Por Miguel Sousa Tavares in Expresso 2013-06-15 (artigo integral sem qualquer tipo de alterações, cortes, highlights ou comentários)
A minha entrada no ensino foi feita numa pequeníssima aldeia rural do norte. Éramos uns 80 alunos, da 1ª à 4ª classe, todos juntos na mesma e única sala de aula da escola - que não me lembro se tinha ou não casas-de-banho, mas sei que não tinha qualquer espécie de aquecimento contra o frio granítico, de Novembro a Março, que nos colava às carteiras duplas, petrificados como estalactites. Lembro-me de que o "recreio" era apenas um pequeno espaço plano, enlameado no Inverno, e onde jogávamos futebol com uma bola feita de meias velhas e balizas marcadas com pedras. A escola não tinha um vigilante, um porteiro, uma secretária administrativa. Ninguém mais do que a D. Constança, a professora que, sozinha, desempenhava todas essas tarefas e ainda ensinava os rios do Ultramar aos da 4ª classe, a história pátria aos da 3ª, as fracções aos da 2ª, e as primeiras letras aos da 1ª. Ela, sozinha, constituía todo o pessoal daquilo a que agora se chama o 1º ciclo. Se porventura, adoecesse, ou se na aldeia houvesse, que não havia, um médico disposto a passar-lhe uma baixa psicológica ou outra qualquer quando não lhe apetecesse ir trabalhar, as 80 crianças da aldeia em idade escolar ficariam sem escola. Mas ela não falhou um único dia em todo o ano lectivo e eu saí de lá a saber escrever e para sempre apaixonado pela leitura. Devo-lhe isso eternamente.
Miguel Sousa Tavares |
Nesse tempo, não havia Parque Escolar, não havia pequenos-almoços na escola (que boa falta faziam!), não havia aquecimento nas salas, não havia o recorde de Portugal e da Europa de baixas profissionais entre os professores, não havia telemóveis nem iPads com os alunos, não havia "Magalhães" ao serviço dos meninos, mas sim lousas e giz, os professores não faziam greves porque estavam "desmotivados" ou "deprimidos" e a noção de "horário zero" seria levada à conta de brincadeira. Era assim a vida.
Não vou (notem: não vou) sustentar que assim é que estava bem. Limito-me a dizer que tudo é relativo e que nada do que temos por adquirido, excepto a morte, o foi sempre ou o será para sempre. E sei que na Finlândia - o país considerado modelo no ensino básico e secundário pela OCDE - os professores trabalham mais horas do que aqui, não faltam às aulas e ganham proporcionalmente menos. Com resultados substancialmente melhores, do único ponto de vista que interessa aos pais e aos contribuintes: o desempenho escolar dos alunos.
Só uma classe que recusou, como ultraje, a possibilidade de ser avaliada para efeitos de progressão profissional - isto é, uma classe onde os medíocres reivindicaram o direito constitucional de ganharem o mesmo que os competentes - é que se pode permitir a irresponsabilidade e a leviandade de decretar uma greve aos exames nacionais. Nisso, são professores exemplares: transmitem aos alunos o seu próprio exemplo, o exemplo de quem acha que os exames, as avaliações, são um incómodo para a paz de um sistema assente na desresponsabilização, na nivelação de todos por baixo, na ausência de estímulo ao mérito e ao esforço individual.
Mas a greve dos professores vai muito para lá deles: reflecte o estado de espírito de uma parte do país que não entendeu ou não quer entender o que lhe aconteceu. Deixem-me, então recordar: Portugal faliu. O Portugal das baixas psicológicas, dos direitos adquiridos para sempre, das falcatruas fiscais, das reformas antecipadas, dos subsídios para tudo e mais alguma coisa, dos salários iguais para os que trabalham e os que preguiçam, faliu. Faliu: não é mais sustentável. Podemos discutir, discordar, opormo-nos às condições do resgate que nos foi imposto e à sua gestão por parte deste Governo: eu também o faço e veementemente. Mas não podemos, se formos sérios, esquecer o essencial: se fomos resgatados, é porque fomos à falência; e, se fomos à falência, é porque não produzimos riqueza que possa sustentar o modo de vida a que nos habituámos. Se alguém conhece uma alternativa mágica, em que se possa ter professores sem crianças, auto-estradas sem carros, reformas sem dinheiro para as pagar, acumulando dívida a 6, 7 ou 8% de juros para a geração seguinte pagar, que o diga. Caso contrário, tenham pudor: não se fazem greves porque se acaba com os horários zero, porque se estabelece um horário semanal (e ficcional) de 40 horas de trabalho ou porque o Estado não pode sustentar o mesmo número de professores, se os portugueses não fazem filhos.
Por mais que respeite o direito à greve, causa-me uma sensação desagradável ver dirigentes sindicais, dos professores e não só, regozijarem-se porque ninguém foi trabalhar. Ver um sindicalismo de bota-abaixo constante, onde qualquer greve, qualquer manifestação, é muito mais valorizada e procurada do que qualquer acordo e qualquer negociação - como se, por cada português com vontade de trabalhar, houvesse outro cujo trabalho consiste em dissuadi-lo desse vício. Assim como me causa impressão, no estado em que o país está, saber que quase 200.000 trabalhadores pediram a reforma antecipada em 2012, mesmo perdendo dinheiro, e apesar de se queixarem da crise e dos constantes cortes nas pensões. Porque a mensagem deles é clara: "Eu, para já, mesmo perdendo dinheiro, safo-me. Os otários que continuarem a trabalhar e que se vierem a reformar mais tarde, em piores condições, é que lixam!" É o retrato de um país que parece ter perdido qualquer noção de destino colectivo: há um milhão de portugueses sem trabalho e grande parte dos que o têm, aparentemente, só desejam deixar de trabalhar. Será assim que nos livraremos da troika?
As coisas chegaram a um ponto de anormalidade tal, que, quando o ministro da Educação, no exercício do seu mais elementar dever - que é o de defender os direitos dos alunos contra a greve dos professores - convoca todos eles para vigiar os exames, aqui d'El Rey na imprensa bem-pensante que se trata de sabotar o legítimo direito à greve. Ou seja: que haja professores (que os há, felizmente!) dispostos a permitir que os alunos tenham exames é uma violação ilegítima do direito dos outros a que eles não tenham exames. Di-lo o dr. Garcia Pereira, o advogado dos trabalhadores e do dr. Jardim, infalível defensor da classe operária, e o mesmo que, no final do meu tempo de estudante, na Faculdade de Direito de Lisboa, invocando os ensinamentos do grande camarada Mao, decretava greve aos "exames burgueses" - que o fizeram advogado.
