terça-feira, 23 de abril de 2013

Um Escritor Na Guerra

Book Review

Não será fácil pegar em notas de um correspondente de guerra, nas cartas que escreveu para a família, em artigos de jornal e comentários de amigos e colegas e conseguir compôr a história da segunda guerra mundial, mas foi precisamente isso que Antony Beevor fez com o romancista e correspondente de guerra russo Vasily Grossman. 

Grossman trabalhava em 1941 para o jornal do exército vermelho, Krasnaya Zvezda, e cobriu o que estes chamaram de "A Grande Guerra Patriótica" desde a Operação Barbarossa até à batalha por Berlim. Pelo meio, cobriu das linhas da frente batalhas que passaram por Estalinegrado, Kursk, Kiev, Varsóvia entre muitas outras. Foi ainda um dos primeiros jornalistas a entrar em Treblinka. 

Nunca chegou a pertencer ao Partido Comunista da União Soviética. Embora tenha ficado famoso com os seus artigos e com os romances que escreveu durante e depois da guerra, este judeu secular não era apreciado por Stalin, que vetou a sua obra quando a URSS se preparava para lhe dar a mais alta condecoração literária do país.

Grossman não tem uma especial percepção das grandes questões da guerra, dos grandes movimentos militares e dos bastidores diplomáticos, mas é brilhante na forma como descreve história do homem comum, do soldado ou do civil apanhado pela guerra. Este correspondente descreve a batalha de Estalinegrado sem se referir a Stalin uma única vez. Os seus artigos eram numerosas vezes alterados ou censurados por não estarem de acordo com as políticas de propaganda do partido. As suas notas pessoais, se alguma vez tivessem sido descobertas pela NKVD (a polícia secreta, que mais tarde se veio a tornar no KGB) o seu destino estaria traçado. O simples facto de ser judeu valeu-lhe a perseguição política nos últimos anos de vida de Stalin, quando o anti-semitismo se tornou política de estado depois do caso dos médicos judeus acusados de conspirar para assassinar os líderes políticos soviéticos. Muitos dos seus colegas que com ele lutaram para que os crimes que os Nazis praticaram contra o povo judeu fossem conhecidos, foram enviados para os gulags ou assassinados pela NKVD. Vasily viu todos os seus livros retirados do mercado e o seu nome atirado para o esquecimento. 
Vasily Grossman durante a Segunda Guerra Mundial

Para o regime estalinista, nenhum crime em especial fora cometido contra os judeus. Os crimes tinham sido cometidos contra cidadãos da União Soviética. Em algum momento admitiam a existência de alvos preferenciais. Também não era do interesse do regime aceitar as culpas de muitos ucranianos no holocausto nazi. A Ucrânia sofrera terrivelmente com as fomes e purgas causadas por decisões do governo de Moscovo e em muitos casos os ucranianos receberam a Wehrmacht como libertadores. Os muitos judeus da região não tiveram noção do que se aproximava, não só porque o avanço nazi foi demasiado rápido para que as cidades pudessem ser devidamente defendidas ou sequer evacuadas, mas também porque devido à política de controlo dos media, o cidadão comum da URSS não tinham qualquer noção de que os nazis viam nos judeus a raiz de todos os males. Isto era o resultado do pacto Molotov-Ribbentrop de 1939, em que os ministros dos negócios estrangeiros da União Soviética e do III Reich dividiram a Polónia entre os dois impérios. Desde essa data até ao ataque surpresa de 1941 os dois países mantinham uma aliança comercial contra-natura mas extremamente bem sucedida.

Tal como os seus concidadãos, Grossman não se apercebe do que está a acontecer. Lentamente, depois da batalha de Stalingrado, quando o Exército vermelho começa a recuperar o território perdido, os crimes nazis começam a ser conhecidos. Este escritor recolhe os testemunhos dos sobreviventes, dos generais e dos soldados razos e a imagem do holocausto forma-se de forma cada vez mais clara. O próprio, sendo judeu, teme durante todo o tempo pela vida da mãe, que sendo judia em território ocupado tinha poucas hipóteses de sobrevivência.

