terça-feira, 27 de outubro de 2015

Governo de Destruição Nacional

Já há muito que António Costa nos mostrou o que valia: Quando Lisboa precisou de cultura, tentou roubar o Red Bull Air Race ao Porto. Quando precisou de limpar dívida, passou-a para o Estado central. Quando precisou da liderança do PS, rasgou o acordo com que tinha feito com José Seguro apenas uns meses antes e atirou-o pela janela. Não deveria ser por isso estranho que mesmo depois falhar o seu objectivo primário (a maioria absoluta) e também o secundário, que seria uma maioria relativa, e fracassando ainda o objectivo (criado à última hora por artistas como Adão e Silva) de "ter mais deputados do que a parte da coligação que corresponde ao PSD", Costa ainda achasse que devia ser Primeiro-Ministro.

António Costa prometeu que não iria mandar o governo abaixo se não tivesse uma alternativa garantida à esquerda. Mas já devíamos saber que essas promessas não são para ser cumpridas. Num momento de ira pós declaração do Presidente Cavaco Silva, e numa decisão ululantemente apoiada pelas suas tão fieis (?) hostes, já nos informou que irá rejeitar o plano de governo (independentemente do que lá estiver escrito) e que o governo da coligação PSD/CDS tem os seus dias contados.

Mas a coligação negativa ameaça agora tornar-se numa espécie de Governo de Destruição Nacional. Uma oportunidade de tempo limitado (vamos ignorar desde já o conto de crianças de que seria para durar 4 anos...) para colocar factos no terreno que depois são dificílimos de alterar. O canto da sereia syrizista já clama os amanhãs que cantam com mais salários e reformas, menos horas de trabalho, o fim das privatizações em curso e menos impostos o que significa que, como não existe qualquer impedimento constitucional, e desde que os três líderes da esquerda nacional tenham a coragem de se juntar num governo "a sério" (daqueles em que eles se comprometem a governar mesmo, com Ministros e outras responsabilidades) lá teremos oportunidade de fazer história. Carlos César já nos explicou a matemática deste modelo: se os objectivos não forem cumpridos... mudam-se os objectivos à posteriori. Eu, pessoalmente, acho que evitava emprestar dinheiro a alguém que pensa desta forma...

Vai ser uma aventura cara, que provavelmente levará umas décadas a recuperar e naturalmente que irá rapidamente destruir qualquer equilíbrio financeiro, comercial e produtivo que Portugal conseguiu recuperar depois da combinação explosiva de Sócrates com a Grande Recessão. E será certamente triste ver Portugal a ter que pedinchar mais uma ajuda externa de uma qualquer troika (ups, "instituições credoras") pela quarta vez em quatro décadas. Mas enfim, talvez seja mesmo esse o preço a pagar para que Portugal deixe de vez ter um milhão de pessoas a votar em soviéticos e trotskistas e nos possamos finalmente juntar ao grupo dos países verdadeiramente desenvolvidos.