Não contesto que as greves, por natureza, causem incómodos a outrem - ou não fariam sentido. Mas há limites para tudo. Limites de brio profissional: um cirurgião não resolve entrar em grave quando recebe um doente já anestesiado pronto para a operação; um controlador aéreo não entra em greve quando tem um avião a fazer-se à pista; um bombeiro não entra em greve quando há um incêndio para apagar. Eu sei que isto que agora escrevo vai circular nos blogues dos professores, vai ser adulterado, deturpado, montado conforme dê mais jeito: já o fizeram no passado, inventando coisas que eu nunca disse, e só custa da primeira vez. Paciência, é isto que eu penso: esta greve dos professores aos exames, por muitas razões que possam ter, é inadmissível.
Bom, parece-me que o sujeito não foi sinalizado na escola em tempo oportuno... permitindo-se a estas diarreias mentais. Que dizer...!
ResponderEliminarCaro Paulo, diga-nos lá então que enorme disparate está MST a dizer neste artigo?
EliminarSerá que os professores pedem uma avaliação? Não serão eles o último reduto das promoções automáticas na sociedade portuguesa? Não estarão eles a "assassinar o refém" enquanto acusam um terceiro de ser responsável por não ter pago o resgate?
Paulo voçê deve ser um priveligiado de Abril, um dos que em gratuitamente faz greves instigado pelo Xuxas do P$ e esquerda do caviar, continue assim que qualquer dia ver a realidade.
EliminarEste Sr Paulo Jorge é mais um parasita que anda por cá e que tem ajudado a arrastar este país maravilhoso para a lama onde se encontra. Estou confiante que esta corja está em vias de extinção e que o futuro pertence a uma geração trabalhadora.
Eliminarcaro Sr. Paulo Jorge, totalmente de acordo consigo. O MST tem o direito de dizer o que bem lhe apetece, e você também. Se calhar os que acharam que ele foi "terrorista" quando chamou palhaço ao Cavaco, ofendendo os palhaços, são os que agora aplaudem de pé o MST por ter escrito isto.
EliminarHaja coerência senhores "comentadores do deita abaixo"
Eu sou um dos parasitas retratado nesta crónica, e ao contrário dos que aqui comentam sei do que falo.
EliminarEm primeiro, nós (parasitas) nunca nos recusamos a ser avaliados, não concordávamos e não concordamos em ser avaliados por quem concorre pelo mesmo lugar, entre outra arbitrariedades.
Em segundo, nós (os parasitas) não somos promovidos automaticamente, isso é para os militares, eu estou congelado na carreira e nas promoções à mais de seis anos. Estou no miserável 3º escalão (22 anos de excelente serviço) à 8 anos.
Terceiro, eu não sou individualmente responsável por uma dívida que não contraí, tal como os senhores pretendem, que a sangria nos parasitas estanque os empréstimos que vos ajudaram a sustentar, empresários e jornalistas de sucesso.
Quarto,estou farto de lhe dar conversa. O senhor era e é jornalista e comentadeiro durante estes anos que resultaram no que aqui se vê, porque não conseguiu influenciar a opinião pública para que não permitisse os abusos que se verificaram??? Ahhh, também é um parasita .... Bem vindo camarada, junte-se a nós faça greve e cale-se de uma vez!!!
Sr. Castelar
Eliminar"22 anos de excelente serviço" presumo como professor, e escreve: "promoções à mais de seis anos. Estou no miserável 3º escalão (22 anos de excelente serviço) à 8 anos."
Professor de quê????? Da disciplina Como Escrever Pretogês?
...há mais de seis anos...
...há 8 anos.
Tenha dó. Vá estudar novamente e aprenda a escrever Português.
Fui eu quem introduziu a palavra parasita nesta discussão. O Sr. Aires Castelar usou-a exaustivamente num tom ofendido!!! Infelizmente disparou numa série de erros de português que envergonham qualquer cidadão que fale a língua de Camões!!! Ofendido devia estar eu, por pensar que pago impostos que sustentam este ignorante, que por sua vez transmite a sua ignorância aos seus alunos!!! Este senhor devia ser banido do ensino público, tal foi o nº de disparates que cometeu. Obviamente que é esta a corja que faz greves!!!
EliminarCriticar, comentar, insultar, ser ignorante sob a capa do anonimato, a isso, eu chamo covardia.
EliminarSr. Anónimo ignorante, " promoções " é assim mesmo que se escreve.
Critique construtivamente e não insulte.
Caro Aires Castelar
EliminarAinda bem que apoia a avaliação dos professores. É um ponto muito importante e que gostaria de o ver detalhar, já que obviamente não concorda com os formatos propostos até agora.
Em relação às promoções automáticas, penso que sabe tão bem como eu que estas existiram durante muito tempo, e se dependesse do sr. Mário assim continuaríamos. Apenas a situação de emergência em que nos encontrámos foi capaz de acabar com essa loucura. Mais, os militares não têm direito a isso, ou então acabariam todos como generais. Daí dá para perceber o absurdo de um sistema deste tipo.
Em relação à dívida, o meu caro não é responsável individualmente pela dívida contraída pelo seu governo legitimamente eleito (e pelos anteriores, igualmente legítimos), mas é responsável comunitariamente por ela.
Os melhores cumprimentos,
Muitas semanas antes do dia do exame de Português, dia 17 de Junho, o Sr. Ministro da Educação já sabia que a greve ao exame estava marcada. Se estava, efetivamente, preocupado com a estabilidade e sucesso dos alunos, por que razão não marcou nova data para o referido exame, nos dias anteriores ao exame, quando já não era possível aos sindicatos apresentarem novo pré-aviso de greve? Até já lhe tinha sido sugerida uma, o dia 20 de Junho, por outra entidade superior! Sendo assim,a quem o Sr. Ministro tramava era aos professores, que ficavam com maior sobrecarga de trabalho, até porque muitos deles ainda estão em aulas e em reuniões. Tinha sido tudo tão fácil de resolver, em minha opinião ......
EliminarSabem uma das coisas que eu desejava? Era não andar a pagar, amargamente, como mui....tos outros portugueses, uma dívida pela qual não me sinto minimamente responsável. Sempre vivi de acordo com as minhas possibilidades ... não tenho dívidas, felizmente, .......
Cá p'ra mim, o menino Miguel não terá ultrapassado nunca, o trauma de alguma magistral enrabadela com que terá sido contemplado pelo mestre-escola. Qual D.Constança!
ResponderEliminarNão vou apagar o seu comentário. Penso que é indicativo de como a falta de argumentos resvala tão facilmente para o insulto.
EliminarSegundo o seu perfil... é professor. Espero que não utilize esse tipo de linguagem e lógica com os seus alunos.
EliminarEntão é verdade que esta conversa da liberdade de expressão na Net é tudo treta, existem senhores antónios com o poder de apagar os comentários que não lhe agradam!
EliminarA internet e liberdade de expressão permitem muita coisa, como por exemplo faltas de educação cobardemente escondidas por detrás de um computador.
EliminarGostava de ver aquele Sr. dizer isto na cara de alguém.