Vasily Grossman não é um espectador. Em várias situações apercebemos-nos que terá pegado em armas, que a escrita não era suficiente. Também não é neutro. Aparenta ser um apoiante sério, mas não fanático, do projecto soviético, mas com a andar do tempo o afastamento é cada vez mais óbvio. Nas suas notas pessoais podem-se encontrar inúmeras descrições dos crimes de violação, saque e homicídio cometidos pelo Exército Vermelho. Era também extremamente crítico da forma como as chefias atiravam homens mal preparados para a morte. Tinha uma admiração enorme pelos homens comuns que se transformavam em heróis durante as grandes batalhas, e estes retribuiam-lhe com confiança e carinho. Grossman ajudou a elevar a um estatuto mítico os aviadores russos, que abalroavam os Stukas alemães em acções que roçavam o suicídio, das Bruxas da Noite (as mulheres piloto que faziam bombardeamentos noturnos e entrega de mantimentos nos seus biplanos), os atiradores furtivos (o filme Enemy at the Gates[1] é baseado em parte em algumas das descrições de Vasily), dos pilotos dos barcos de transporte do Volga cuja esperança de vida no lugar se media em semanas e, já no final da guerra, as tripulações dos imparáveis tanques T-34 e dos modernos Katyushas no seu avanço sobre o Reich.

Beevor consegue organizar e encaixar de forma elegante todas estas notas, cartas e artigos formando um livro completo e emocionante. Na retina fica a melhor descrição que já li ou vi da batalha Estalinegrado, uma que figurará certamente nas mais importantes batalhas alguma vez travadas e do qual acabamos por saber tão pouco já que foi travada entre duas potências cujos media estavam totalmente dependentes da propaganda dos respectivos estados.

Título: Um Escritor Na Guerra
Subtítulo: Vasily Grossman com o Exército Vermelho 1941-1945
Autor: Antony Beevor e Luba Vinogradova
Editora: Edições 70

domingo, 14 de abril de 2013

Origens da Grande Guerra

Book Review


Que livro! O Coronel David Martelo analisa  a forma como as grandes potências do mundo cairam na loucura da primeira guerra mundial, então conhecida como "A Grande Guerra". É difícil descrever este livro, mas digo-vos com toda a sinceridade que fiquei várias vezes sem fôlego enquanto o lia. Como um bom filme de terror e suspense do qual sabemos que grande parte das personagens terão um fim trágico, também neste livro temos vontade de gritar aos principais actores e rogar-lhes para que corrigam o caminho.  Chegamos ao final com a sensação de que o deveríamos começar a ler novamente do início, mas tendo a consciência de que o sabor já não será o mesmo. 

Compreensivelmente, este militar de carreira consegue-nos explicar claramente os erros táticos e estratégicos cometidos pelas diversas forças armada com enorme facilidade, nomeadamente a formma como todos os lados tinham a certeza de que a guerra seria curta e de movimento, com a cavalaria a ter um papel fundamental. As recentes guerras dos Boeres, na África do Sul e a guerra Russo-Japonesa também foram olimpicamente ignoradas, sendo que estas já davam indicações de que o poder de fogo das metralhadores modernas, juntamente com a invenção das minas terrestres e do arame farpado, colocava os defesas em enorme vantagem sobre os atacantes. Também a distância e precisão do tiro tinham aumentado muitíssimo e as novas armas permitiam a sua utilização com os soldados deitados, o que mais uma vez fortalecia as defesas. Por fim a utilização de comunicações terrestres (telefone com fios, já que o sem fios era demasiado pesado para campanha e era usado apenas nos barcos) abriu o caminho para que a artilharia de longo alcance actuasse em conjunto com observadores próximos do alvo, ajudando-os a corrigir a posição. Enquanto tudo isto acontecia, a generalidade dos exércitos - em especial o que era considerado o melhor de todos, o françês - falavam apenas de honra e da importância do combate decisivo. Apoiando-se nas brilhantes teorias militares napoleónicas, considerava-se que as guerras se ganhavam quebrando o ânimo do adversário, tipicamente numa única batalha enorme e decisiva. Enquanto isso, os alemães preparavam uma estratégia de ataque com táticas de defesa, ou seja, segundo o plano Schlieffen, uma enorme manobra de envolvimento através da Bélgica (i.e. violando a neutralidade da Bélgica) procuraria fechar os exércitos franceses e ir directo a Paris. Em simultâneo, quando encontravam adversários preparavam imediatamente trincheiras, sendo que a pá (talvez a arma mais importante de toda a guerra...) fazia parte do kit standard dos soldados alemães.

