sábado, 31 de maio de 2014

Wings of the Luftwaffe - Bf-109

Há 79 anos atrás, o Messerschmitt Bf-109 levantava voo pela primeira vez. Aquele que viria a ser o avião mais construído da história tornou-se no centro da guerra aérea nazi durante toda a segunda guerra mundial. Mas o seu primeiro voo em Maio de 1935 não previa ainda um grande futuro. Heinkel, Focke-Wulf e Arado eram à partida os mais prováveis vencedores da corrida ao armamento que percorreu a Alemanha dos anos 30. 

Entretanto, a bem sucedida experiência nos céus de Espanha durante a guerra civil e os demolidores avanços sobre a Polónia, a França e o resto da Europa Central, levaram a que os 109, assim como os seus pilotos e equipas de suporte se aperfeiçoassem. Quando se inicia a batalha de Inglaterra, os pilotos alemães eram de longe os melhores do mundo, mas o uma defesa heróica e determinada dos britânicos e os seus aliados conseguiram parar a Alemanha Nazi pela primeira vez.

Na lista dos maiores pilotos de sempre estão dezenas e dezenas de pilotos de Messerschmitt Bf-109's [1]. Desde o maior piloto de sempre, Erich Hartmann, o alemão conhecido como Diabo Negro, até ao primeiro não-alemão da lista, o finlandês Ilmari Juutilainen, praticamente todos utilizaram o mesmo avião. Depois da guerra uma versão espanhola (e que utilizava um motor Rolls-Roice Merlin inglês) continuou a ser construída. E são estes 109's espanhóis, que vão ser utilizados no inesquecível filme de 1969 - Batalha de Inglaterra[2] - juntamente com quase todos os Spitfires, Hurricanes e Heinkels 111 que conseguiram encontrar. A Força Aérea Portuguesa contribuiu também para a super produção com dois Junkers 52.

Nos últimos anos da guerra os 109s continuaram a ser os preferidos de muitos pilotos, mas nem números, nem experiência, nem tecnologia poderiam mudar os desfecho da guerra. No final voaram lado a lado com os Fw-190 e os novos aviões a jacto, mas acabaram quase todos destruídos no solo.






Também da série - Wings of the Luftwaffe:

Ju 87 Stuka
Fw 190



quarta-feira, 28 de maio de 2014

Game of Thrones

"Tolkien está morto, longa vida a George Martin" clama o New York Times. Não poderia concordar mais, nem consigo imaginar melhor forma de demonstrar o que penso sobre esta obra magnífica. Cresci com J.R.R.Tolkien. Em minha casa, os detalhes da histórias de "O Hobbit" e do "Senhores dos Anéis" eram discutidas à mesa e todos lemos a história e fantasia que Tolkien demorou uma vida a escrever. Depois de os ler, qualquer um compreende que nunca mais na sua vida quererá ler ou ver fantasia. Simplesmente não era possível que alguém chegasse lá perto. 

Sonhávamos com o dia em que estas histórias seriam passadas para o cinema, mas não era nessa altura (anos 80 do século passado) possível colocar os enormes dragões, trolls, orcs e gnomos no ecrãn. Mais tarde, durante os anos 90 a tecnologia de CGI desenvolvida em filmes como o Terminator II, Parque Jurássico e na Guerra das Estrelas (Episódio I) permitiram sonhar e um destes muitos leitores acabou por levar as histórias de Tolkien ao grande ecrãn. Sabíamos que "O Hobbit" ainda poderia chegar ao cinema, mas não haveria mais nada a esperar em termos de fantasia até ao final da vida. Até à chegada de George Martin...