Existe uma pequena(para si, já que para os outros será grande e por demais óbvia)diferença entre exprimir uma opinião e ser-se simplesmente mal educado.
Mas a tentativa de defesa de ofensa e má educação por detrás da "liberdade de expressão" é típica dos sujeitos que o MST tão claramente identifica no texto, isso e esta pequena preciosidade que o Sr. optou por "ignorar"
"Sr. Castelar
"22 anos de excelente serviço" presumo como professor, e escreve: "promoções à mais de seis anos. Estou no miserável 3º escalão (22 anos de excelente serviço) à 8 anos."
Professor de quê????? Da disciplina Como Escrever Pretogês?
...há mais de seis anos...
...há 8 anos.
Tenha dó. Vá estudar novamente e aprenda a escrever Português."
Caro Aires Castelar
EliminarEu tenho o poder de apagar os comentários porque sou o moderador do fórum. Tenho a certeza que no seu blog também terá direito a fazê-lo.
De qualquer forma, é um poder que não utilizo, mesmo quando sou insultado. Acredito que a liberdade de expressão é mais importante e tenho bastante paciência para responder, mesmo a algumas pessoas mais excitadas.
Os melhores cumprimentos,
António
Concordo completamente com o Miguel Sousa Tavares
ResponderEliminarEste senhor deve de ter no minimo 80anos porque omeu pai tem 65 e já escrevia em cadernos, não tinha 80 alunos numa sala de aulas e já tinha auxiliar que se chamava tal como no meu tempo (tenho 36 anos)de contínua. Já agora este inútil podia dizer o que acha da condição privilegiada que vivem os militares pois como ele sabe e muito bem fazem grande parte dos 200 000 que pediram reformas antecipadas e não foi aos 60 anos mas sim aos 45 sem saberem o que foi trabalhar um só, mas sobre esses nem se atreve a falar o covarde. Já agora inadmissível é este merdas ter tempo de antena.
ResponderEliminarTalvez o seu pai não vivesse numa aldeia do interior, talvez o seu pai não vivesse no Norte, talvez o seu pai tenha tido sorte. É indiferente. Não é esse o argumento de MST.
EliminarEle tem colunas de opiniões em vários jornais e televisões, tenho a certeza que poderá obter lá a sua (dele) opinião sobre os militares. O que aqui se está a discutir é os professores e a sua greve.
Os melhores cumprimentos,
se o seu pai tem 65 anos e já tinha cadernos ou os pais dele tinham dinheiro, pois foi grande previligiado, o mal é que quem fala e chama nomes ao Miguel Sousa Tavares não passou por aquilo que ele acaba de descrever. Tenho 50 anos e sou mulher,nasci numa aldeia à beira rio no Algarve,e na 1ª classe escrevia-se numa ardósia emuldorada de madeira e escreviamos com giz e um trapinho para apagar e voltar a escrever e foi assim que aprendi a escrever,as sebentas chegaram na minha 3ª classe e escreviamos com o tinteiro incorporado nas carteiras, muitas cheias de buracos,os cadernos na 3ª e 4ªclasse apareceram, para as tais provas numa folha de 25 linhas?? e tinhamos que ser artistas para não borrar a prova, aquilo era o normal, não havia comparação, pois as noticias, quando cá chegavam vinham fora de tempo, nem no mapa aparecia a minha aldeia, hoje tão visitada por turistas...em 1969 não havia electricidade,a casa de banho era o balde, que pela manhã se jogava directamente na Ria Formosa, banho só ao sábado depois de ajudarmos na limpeza da casa e não estou falando de castigo mas de participação nos afazeres domésticos e as raparigas sabiam que após as tarefas já podiamos brincar...hoje quem aprende cedo a participar, no bem comum da familia??? só quem tem criada e sempre teve, estando muito longe e na ignorância, do que se passava no resto do país, tem 36 anos, há quantos trabalha???faz os seus descontos na integra??? ajuda a quem precisa???já passou fome????o seu pai passou fome???? a minha mãe passou e ainda foi do tempo das senhas...lembro-me de me mandarem para casa, porque as meninas não vestiam calças, fazia parte do regulamento, proibido, mas o hino nacional cantado todas as manhãs de mão levantada, para umas fotos duns homens velhos e com cara de maus,tinha medo, nem sabia quem eles, com 6 ou 7 anos???a casa de banho era um buraco no chão e era mista...e cheguei ao 12º ano e não houve dinheiro para continuar a estudar,desde os 17 anos qque trabalho e nunca parei,ensinaram-me a ser uma pessoa integra...paguei sempre os meus impostos, colaborei at+e hoje como voluntária, estou desempregada há quase 3 anos, fiz todos os POC que haviam para fazer, em escolas primárias,não sou professora, mas a verdade é que substitui alguns em diferentes escolas e não ficava a brincar com os meninos, dava-lhes a aula com a orientação do professor ou não, assinei livro de ponto, etc e eu sou animadora cultural e vigilante de crianças e dentro destas categorias fiz de tudo o que era necessário fazer...e no fim nem um obrigado do Director do Agrupamento...faço hoje limpezas a 5€ hora e não pagam na hora temos que mendigar e ainda ouvimos dizer que nos estão a ajudar...tenho casa à venda, que é fruto de trabalho duro de 20 anos de restauração, 12 horas por dia no verão, quem nunca vergou a mola, nem conhece essa realidade é melhor fechar a boca, sou conhecida pelo trabalho e coragem que tenho, querem-me por perto porque sou criativa,voluntária, lutadora e faço por vezes mais do que me compete o que leva colegas a conseguirem correr comigo...quem me quer só pode pagar nada e contrato muito menos, o meu subsidio acaba em Outubro, o meu filho foi para África estudar porque eu aqui nem dinheiro para o comboio tinha para lhe dar, felizmente que o pai arrancou e ele teve essa sorte, merecida porque é excelente aluno...só sinto traição e revolta por ter dado tanto de mim e agora quem trabalha quando chega a sexta, bufam de tanto cansaço, da preguiça e da incompetência não falo porque nem português nem educação nem profissionalismo é quem ocupa os lugares de trabalho, porque sou velha e já não sirvo para nada, mas dou a voçta por cima vou á luta.E o Miguel Sousa Tavares é uma pessoa que eu gosto, alguém tem de falar a verdade...GRATA MIGUEL ABRAÇO DE ENERGIA POSITIVA...a negatividade têm os ignorantes
EliminarEntão o amigo anónimo defende que 50 anos depois, com todo o progresso cientifico, social, etc... regressemos à miséria pura e dura do antigamente. Para quê? Para que não falte dinheiro no bolso dos donos do capital puderem comprar a 10ª ilha nas caraíbas!?!
Eliminarisso nao foi o que ele disse... tantos que não sabem compreender uma composição simples que até um estrangeiro como eu compreende...
