-19T02:38:01.518-08:00Orientalismo<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2wuIFrlG3fwgV-CVWjfk5hx4C95w0ekvyIrux2FxO4-fzn0SRL1v4zYVtH7nftkLvKLZ4qexHXElVakmh2lqupM1O7LVdEPZ-YNSB2rhya1iHACkXOWAsZ_b5N5z0MEHwJFtgpMJLCYg/s1600/orientalism.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2wuIFrlG3fwgV-CVWjfk5hx4C95w0ekvyIrux2FxO4-fzn0SRL1v4zYVtH7nftkLvKLZ4qexHXElVakmh2lqupM1O7LVdEPZ-YNSB2rhya1iHACkXOWAsZ_b5N5z0MEHwJFtgpMJLCYg/s1600/orientalism.jpg" height="320" width="207" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Edward Said, o mais famoso de todos os académicos palestinianos, simplesmente supera tudo o que li até hoje sobre o Médio Oriente. "Orientalismo", escrito há mais de três décadas, é a sua obra prima, e um dos mais influentes livros na sua área desde a sua publicação. O mais interessante é que o livro não é realmente sobre o Médio Oriente, mas sobre o campo de estudos criado pelos europeus - e mais tarde americanos - que estuda esta região. Conta-nos a história dos grandes escritores orientalistas, arabistas e outros, a forma como foram evoluindo de uma posição mais académica até ao mais puro <i>policy making</i>. Explora as suas limitações e, principalmente, o enorme erro de <i>essencialismo</i> que foi sendo multiplicado ao longo dos tempos, até os resultados do estudo do Oriente não terem qualquer semelhante com a realidade, embora fossem perfeitamente consistentes entre si.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O centro de todo o estudo é precisamente essa ideia de <i>essencialismo</i>: a capacidade de reduzir os <i>orientais</i>, em especial os árabes muçulmanos à sua religião. Como se mais nenhum factor fosse relevante. Como se o facto de se nascer num país super-exportador de petróleo com uma qualidade de vida imensa não fosse relevante para os definir. Ou, outros, viverem como refugiados do dia em que nasceram até à sua morte. Ou sob ocupação. Em liberdade ou numa ditadura. Como se o tempo não influenciasse a forma de pensar dos povos e dos indivíduos. Como se as experiências pessoais não colocassem tantos a desalinharem com a norma do seu povo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Said está, na minha opinião, absolutamente correcto nesta sua crítica feroz ao <i>essencialismo</i> e ao Orientalismo moderno. E é um erro grave que, para além de apoiado e suportado por pensadores como Bernard Lewis, de quem aqui escrevi recentemente, chega às massas que tão facilmente reduzem cada um dos árabes a essa imagem geral do que é suposto ser um árabe. Um imagem imutável, essencialista e que recusa qualquer individualismo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Neste mesmo bloque, vejo comentários assustadores de gente que deseja a morte de todos os Muçulmanos, ou noutros casos a defenderem novos Holocaustos sobre os Judeus. Como é possível que alguém defenda crimes dessa dimensão se não se convencer que os "outros" são todos iguais e todos criminosos? Que os bebés de colo estão destinados a serem terroristas ou opressores e que cada adulto está à espera do momento certo para nos atraiçoar?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A partilha de alguma ideias neste blogue durante os últimos anos ensinou-me pouco sobre História, mas bastante sobre o ódio que tantas pessoas sentem por seres que nunca viram e conheçem apenas dos filmes e noticiários. E isso é verdadeiro quer para islamofóbicos quer para anti-semitas. No seu ódio, mostram-se rigorosamente iguais.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A única crítica que faço refere-se à forma violenta como Edward Said vê, por exemplo, o uso de cientistas, historiadores, arqueólogos e burocratas que acompanharam o exército de Napoleão durante a sua invasão do Egipto em 1798. Os objectivos do imperialismo podiam estar totalmente errados, mas o uso da ciência enquanto suporte deste não é, a meu ver, particularmente estranho ou negativo. Quando comparamos com a conquista das américas pelos Espanhois e Portugueses, vemos que estes últimos não tinham o mais pequeno interesse em compreender os povos que lá viviam, as suas religiões, a sua ciência ou a sua história. Embora ainda de uma posição de superioridade - compreensiva já que ele era de facto o conquistador - olho para a atitude de Napoleão como uma demonstração de humildade perante a civilização que encontrava. Mas quanto mais nos aproximamos dos dias de hoje, mais verdadeira é a crítica de Said e mais incompreensível a forma limitada com que o mundo vê outros povos, hoje tão próximos e tão cheios de testemunhos.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por tudo isso, ler Said é algo que aconselho vivamente a quem já tenha dedicado algum tempo a tentar compreender e pensar o Médio Oriente, mas muito mais para quem acredita já ter todas as respostas e para quem acha que "já escolheu um lado". </span></div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-69549711181527720162014-12-12T12:12:00.004-08:002014-12-12T12:12:56.913-08:00Não, não sou anti-semita!<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIyFyr4Ye1JGuba2OvebZYdRkqeimuhjkYS5ZpqVqNmM4Os3MAiuIVEcgCIxYoIZgIdG2oJmkBLEWj6kjRngsxw8SIIGaxpzwZPiTdSKQ8lmVX-Vbrh2Kg_4DWgNM5PHaH5V6jRSzhw8U/s1600/9998antisionismo.