Confesso que só procurei os livros depois de ter visto a série. Nunca tinha ouvido falar dele. E mesmo que tivesse, provavelmente não teria sentido qualquer curiosidade. Afinal de contas eu lera Tolkien. Várias vezes. Em Português e mais tarde em Inglês. Mas George Martin não é uma cópia de Tolkien. Longe disso. Ao preto e branco de Tolkien, Martin responde com diferentes tonalidades de cinzento. À impecabilidade ética e moral do primeiro, o último responde com relativismo e amoralidade. Por outro lado, Martin é claramente de uma época diferente, onde o sexo e a violência são explícitos na televisão e os hediondos crimes das personagens são aceites de forma mais ou menos habitual nesse mundo. Uma outra curiosidade deste autor é a forma como ele sacrifica personagens principais. Quando começamos a julgar que o centro de toda a história é uma pessoa, vemo-la morrer. Por vezes juntamente com toda a sua família e aliados. Outras vezes matando tanta gente que nem percebemos como vai Martin conseguir continuar a contar determinados eventos na primeira pessoa, como sempre faz. Ninguém está seguro.

O conservadorismo de Tolkien está presente em toda a história. O objectivo desde o primeiro até ao último momento é regressar a um passado quase perfeito em que o homens e elfos dominavam o mundo. O seu sucessor literário é, nesse sentido muito diferente. Existe uma constante referência a um passado mítico de magia e dragões, mas que ao mesmo tempo não é algo a que se procure voltar. Inúmeras motivações muito mais mundanas de poder, sexo e dinheiro que estão muito mais presentes do que o direito histórico e as lendas de milhares de anos atrás. Aliás, algumas das personagens mais eruditas de Game of Throne, colocam em causa sequer se essas antigas personagens, reis, raínhas, capitães do Night's Watch ou os reis do Norte sequer existiram.

Não aconselho Game of Thrones a toda a gente. Mas não é certamente uma série (ou livros) apenas para adeptos da ficção científica e fantasia. Os seus interesses, motivações e profundidade das personagens apela a todas as pessoas. Muitos ficarão horrorizados pela violência e sexo sempre presentes. Outros pela crueldade com as personagens mais centrais da história morrem, por vezes sem aviso. Mas uma coisa é certa: não é por acaso que Game of Thrones é hoje o produto mais pirateado de sempre. De facto, não tem comparação.

Agora, resta-nos esperar pelos livros que ainda não sairam. E pelos episódios que faltam desta Série 4 para depois passarmos mais 9 meses à delirar com o que vimos e sonhar com que se vai passar a seguir.

Winter is coming!

sábado, 17 de maio de 2014

O Homem do Tanque

Em Junho de 1989, quase em paralelo com os eventos que acabaram por fazer ruir o comunismo na Europa Ocidental e na União Soviética, um homem só consegue parar toda uma coluna de tanques chineses durante os protestos da Praça Tiananmen em Beijing. Sem dúvida um dos momentos mais impressionantes da história do Século XX. 


Ninguém sabe quem ele é, ou era[1]. Ninguém sabe se era um dos protestantes, ligado de alguma forma às centenas ou milhares que pereceram no dia anterior, ou simplesmente alguém que regressava a casa depois de fazer as compras no supermercado, como os dois sacos que leva na mão parecem indicar. Também ninguém sabe o que lhe aconteceu[2].

Para a história fica uma das mais poderosas imagens pela liberdade da história. Uma que em nada deu, já que a China tremeu, mas não caiu. E se o comunismo desapareceu na China, o regime que o substituiu está muito longe de ser algo sequer próximo de uma democracia.


(Video da CNN, não editado dos 3 minutos que marcam a história da China)




sábado, 10 de maio de 2014

Mandela e a Palestina

Nos anos que antecederam a sua morte, Mandela tornou-se o mais unânime dos líderes mundiais. Esquerda e direita, seculares e religiosos, todos choraram a sua morte. Mas Mandela não fui nunca um homem de consensos. 