EliminarCaro Aires Castelar
EliminarQueira ler novamente o artigo do MST em relação ao regresso "à miséria pura e dura de antigamente": "Não vou (notem: não vou) sustentar que assim é que estava bem".
Os melhores cumprimentos,
António
Um mau artigo baseado não em factos científicos mas sim em opinião subjectiva. Devia ter investigado melhor o sistema de educação Finlandês, mas eu dou uma ajuda. Em relação ao facto dos professores Finlandeses ganharem menos comparativamente com os portugueses, é bastante ambíguo o que diz, está a comparar com as 35 semanais oficiais ou as que realmente os professores Portugueses trabalham? Tem as mesmas condições de trabalho? Qual é o método de avaliação?
ResponderEliminarGostaria também de conhecer o sucesso escolar dos seus colegas da primária, e compara-los com os de outra escola semelhante mas com menos alunos.
Não devemos pegar em excepções e tentar fazer passar a ideia de que todos são maus, ou bons.
Cumprimentos
"There are no mandated standardized tests in Finland, apart from one exam at the end of students’ senior year in high school. There are no rankings, no comparisons or competition between students, schools or regions. Finland’s schools are publicly funded. The people in the government agencies running them, from national officials to local authorities, are educators, not business people, military leaders or career politicians. Every school has the same national goals and draws from the same pool of university-trained educators. The result is that a Finnish child has a good shot at getting the same quality education no matter whether he or she lives in a rural village or a university town. The differences between weakest and strongest students are the smallest in the world, according to the most recent survey by the Organization for Economic Co-operation and Development (OECD). “Equality is the most important word in Finnish education."
Caro Alexandre
EliminarNão me parece que MST esteja a "tentar fazer passar a ideia de que todos são maus, ou bons". A questão da avaliação só é colocada precisamente por quem não aceita que os profissionais são todos iguais. Que uns são bons e outros são maus. Que os bons devem ser premiados e os maus devem saber que não estão a ter o desempenho necessário e que o têm que melhorar. E que deve haver consequências em relação à progressão na carreira, salário e até despedimentos.
Deixe-me fazer a pergunta de outra forma: apoiaria que fosse colocado em portugal o mesmo exacto sistema de educação que na Finlândia? E se fosse em tudo igual menos o salário?
Bom dia Caro António,
EliminarRealmente gabo-lhe a paciência para responder a toda esta gente e concordo quando fala de "como a falta de argumentos resvala tão facilmente para o insulto."
Quando as pessoas aprenderem a "encaixar" uma crítica construtiva, ao invés de passarem desde logo ao insulto e/ou às greves, certamente teremos um país melhor que o de hoje.
Cumprimentos
Caro Anónimo
EliminarMuito obrigado pelas suas palavras.
Os melhores cumprimentos,
António
Nesta questão dos professores, gostaria de ver comentada a seguinte situação, que até agora não vi referida por qq comentador. Queixam-se os professores do aumento do horário de trabalho, mas há inúmeros professores a darem explicações a dezenas de alunos , particulares ou em grupos. Não pagam impostos, dão aulas ilegalmente mas não lhes acontece nada e estão a tirar trabalho a colegas desempregados. Como é que arranjam tempo para as explicações? Se passarem a ter 35 horas semanais por exemplo, a coisa de facto complica-se...
EliminarCaro anónimo
EliminarDe facto, é uma fuga de impostos típica e do qual toda a gente tem conhecimento.
E para piorar a situação, em alguns casos temos professores a darem explicações aos seus próprios alunos, o que é um claro conflito de interesses a meu ver, para além da fuga de impostos.
Cumprimentos,
António
MIGUEL SOUSA TAVARES É FILHO DE PAIS QUE LUTARAM COM O ANTERIOR REGIMEN POR IDEIAS DE DEMOCRACIA E LIBERDADE. FORAM EXACTAMENTE ESSA DEMOCRACIA E LIBERDADES POR EXCESSIVAS E INCONTROLADAS, CONTROLO ESSE QUE ERA A RAZÃO DO SISTEMA POLÍTICO ANTERIOR E QUE COMO ELE DIZ FUNCIONAVA BEM EMBORA COM MODÉSTIA DE RECURSOS, FORAM ESSES EXCESSOS QUE FALIRAM PORTUGAL E QUE CRIARAM NA CABEÇA DOS PORTUGUESES EM GERAL A IDEIA DE QUE SÓ TINHAM DIREITOS E NÃO DEVERES, FOI O SISTEMA QUE ESTE SENHOR, OS PAIS DELE E AMIGOS ANTI FASCISTAS QUE PARIRAM ESTE BANDO DE CRIMINOSOS QUE DESTRUIRAM PORTUGAL E PRODUZIRAM GERAÇÕES DE PORTUGUESES SEM SENTIDO DE RESPONSABILIDADE E INCAPAZES DE ENFRENTAR A VIDA, FORAM ELES E SÃO ELES OS CULPADOS DESTA HECATACOMBE, TRAGÉDIA, APOCALIPSE, HOLOCAUSTO ECONÓMICO FINANCEIRO E MORAL DO PAÍS.... E AGORA VEM COM ESTA CONVERSA DE MERDA DIZER QUE COITADINHOS DOS ALUNOS, PORQUE OS PROFESSORES FIZERAM GREVE AOS EXAMES... E TERÃO DE FAZER MAIS TARDE UM SEGUNDO EXAME...CONVERSA DE MERDA SNR TAVARES... EU TENHO MUITO MAIS PENA DO PARTIDO SOCIALISTA A QUE OS PAIS E VEXA PERTENCEM OU SIMPATIZAM TER SIDO UM DOS OBREIROS PRINCIPAIS EM PARALELO COM O BANDO DO PSD E CDS A DESTRUIREM O FUTURO DOS JOVENS DE PORTUGAL, E O PRESENTE COM 45% DE DESEMPREGADOS ENTRE OS JOVENS... ISSO SIM É DRAMÁTICO, AGORA CONDENAR PROFESSORES QUE LUTAM PELO PÃP PARA ELES E PARA OS FILHOS É MISERÁVEL... ALÉM DO MAIS VEXA NÃO VIZ A VERADE... SABE PERFEITAMENTE QUE OS PARTIDOS DO GOVERNO GASTARAM NESTE ANO LECTIVO 83 MILHÕES DE EUROS PARA PAGAR AO ENSINO PRIVADO ALUNOS QUE DEVIAM ESTAR NO PÚBLICO, AO GRUPO GPS ONDE TERÁ SE CALHAR ALGUNS AMIGALHAÇOS ASSIM COMO O PSD, BEM OS HORÁRIOS ZERO PODERIAM SER HORÁRIOS COMPLETOS CASO ESTIVESSEM A LECCIONAR OS ALUNOS TRANFERIDOS PARA OS PRIVADOS POR NEGÓCIOS CRIMINOSOS DOS POLÍTICOS A QUE A EXMA FAMÍLIA DE VEXA SEMPRE PERTENCEU OU APOIOU...