Mas se na sua vertente militar e tecnológica, David Martelo é obviamente um especialista, devo admitir que fiquei surpreendido com a qualidade e profundidade da sua análise da política e diplomacia da época. É clara, bem documentada e lógica. Desde as ambições dos novos impérios da europa, como a Alemanha, a Itália e até a Sérvia com as suas ambições de unir os eslavos do sul (o que mais tarde se veio a chamar de Jugoslávia), até ao movimento esperado dos velhos impérios de manter a sua posição, tal como o Reino Unido, a Rússia czarista e o império Austro-Húngaro.

Um livro interessantíssimo, bem escrito e que não exige qualquer conhecimento prévio sobre o assunto.


Título: Origens da Grande Guerra
Subtítulo: Rumo às trincheiras. Percurso político-militar (1871-1914)
Autor: David Martelo
Editora: Edições Sílabo

PS (2013-04-19): A editora Sílabo teve a amabilidade de disponibilizar no seu site o primeiro capítulo do livro. Aqui fica o link

sexta-feira, 12 de abril de 2013

PBY Catalina

Não sei quando foi a primeira vez que ouvi falar do "Catalina", este magnífico hidrovião bombardeiro americano do início da segunda guerra mundial, mas sei quando foi a primeira vez que o vi: em pleno céu, à minha frente quando estava nos comandos de um Messerschmit 109 E. Não foi nos meus sonhos, mas lá perto, enquanto jogava o simulador War Thunder, de que já aqui falei recentemente.


"Canso A" (Catalina produzido no Canada, usava a
denominação "Canso" sendo o "A" relativo à versão anfíbia.

Fiquei surpreendido com o Catalina[1]. Achei-o grande, lento e inútil. Com uma certa beleza rude, é verdade, mas incapaz de se aguentar contra um caça topo de gama da mesma época. No entanto, depois de perder o meu avião, ou melhor depois de perder muitos aviões a tentar abater estes PBY começei a achar que talvez estivesse perante algo mais interessante do que originalmente tinha pensado. Quando comecei a voar com um destes hidroviões, apercebi-me rapidamente da sua capacidade de voar com enorme dano, e ainda que era um avião preferido de muitos outros jogadores. E é aqui que saímos do jogo entramos na parte histórica do avião. 

O PBY-5 Catalina[2] é o hidroavião produzido em maiores quantidades alguma vez feito. Já era considerado obsoleto quando a guerra começou, mas os sucessivos barcos voadores que forem sendo criados e produzidos não lhe conseguiram nunca roubar definitivamente o lugar. Na realidade este avião era a mais formidável arma anti-submarino que os aliados tiveram durante toda a guerra. Tinha um alcance superior a 4000 km, tinha a possibilidade de aterrar na água para recuperar feridos e dar apoio a embarcações e levava consigo uma carga letal (1800 kg) de bombas de profundidade ou torpedos. Foi também um destes que conseguiu finalmente encontrar o couraçado Bismarck, que depois de uma longa batalha onde participaram mais de 100 navios, foi afundado na sua viagem inaugural pelo Atlântico ao largo de Brest, França[3].

Para a história ficam também os famosos Black Cats, uma esquadrilha de Catalinas totalmente pintados de preto que operou no Pacífico durante a guerra e que fazia bombardeamentos noturnos, reconhecimento e salvamento de tripulações de barcos afundados.