Nesta entrevista, ainda o Apartheid Sul-Africano estava de pé (embora já não de boa saúde) Mandela fala da África do Sul, mas também da Palestina e Israel, de Fidel Castro, Arafat e Khadafi, debaixo de entusiásticos aplausos do público americano que o ouvia. Algumas das respostas são invulgarmente politicamente incorrectas, o que revela uma faceta de Mandela que nos habituámos a esquecer... 




domingo, 4 de maio de 2014

De volta a Guantánamo

Este artigo de opinião, publicado em Março no site da Al Jazeera e escrito pelo detido número 028 de Guantánamo, Moath Al-Alwi[1], mostra-nos os detalhes da tortura física e psicológica utilizada na mais famosa prisão do mundo. Por mais horrorosos e infames os detalhes, o pior de tudo é saber que para além desta, existem muitas outras. Centenas, milhares de prisões pelo mundo todo e governados por líderes muito piores do que os americanos. Mas se um país livre, democrático e com liberdade de expressão como os Estados Unidos da América têm isto, que se estará a passar cantos esquecidos do planeta, longe do sonho da europa ocidental. Sinto calafrios só de pensar...


March 10, 2014 - I write this letter, as I wrote my last, between bouts of violent vomiting and sharp pains in my stomach caused by this morning's force-feeding session. Reading news articles, you would think that we have stopped striking. Perhaps you might think that our protests had even been sated by government concessions. We may be trapped behind the walls of Guantanamo, but we will not be silenced.

Dúzias de prisioneiros não foram ainda julgados e aguardam libertação
I write this letter to tell you that we are still striking. We will not stop until we get our dignity back in this place and are allowed to return home to our families.

With President Barack Obama's blessing, Colonel Bogdan, the warden at Guantanamo, has instituted humiliating groin searches, especially when we are taken for phone calls with our lawyers or families. He has withheld our medical treatment and confiscated our legal papers and Qurans.

The Colonel has been quoted as saying that he knows how to discipline us because he has children at home. We are not his children and this is certainly not our home. We are grown men with families who no longer know what we look like.

Because I decided to peacefully protest my imprisonment here, the special mattress and medical pillows prescribed for my chronic back pain, all of my underwear, my electric razor, and even my bar of soap and toothbrush have been confiscated.

I, too, am strapped down and force-fed for over an hour every single day. During the session, I am constantly vomiting the feeding solution into my lap. As I am carried back to my cell, I cannot help but vomit on the guards carrying me.

They put a Plexiglas face mask on my head to protect their clothes from my vomit. They tighten the facemask and press down on it, pushing it into my face. I almost suffocate because I am vomiting inside the facemask and am unable to breathe.

As I struggle for air, the guards make fun of me, laughing loudly. Frequently, they lie me down on my stomach in my cell and press my back forcefully, squeezing out any remaining feeding solution from the previous force-feeding session. The lightest of the guards weighs at least 190 lbs, while I weigh only 98 lbs; it is a wonder they do not break me entirely.

Aside from those imprisoned with me, nobody can truly understand how we suffer. The Colonel will not allow media into Guantanamo Bay, claiming he is protecting our privacy. No man here wants privacy from the media. The Colonel fears that if the media comes in and meets with the prisoners, all of this daily brutality will be exposed. Hopefully this letter serves that end.

There are currently 21 prisoners on hunger strike. I am one of the 16 who are being force-fed. The government does not want the American people to know that we are still striking. They try to discourage us with solitary confinement and brutal treatment but we will not abandon our protest.

We will not be silent. They cannot hide us by refusing to report the number of protesters to the public. Refusing sustenance is the only peaceful voice of protest that we have; it is the only way to demand the attention of the US government and the American people to whom it is beholden.

Colonel Bogdan has explained our treatment by saying we are at war. But it has been 12 years and this is not a war. We are unarmed captives. I ask the American people, where is the freedom the US touts? Do you condone what your government is doing to us? I know that governments do not always represent the voices of their people, and I pray that the American people do not want this, and more, that they will do something to stop it.