ResponderEliminarCaro Da Costa Sousa
EliminarQuanto às culpas de PS, PSD e CDS, não haverá dúvidas nenhumas que eles serão responsáveis políticos pelo estado da educação.
De resto, a questão das escolas privadas parece-me algo diferente. O estado paga-lhes porque estes alunos não estão a causar despesa no público. Podemos questionar se esse valor é alto demais ou se queremos acabar com ele totalmente, tornando os alunos do privado duplos pagadores, o que também não parece ser uma solução muito justa. Mas não é disso que o texto de MST trata.
Quanto às contas dos professores e seus horários, deve ter ainda em conta que se os alunos do privado passarem todos para o público, os seus professores originais irão todos para o desemprego. Ou seja, o problema dos horários zero não fica realmente resolvido. Limita-se a ser substituido por outro de igual dimensão.
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ResponderEliminarAtaque ad hominem... sem qualquer relevância para a discussão em causa. Esforce-se lá um bocado. Tenho a certeza que consegue fazer melhor do que isto.
EliminarEste comentário foi removido pelo autor.
EliminarCaro António,
ResponderEliminarResponde ao que considera ser um ataque pessoal com outro
Até sempre
Espero que não. Apenas desafiei a que fizesse melhor. Não estou a ser irónico. Existem excelentes argumentos para apoiar a greve e insultar o MST não é um deles...
EliminarAs minhas desculpas se ofendi alguém, não era o objectivo. Apenas procurei provocar um debate mais lógico e realista.
MUITO BEM!!!
ResponderEliminarOs portugueses tem que entender que é preciso TRABALHAR!! Chega de DIREITOS adquiridos, so tem direitos quem realiza bem os DEVERES.
Esta greve, foi uma vergonha que manchou o profissionalismo dos professores, foi o descredito total dos mesmos. Isto porque não querem trabalhar 40horas(+5h) em CASA!!(nem é a dar aulas), porque querem trabalho que não há!
em portugal há 6professores por cada 9 alunos, onde é que isto já se viu!!!
Depois querem que sejamos considerados um pais desenvolvido, quando há atitudes, como as dos professores, dignas de Australopitechus....
Eu só gostaria de perguntar Ao SR. Miguel de Sousa Tavares se foram os professores que levaram à falência o nosso belo País? Mesmos aqueles que não cumpriram os seus deveres.
ResponderEliminarTalvez se olhar para o Parlamento encontre alguma resposta. Há lá lugares que não ganham pó porque as funcionárias são diligentes. O dinheiro do país não passa pela mão dos professores. Os buracos de milhões não foram detectados nas escolas...
O Sr. Miguel de Sousa Tavares escreve muito bem, é livre de pensar o que quiser mas não é cidadão de primeira quando faz análises injustas e deturpadas do trabalho dos professores. Muito mais poderia dizer mas por agora chega.
Caro Anónimo. Não posso falar pelo MST, mas poss-lhe deixar a minha humilde opinião.
EliminarOs professores certamente não serão os únicos culpados da crise. Mas também não serão os únicos inocentes da crise. São uma das maiores classes profissionais do país e directamente ligados a uma das mais importantes funções do estado social, que é a Educação.
A falência do país, deveu-se a dinheiro mal investido e consumo feito na base de endividamento. Deve-se a uma função pública em muitos casos ineficiente e um sector privado que em muitos casos funciona à mama do estado.
Não penso que ninguém considere os professores como o grande problema que levou o país à falência. Apenas um de muitos problemas. E certamente muitos professores são tudo menos responsáveis pela crise e trabalham todos os dias com afinco e dedicação, mesmo quando não existam avaliações que os distingam daqueles professores que nada fazem pelos alunos.
Os melhores cumprimentos,
As estatísticas são muitas vezes uma falácia.
ResponderEliminarSempre que as invocam faz-me lembrar a história do frango.... Estatisticamente um frango dá para 4 pessoas.
"Um frango dá perfeitamente para 4 pessoas. Pois...mas três não tem dinheiro, passam fome e o frango foi comido só por um."
Gostava que escrevesse onde foi buscar a informação de que há 6 professores para 9 alunos.
Pois, eu também vi essa dos "6 professores para 9 alunos" e não faço ideia de onde foram buscar essa ideia. Devem estar a contar com reformados, mortos e desempregados para conseguirem chegar a esse número.
EliminarMiguel Sousa Tavares no seu melhor. Mto bem dito: os professores preferem ter o seu diazinho de folga poor semana, os seus 3 meses de ferias anuais e nada de avaliacoes ou outras exigencias. Os bons professores nao fizeram greve. Os mediocres adoraram mais um fds grande (ou nao fossem as greves dos profs serem spr as 2as ou as 6as!!).
ResponderEliminarConcordo integralmente com o Miguel..
ResponderEliminarNão discuto o direito á greve, mas fico francamente indignado com as razões apontadas. Aliás hoje em dia o chamado "direito á greve" já se encontra tão banalizado que a maioria das pessoas faz greve "porque parece bem e para encher as praias da linha de Cascais", e não com o verdadeiro sentido da greve reivindicalista.
Meus srs. acordem Portugal faliu e por isso mesmo não podem continuar a viver com os mesmos tachos que sempre tiveram, nem a levar o mesmo nível de vida sem fazer nada para isso.
Portugal mais do que as reformas do estado, precisa urgentemente de uma reforma de mentalidades, algumas delas que vi espelhadas em alguns comentários deste e de outros artigos de opinião.
"...em Portugal, o debate em torno da educação gira em torno dos professores, e não em torno dos alunos. É como se a escola existisse para dar emprego vitalício a uma casta (mesmo com horários zero)."
em: http://expresso.sapo.pt/esta-greve-e-sujinha-sujinha=f814256#ixzz2WkED61Tn
"Só uma classe que recusou, como ultraje, a possibilidade de ser avaliada para efeitos de progressão profissional."
ResponderEliminarOs professores recusaram a avaliação e é natural que o tenham feito, considerando os seus moldes. É uma avaliação demasiado subjetiva (feita pelos próprios professores da escola) e sujeita a vagas. Isto quer dizer que, por exemplo, numa escola com um determinado número de professores, só um determinado número bem menor pode ter classificação de Muito Bom ou Excelente, que permitiriam a tal progressão na carreira, isto é, caso ela ainda efetivamente existisse e não estivesse há muitos anos congelada, embora alguns dos comentários revelem desconhecimento do assunto. Pergunta-se então: porque é que uma escola só pode ter cinco (por exemplo), 'professores Muito Bons'. Os outros colegas, desfavorecidos pela direção (quem conquista os muito bons é, em muitos casos, próximo do diretor, sendo atribuídos mais por amizades e interesses do que por mérito) não são professores 'muito bons'?