PBY-6 Catalina de Philippe Cousteau,
nas OGMA em Portugal, um dia antes do seu trágico fim
Este avião teve uma longa utilização por outras forças aéreas, tendo sido utilizado no Brasil até 1982 para vigilância costeira e apoio às populações no extremo interior da Amazónia. Das dúzias de Catalina's ainda a voar hoje em dia, a maioria fazem-no nos serviços aéreos de bombeiros.

Numa nota menos feliz, Philippe Cousteau[4], filho do famoso explorador françês Jacques-Yves Custeau, perdeu a vida no seu Catalina no rio Tejo, junta a Alverca em 1979[5]. O acidente deu-se quando testavam o avião, já na água e a alta velocidade. 

Deixo-vos aqui um documentário sobre este espectacular avião. Um documentário "dos antigos", só com imagens da época e ainda sem o apoio das imagens de computador[6].








quarta-feira, 10 de abril de 2013

Que Ditador Árabe Sou Eu?

Um bocadinho diferente dos meus posts habituais... mas espero que gostem.

Filme "O Ditador" com Sacha Baron Cohen 
Com a chegada da Primavera Árabe apercebemos-nos de como os diferentes ditadores do Médio Oriente reagiram perante a pressão pública, os media internacionais, as grandes potências do mundo e a religião. Todos tiveram comportamentos diferentes, e os resultados - para os próprios e para os seus povos - também não são iguais...







sábado, 6 de abril de 2013

Merkel nua, e daí?

Angela Merkel nua?
Subitamente, uma fotografia de Angela Merkel nua com cerca de três décadas aparece nos jornais online e torna-se viral nas redes sociais. Muitos questionam a sua veracidade procurando analisar a fotografia em todos os seus pormenores. Outras aproveitam a oportunidade para comentar os atributos físicos da jovem Merkel. Por fim, alguns jornais mais sérios dizem-nos que estas fotografias "podem potencialmente causar danos à reputação internacional de Merkel"[1]

Pergunto-me: porque motivo a reputação de uma pessoa pode ser posta em causa por fazer nudismo? Ou por o ter feito há trinta anos? As sua políticas para a Alemanha e para a Europa serão melhores ou piores por causa disto? No lugar onde cometeu este acto o naturismo era proibido? Cometeu algum crime?

Os europeus têm, em geral, uma cultura menos puritana do que os americanos. Procuramos separar os contextos pessoais dos profissionais um pouco mais do que os nossos vizinhos do outro lado do Atlântico. A título de exemplo, vimos Bill Clinton a ser perseguido pelo seu envolvimento sexual com Monica Lewinsky. Durante meses, o país congelou na expectativa do desfecho político (que esteve à beira do impeachment[2]) com todas as políticas internas e externas a ficarem dependentes disto. A maioria das pessoas na europa, segundo me pareceu na altura, não conseguiam compreender como um problema que deveria ser resolvido entre três pessoas (Bill, Hilary e Monica) era discutido por centenas de milhões. Como um assunto pessoal chegou ao ponto de quererem destituir o presidente. 

Mais recentemente, Tiger Woods veio à televisão pedir desculpas pelas relações que teve fora do casamento e prometeu aos milhões de telespectadores que iria iniciar uma cura de desintoxicação ou algo do mesmo género para quem sofre de o-que-quer-que-aquilo-seja. Da minha parte perdoei-lhe logo na altura. Aliás, não sei muito bem porque motivo ele me pediu desculpa porque eu só admirava enquanto jogador de golfe. Nunca me passou pela cabeça que tivesse que o imitar enquanto pai ou marido. 

Entretanto, também a então Primeira Dama francesa Carla Bruni, se viu no topo de um suposto escândalo por uma fotografia sua nua, do tempo em que era modelo ter sido leiloada. Felizmente a situação não parece ter causado demasiado incómodo ao casal.

Não compreendo que uma pessoa, só por ser uma figura pública, tenha que ser um santo ou um modelo em todos os aspectos da sua vida. São seres humanos como todos os outros e têm virtudes e defeitos como qualquer um de nós. 