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIyFyr4Ye1JGuba2OvebZYdRkqeimuhjkYS5ZpqVqNmM4Os3MAiuIVEcgCIxYoIZgIdG2oJmkBLEWj6kjRngsxw8SIIGaxpzwZPiTdSKQ8lmVX-Vbrh2Kg_4DWgNM5PHaH5V6jRSzhw8U/s1600/9998antisionismo.jpg" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Às vezes cansa. Cada vez que faço qualquer crítica à actuação do governo de Israel, chovem as acusações de anti-semitismo. Por isso vou tentar ver se consigo deixar a minha posição clara:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Não desejo mal a ninguém por ser Judeu, Muçulmano, Cristão, Budista, Agnóstico, Ateu ou qualquer outra religião ou falta dela.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Na realidade não desejo mal a ninguém. Talvez seja uma posição ingénua, mas não tiro prazer do mal que acontece aos outros.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Nenhum grupo étnico ou religioso se sobrepõe ao indivíduo. Isto significa que nenhum Judeu é individualmente culpado pelo que outra pessoa da sua etnia ou religião fez ou faz. O mesmo é válido para todos os outros credos.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- O Holocausto Nazi existiu e os Judeus as suas principais vítimas. Não foi o único genocídio da história e nem sequer do último século, mas foi o pior de todos eles.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- O anti-semitismo é um crime grave. Tão grave como o racismo, a xenofobia ou a islamofobia.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Não apoio terrorismo de espécie nenhuma, por nenhum grupo e contra nenhum grupo. Seja ele a Al Qaeda, o Stern Gang, a ETA, o Boko Haram, Al Shabab, FP-25, Baader Meinhof ou Exército Vermelho Japonês.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Criticar o governo de Israel não significa fazer dos seus vizinhos santos. Já públiquei inúmeros artigos sobre isso, sobre a Primavera Árabe, sobre o Egipto, Líbano, Síria e muitos outros.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Criticar o governo de Israel não significa fazer dos palestinianos santos. Também já escrevi muitas vezes sobre os crimes de Yasser Arafat, do Hamas, sobre os bombistas suicidas entre outros.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- São muitos os Judeus de todo o mundo e até em Israel que criticam também a actuação deste e outros governos de Israel. Incluem sobreviventes do Holocausto, antigos militares, ONGs e até lóbis oficiais.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A única curiosidade é mesmo a forma como a acusação de anti-semitismo é utilizada constantemente como arma para silenciar qualquer oposição à actuação de Israel. O problema é que provavelmente.... "you might just have overplayed your hand".</span></div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3943403049929081834.post-92197877055488795742014-12-11T06:48:00.000-08:002014-12-11T06:48:42.608-08:00Impunidade Total<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_8IyCALHUWwEjKmCBOcLaRVN4CalqkiDL7_51fNLWLr-HK9BcL7VAJ7BYxtChOITrMN-xeKJOHp_V9VuPr-Tgk_ADN-8eDOdmRO9nhcn8b6EPtMESD0SjrKopWeCG42zEEBja6drSUMg/s1600/ZiadAbuEin.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_8IyCALHUWwEjKmCBOcLaRVN4CalqkiDL7_51fNLWLr-HK9BcL7VAJ7BYxtChOITrMN-xeKJOHp_V9VuPr-Tgk_ADN-8eDOdmRO9nhcn8b6EPtMESD0SjrKopWeCG42zEEBja6drSUMg/s1600/ZiadAbuEin.jpg" height="180" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ziad Abu Ein</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Se houve algo que aprendi nos anos que passei na Palestina e a lidar com o exército de ocupação de Israel (orweliamente entitulado de <i>Israel Defense Force</i>) é a da inequívoca certeza da total impunidade das forças militares, policiais e serviços secretos que lá operam. Seja no homicídio de crianças e bebés em Gaza, na invasão de casas para verem os jogos da Liga dos Campeões (como relata a ONG israelita <i>Breaking the Silence</i>), na prisão e violência sobre elementos de ONGs de todo o mundo até, agora, à morte de um ministro do governo da Palestina, Ziad Abu Ein. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Desarmado, foi vítima da violência dos soldados israelitas que lhe agarraram no pescoço e bateram com um capacete durante uma demonstração pacífica. Em breve aparecerão certamente relatos de que ele morreu sozinho com um relâmpago, vítima de um ataque do Hamas ou que um ataque de coração. A irrepreensível formação do IDF e a existência de meio milhão de colonos judeus ilegais em território palestiniano também não serão postas em causa. As ajudas americanas também não vão parar. certamente não será colocada em causa. Ao soldado, certamente não acontecerá nada. Depois de uma longuíssima e cuidadosa investigação, o assunto será votado ao esquecimento, como acontece a todos os outros.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas, sabendo que tudo isto aconteceu na Cisjordânia e não em Tel Aviv ou Haifa, a pergunta é muito simples: o que estavam lá a fazer os soldados israelitas?</span></div>
Antóniohttp://www.blogger.com/profile/02667038428857356203noreply@blogger.com7