"As coisas chegaram a um ponto de anormalidade tal, que, quando o ministro da Educação, no exercício do seu mais elementar dever - que é o de defender os direitos dos alunos contra a greve dos professores - convoca todos eles para vigiar os exames."
Se o ministro estivesse realmente interessado em defender os alunos teria adiado previamente o exame. É muito simples e prejudicava um número muito menor de alunos. Seria isto que manda o bom senso. Os sindicatos já pediram a gravação da reunião, e se a pedem, é porque não disseram aquilo que Poiares Maduro, o 'boy' que nem na reunião esteve, afirma. Se ela não vier a público, como virá a acontecer muito provavelmente, fica registada mais uma mentira (são poucas...) deste governo.
Aliás, veja-se que hoje a FNE até já veio elogiar a decisão do ministro de antecipar os exame de matemática do ensino básico...
"o Estado não pode sustentar o mesmo número de professores, se os portugueses não fazem filhos."
Com 30 alunos, número que pode subir brevemente, dentro de uma sala, concordo finalmente com MST: os portugueses ou começam a parir como ratos, ou não vão ser precisos tantos professores. Seria interessante o autor do texto apresentar-nos com números e factos concretos sobre o sistema educativo finlandês, que é descrito como o sistema perfeito, onde os professores, pasme-se, fazem um melhor trabalho e parece que têm ainda menos condições, pondo de lado todos os outros fatores envolvidos (e porque não falar do número de alunos por turma, ou o nível económico familiar dos alunos?)que não interessem para o ataque aos professores. Eu também não o faço, é verdade, mas eu não sou um jornalista reputado e não ganho balúrdios, bem mais do que qualquer professor, para escrever textos sem fundamentação.
Agradeço desde já a quem ler o meu comentário até ao fim, discorde ou não do que está escrito. Não falei de outros assuntos no texto devido ao meu desconhecimento parcial, o que no entanto não impediu MST de escrever sobre eles à vontade.
Este comentário foi removido pelo autor.
EliminarCaro Rodrigo
EliminarAntes de mais, obrigado pela sua participação. O seu argumento está bem escrito e interessante. Não estou totalmente de acordo e gostava de lhe responder com mais calma mais tarde. Espero ter tempo esta noite pelo que lhe peço alguma paciência.
Os melhores cumprimentos,
António
Há muitos artigos sobre o sistema, dizem que exemplar, educativo finlandês. Por exemplo:
Eliminarhttp://www.smithsonianmag.com/people-places/Why-Are-Finlands-Schools-Successful.html
Caro Rodrigo, aqui fica a minha opinião sobre os três pontos que referiu:
Eliminar1. Sobre o formato da avaliação, a FENPROF tudo tem feito para que nenhuma avaliação seja bem sucedida. E sabemos por experiência própria que sem contas, vamos ter virtualmente todos os professores com nota máximo, como aconteceu no tempo do Dr.Guterres. Já trabalhei em vários lugares, já fui avaliado, já sofri com as vagas e já vi o meu bolso sofrer com isso. Não vejo outra forma de fazer a coisa.
2. Adidar o exame só faria sentido se os professores garantissem que não mudavam a data da greve para a nova data. O que não fizeram. Pelo contrário, segundo percebi, foi-lhes pedida essa garantia e recusaram dá-la.
3. Pelo menos em relação à demografia estamos claramente alinhados.
Os melhores cumprimentos,
António
Boa tarde,
ResponderEliminarAs condições de vida do MST no seu 1º ciclo são muito importantes, no seu ponto de vista, para, através de uma comparação com as condições actuais, servir de ponto de partida para uma desvalorização do papel\trabalho\dedicação\empenho do professor actual. Sem dúvida que o esforço que a sua professora fazia era Hercúleo, facto que não invalida que os professore hoje em dia trabalhem imenso com um salário e um reconhecimento social bastante reduzidos.
Como em tudo na vida as situações e condições de trabalho evoluem. No Egipto construíram as pirâmides através do esforço Hercúleo de milhares de homens que tiveram que transportar aquelas pedras ás costas ou puxá-las por ali acima enquanto que hoje em dia existem máquinas que ajudam (muito!) na construção de qualquer edifício ou monumento. O próprio MST há 30 anos quando queria emitir a sua opinião num artigo tinha que escrever tudo em papel, sair de casa, levar pessoalmente as folhas ou enviá-las por correio para quem de direito, enquanto que hoje em dia senta-se à frente do computador, escreve o que acha que deve escrever e no segundo seguinte está no email do seu editor. Portanto, felizmente que as coisas evoluem e não continua tudo igual ao tempo da primária do sr MST.
Adiante.
Em relação ao exemplo da Finlândia não me vou alongar muito pois já existe uma resposta (Alexandre) bastante elucidativa. Quero só reforçar que o horário dos professores não se cinge às horas que estão na escola, pois há muito trabalho que é feito em casa (preparação de aulas, correcção de testes, criação de estratégias) e que mesmo as horas que os professores estão na escola já são preenchidas por tantas tarefas que fico na dúvida de quem terá a tarefa mais árdua, se os professores actuais ou se a professora do primeiro ciclo do sr MST.
Em relação à avaliação dos professores existe um grande equivoco por parte do sr MST, os professores não se opõem à avaliação do seu trabalho, apenas nos moldes em que é feita essa avaliação. Considero até que uma avaliação é fundamental precisamente para separar o trigo do joio mas sempre feita de forma isenta, separada das amizades e com consequências reais, ou seja, a avaliação não deve ser feita pelo colega da sala ao lado, pois por mais que se queira fazer passar a mensagem contrária esta avaliação nunca será isenta, deve sim ser feita por alguém\entidade regente que possa monitorizar os resultados das estratégias educativas que cada professor aplica e, consequentemente, os resultados escolares dos alunos de forma a que a avaliação seja isenta, pragmática e efectiva. Para além disso, uma avaliação onde existem cotas nunca é verdadeira. Seria a mesma coisa que um professor chegasse à sala de aula e dissesse que só poderia haver um vinte, dois dezoitos, 5 dezasseis, etc.
Se a avaliação é feita desta forma não é verdadeira, o que a torna ineficaz, logo desnecessária no formato em que se encontra. Ainda para mais numa altura em que a progressão nas carreiras dos professores está congelada. Portanto, a não ser para os casos em que o professor é manifestamente mau e não deveria estar numa escola a leccionar (e aqui mais uma vez noto que concordo com MST em que há a necessidade de arranjar forma de o sistema educativo se livrar dos maus profissionais), em todos os outros casos é indiferente a avaliação que os professores têm pois neste momento não terão consequências reais.
(Continua)
Caro Manuel Pacheco
EliminarAntes de mais, obrigado pela sua participação no blog e pela sua contribuição calma e inteligente.