Neste caso de Merkel, o que ela fez não é crime e não é sequer moralmente errado. Isto, assumindo que de facto é ela que está na fotografia. O que ela vale enquanto Chanceler da Alemanha e enquanto líder de facto da União Europeia não é nem deve ser minimamente afectado por isto. E por último, as suas qualidades físicas são irrelevantes para o facto. O nudismo não é um exclusivo de modelos nem de jovens. É um direito aceite na Alemanha e em muitos outros países da europa ocidental. E é um direito para todos, sejam eles novos, velhos, gordos ou magros, conhecidos ou anónimos.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Kalashnikov

Book Review
Mikhail Kalashnikov

O sucesso da espingarda de assalto AK-47 é, para mim, um tema fascinante. Já tinha escrito sobre esta arma em Abril do ano passado, onde cobri as vezes que me cruzei com esta em diferentes países, como a Palestina, o Sahara Ocidental, Marrocos, entre outros[1]. No entanto, nunca me tinha interessado particularmente sobre o seu criador, Mikhail Kalashnikov[2]. Mas as feiras do livro têm destas coisas e quando vi um livro potencialmente interessante ao preço de um menu do McDonalds resolvi imediatamente sacrificar o almoço. E não me arrependi.

A personalidade de Kalashnikov é absolutamente surpreendente. Ainda está vivo, no topo dos seus 93 anos. Comunista convicto, defende Stalin como provavelmente não veremos hoje ninguém o fazer. Mesmo os mais ultra ortodoxos dos comunistas - como Álvaro Cunhal - tinham dificuldades em apoiar uma personagem como Stalin, mas não Kalashnikov. No entanto, foi esse mesmo regime, que lançou toda a sua família para os gulags sob acusão de serem kulaks (proprietários abastados que foram perseguidos pelo regime nos anos 30) quando ainda tinha 11 anos. Fugiu diversas vezes dos gulags e viveu toda a vida com papeis falsificados escondendo a sua infância. Só depois da queda da URSS essa parte da sua vida pode ser contada. Até hoje, Kalashnikov acredita que Stalin não era culpado dos genocídios feitos nessa época, mas sim as autoridades locais.
Mikhail Kalashnikov com Elena Joly,
autobiografia do inventor da mais
 famosa metralhadora do mundo

Algumas das suas histórias, fizeram-me imediatamente lembrar os criadores do Ekranoplano, de quem escrevi um artigo no ano passado. Também estes engenheiros militares viram a sua importância e reconhecimento mudarem ao sabor dos líderes políticos. Kalashnikov é um produto do conservadorismo soviético mais extremo. E certamente o homem certo para Stalin, como mais tarde foi para Brejnev. Estes eram adeptos dos enormes exércitos e das armas convencionais. A AK-47, tal como muitas outras armas criadas por Kalashnikov, eram as armas perfeitas para estes exércitos quer se tratassem de tropas em esquis na Sibéria ou em cima de camelos no deserto. Krushev, por outro lado era um adepto das novas tecnologias. Apostou muito mais nas armas atómicas, assim como em ideias novas (como o Ekranoplano). E todos eles, depois da queda da URSS, viram os seus últimos anos de vida passados com miseráveis pensões estatais. Este livro escrito em 2003 fala da pensão de Kalashnikov (agora general) rondar os 500 euros mensais.

Algo muito curioso que podemos ver no livro é a comparação entre dois criadores de armas, um na União Soviética e outro nos Estados Unidos. Numa URSS colectivista e comunista, a arma ficou com o nome do seu criador, Kalashnikov, tal como outras armas como a Dragunov[3] ou os aviões Mig[4]. Nos Estados Unidos da América, uma sociedade capitalista e individualista, o nome de Eugene Stoner[5] não ficou na espingarda de assalto, utilizando-se simplesmente a designação de M16[6]. No entanto, Eugene tinha um avião, um helicóptero e era imensamente rico porque recebia por cada M16 que era produzida. Mas não tinha qualquer condecoração do estado americano e é virtualmente desconhecido do povo americano. Por seu lado, Kalashnikov fora promovido até general, detinha todas as condecorações possíveis e imaginárias da União Soviética e da Federação Russa e é gravou o seu nome na história do mundo.

[Foto: http://www.myspace.com/m_t_kalashnikov/photos/4905979]