Não concordo no entanto com alguns pontos que refere:
- Diz-nos que "os professores não se opõem à avaliação do seu trabalho". Acredito que muitos não. Mas os seus sindicatos claramente têm feito isso mesmo. Toda e qualquer avaliação proposta tem sido assassinada à partida e sempre que possível o respectivo ministro mandado abaixo até que um menos "empenhado" vá para o trono.
- Diz-nos que a avaliação deve ser feita tendo em conta "os resultados escolares dos alunos" (corriga-me caso tenha interpretado mal o que escreveu porque nesta parte não fiquei com a certeza de que estamos sincronizados). No entanto isso fazia parte da proposta da Ministra Lurdes Rodrigues, e vimos como foi recebida.
- Sobre a história das cotas, tenho a certeza que se começarmos a ver 95% das notas a serem vintes, é mesmo melhor começarmos a ter cotas, porque é sinal de uma corrupção generalizada nas avaliações e/ou na qualidade dos testes. Já trabalhei em muitas empresas e a existência de cotas é perfeitamente normal. Antipática e frustrante, mas normal (uma vez vi um AA transformado em AB por questões cotas e o meu salário não foi aumentado porque nesse ano apenas havia capacidade para aumentar os AAs).
Os melhores cumprimentos,
(Continuação)
ResponderEliminarFico particularmente satisfeito quando MST refere "um cirurgião não resolve entrar em grave quando recebe um doente já anestesiado pronto para a operação; um controlador aéreo não entra em greve quando tem um avião a fazer-se à pista; um bombeiro não entra em greve quando há um incêndio para apagar", pois reconhece desta forma a importância de um professor. O que não é nada de extraordinário porque um professor desempenha, sem dúvida, um papel importante na sociedade (apesar de, como referi antes, ser muitas vezes pouco valorizado socialmente).
Quero só referir que estou totalmente de acordo com esta greve e que só peca por tardia. A classe profissional de professores está finalmente unida à volta de uma causa maior que é proteger o ensino público, a sua qualidade e eficácia o que por si só demonstra a preocupação que os professores têm em prestar o melhor serviço que podem\conseguem aos seus alunos. Se a greve é feita na altura de exames é porque só assim os professores têm a oportunidade de serem ouvidos, se não for por este (entre outros) governo autista que seja pela sociedade civil, porque é importante que se saibam as condições existentes no ensino público actual e que se procure sempre melhorar a qualidade do ensino. Até para que possamos evoluir e não ficarmos presos na sala de aula do primeiro ciclo de MST.
A pergunta que ainda ninguém colocou, quantos de vocês reclamam com o estado do País, mas continuam a votar PS/PSD?! Sempre ouvi dizer que cada um tem o que merece!
ResponderEliminarVotar num partido não significa ser cúmplice do crime. A democracia não garante a melhor escolha possível, e o nosso sistema tem tantas falhas que certamente não o fará.
EliminarMas a Democracia tem algo que supera os demais sistemas, é que legitima o poder e permite que nos livremos dele regularmente. Como diria o outro, os governos são como as fraldas. Devem ser mudados regularmente e pelo mesmo motivo.
De qualquer forma, pode informar-nos já qual a sua solução? Um sistema stalinistas do PCP inspirado no brilhante trabalho do Tio Joseph ou uma revolução cultural Maoista com uma direcção bicéfala (ou será tricéfala) do BE?
Sr ultimo anónimo concordo plenamente consigo. Ja que votaram aguentem-no que eu nao votei e tenho de contribuir a mesma. Mas esse MST fala de boca cheia e se calhar até lhe pagam para dizer coisas. Se ele nao tivesse se calhar o cu cheio e tivesse que trabalhar com o ordenado denum professor estaria certamente com outra conversa, mas como assim nao seria o Miguel Sousa Tavares a opiniao dele nao seria posta em blogs. Da mesma forma que ele tem direito de dizer aquilo que quer os professores têm direito de reivindicarem aquilo que querem e quando querem mas devemos compreender que se nao fizessem a greve no dia do exame nao teria qualquer efeito. Mas o ministro da educação que acha que os professores estao a prejudicar os alunos teria sido inteligente e mudava a data do exame, mas nao...os professores é que são culpados. Chamem de parasitas a quem luta pelos seus postos de trabalho exercendo o seu direito e quando voces exercerem o vosso direito de voto votem mais uma vez pela cor que gostam mais. A culpa do meu país não andar não é de quem faz greve, é de quem escolhe este governo.
ResponderEliminarMeu Caro
EliminarA reivindicação, assim com a greve, é legítima. Mas não significa que temos todos de concordar com ela.
Não vale a pena falar de mudar a data do exame porque os sindicatos recusaram-se a comprometer-se em NÃO fazer greve na nova data. Por isso arriscávamos-nos ao ridículo do governo recuar e dar uma nova data só para levar com nova greve em cima. Qualquer pessoa que alguma vez tenha estado envolvida numa negociação complicada sabe que isso seria suicídio negocial.
Cmps
O interessante disto tudo é que profissionais maus e profissionais maus há-os em todo o lado, a maioria nem sequer passa por avaliação alguma. A questão é que este senhor tem uma predileção especial por atacar a classe docente, a razão não sei e, sinceramente, deixou de me interessar desde cedo.
ResponderEliminarQuem não sabe, em concreto, da realidade das escolas e condições de trabalho ATUAIS dos professores, deveria manter-se em silêncio. Isto porque dos restantes trabalhadores não se fala nem metade e é triste, não se esmiúçam regalias de outros setores que existem de verdade, na atualidade, só se viram para as regalias dos professores (que existiram, mas já não existem mais há já muito tempo). É triste ler e ouvir pessoas pouco informadas sobre a realidade. Ensino Básico e Secundário, não é Universitário, não nos comparem a eles nem às regalias que eles têm! Tenham paciência e deixem-nos trabalhar e lutar pela Escola dos vossos filhos com a dignidade que merecemos!
"a maioria não passa por avaliação nenhuma"? Como assim?
EliminarEm todo o privado o despedimento é uma possibilidade real, e não há "avaliação" tão grave como essa. Para recibos verdes a coisa ainda é pior, de um dia para o outro e sem direito a absolutamente nada, incluindo subsídio de desemprego.
Por fim, ninguém tem que se manter em silêncio e não aceite que me mandem calar sobre um assunto que me diz respeito. Podemos não ser todos professores, mas todos somos pais, filhos, estudantes ou ex-estudantes. E por isso todos temos uma experiência na matéria, para além de que - como contribuinte - todos temos uma palavra a dizer.
Quanto à dignidade, espero que ninguém coloque em causa a dignidade de ninguém. Mas não só a dos professores deve estar defendida. Também a de pais, alunos, contribuintes e demais.
Os melhores cumprimentos,
Em Portugal toda a gente tem direitos adquiridos, mas muito poucos têm deveres. Todos querem uma mudança, mas poucos estão dispostos a mudar. Eu nunca vivi na ditadura, mas pelos vistos, muitos que a viveram já se esqueceram dela. Não se trata de defender o governo, não merece tal coisa, mas a mim custa-me imenso entender como é que alguém, com um mínimo de bom senso e isenção, possa opôr-se a: ser avaliado com base no mérito; ter um horário de trabalho de 40h semanais como o resto dos comuns mortais; pagar pelo seguro de saúde que lhes assiste; ser dispensado quando não há razão para o manter em funções. Quer-me parecer que os professores, tal como muitos outros funcionários públicos, apesar de muito se queixarem de serem maltratados pelos sucessivos governos, acham-se acima das regras que afectam os restantes trabalhadores. Também vou falar com o meu patrão e dizer-lhe: não concordo com o sistema avaliativo em vigor, portanto não quero ser avaliado! Não aceito o horário de trabalho, vou trabalhar menos uma hora por dia! Quero um seguro de saúde quase grátis, portanto tu é que o pagas! E tenho muita pena que não tenhas trabalho para mim, mas tens de continuar a pagar-me o ordenado! Caso contrário vou entrar em greve... isto é mesmo o país do faz de conta!
ResponderEliminarNem mais meu caro. Concordo com tudo o que disse e não altero uma vírgula.
EliminarOs melhores cumprimentos,
Diz o senhor MST que a greve do dia 17 de junho é inadmissível.É a sua opinião.Hoje é dia 21 de junho e até ontem mais de 90% dos professores estão a fazer greve às avaliações.Sabiam?Isto quer dizer que até agora na maioria das escolas públicas deste país ninguém sabe se os alunos passaram de ano ou não.Os jornalistas e a opinião pública ignoram este facto.Porquê?Esta greve invisível para a maioria das pessoas não é mencionada em nenhum meio de comunicação.A desinformação continua a prosperar.A maioria dos jornalistas comenta sem conhecimento de causa.Para serem mais precisos talvez fosse bom visitarem algumas escolas e acompanharem o dia a dia dum professor.Aí talvez percebessem algumas das razões invocadas por eles.E deixo-vos esta quadra do poeta António Aleixo:
ResponderEliminarVer as coisas por fora
É fácil e vão
Mas por dentro das coisas
É que as coisas são
P.S.Sou professora há 32 anos,tenho 54 anos de idade e se tudo correr bem aposento-me com 44 anos de serviço.É curioso mais anos de serviço do que a idade com que se reformam os juízes do Tribunal Constitucional,ou alguns militares deste país.Já pensaram nisso?
"...eu saí de lá a saber escrever..." é um bocado relativo.
ResponderEliminarIncrível como os tugas ainda discutem o indiscutível: 1º nós tugas somos o povo mais fatalista que existe (digo-o por mim próprio) ; 2º inevitavelmente vem a conversa do antigamente é que era bom?, era?, ainda pensam que a civilização não evoluiu o suficiente para que atualmente só é 100% ignorante quem o quer ser, (retiremos uma boa parte das pessoas dos países do 3º mundo); 3º Portugal precisa realmente de uma revolução sanguinária e de começar pelo ZERO,4º A lei do mais forte exercerá sempre a supremacia; 5º os portugueses de outrora já mostraram coragem e bravura, alguém ainda se lembra do episódio ''camioneta-fantasma de 29 de outubro?
ResponderEliminarGostaria de começar por fazer referência a dois pensamentos/frases de outros tantos pensadores, sobre este tema:
ResponderEliminar[in] Victor Hugo "Quem abre uma escola, fecha uma prisão"
[in] Pitágoras "Educai as crianças e... não será preciso condenar os homens"
Poderia citar mais uns quantos pensamentos, mas não o vou fazer, porque, considero que estes dois são suficientes para que se possa compreender a importância que a educação tem, actualmente, na nossa sociedade. Se por acaso, alguém tiver dificuldade em perceber as frases, replico com as mesmas frases e, se mesmo assim, alguém ainda tiver duvidas, que peçam ao Sr Mário Nogueira que lhes explique e… inscrevam-se numa escola ou contratem um professor particular, esses não fazem greve.
Mas nem tudo são flores e, não sou obrigado a concordar com tudo o que o MST escreve e nos tenta transmitir, mas compreendo, a revolta dele é a de todos nós. O problema vem de mais longe, muito mais longe, o problema tem 39 anos, ou melhor, os problemas têm 39 anos, são muitos e perfilam-se uns atrás dos outros, cada um com a sua importância, mas, no final, todos importantes e de grande correlação entre si, sendo que, na minha humilde opinião, reafirmo… na minha humilde opinião, o mais importante, ou um dos mais importantes é, precisamente este problema.
Uma sociedade não consegue evoluir sem uma educação decente e que defenda um sistema que integre todos os habitantes de um País, sim, é isso mesmo, todos os habitantes de um País e não, só alguns. Repatriados, retornados, ciganos e, todos as pessoas que habitam e vivem em Portugal deveriam ser alvo, todos, de uma educação exemplar, que se tornasse num paradigma em toda a europa e, quem sabe, no mundo, mas não, isso não temos capacidade para efectuar ou concretizar, sabemos gerar ricos e muitos novos-ricos, sabemos dar conta de fundos comunitários, sabemos fazer estradas com derrapagens orçamentais de 70, 80 e upa upa porcento (%) somos óptimos a comprar submarinos, excelentes a construir estádios de futebol, soubemos construir e pagar três Expos, e bem, mas só temos uma, vá-se lá saber porquê? Somos o País das PPPs, aliás, devemos ser o único País do Mundo que faz uma Parceria Público Privada que ainda não está feita e já se sabe que dá lucro na certa, como foi o caso da Ponte vasco da gama com a sua PPP. Fomos óptimos a dar cabo de uma frota de pesca que era a segunda maior do mundo e, ainda fomos melhores ao não saber defender os nossos interesses junto da CEE (UE hoje) tratámos da saúde à agricultura, colocámos no Alentejo os espanhóis a produzir azeite para poderem preencher a quota deles, somos bons, por exemplo (mais um) a comprar vinho em Espanha para engarrafar com rótulo Português, soubemos dar cabo de duas companhias de Navegação e de uns Estaleiros-zecos navais que eram só dos melhores do Mundo, aproveitámos a embalagem e demos cabo de uma das melhores construtoras do Mundo de Material Circulante Ferroviário. A isto, meus Senhores e minhas Senhoras, eu chamo de falta de educação e falta de princípios, morais, éticos, políticos… falta de tudo e mais alguma coisa.
Tivesse havido um rumo sério e definido depois do 25 de Abril de 1974, vou reformular… rumo definido houve, sério é que não e, deixem-se de tretas os que dizem que o político A ou B é sério… este não que é sério, aquele não que é sério, o outro também não, porque é sério. Então, como é que ficamos… se são todos sérios e impolutos, são incompetentes e deveriam ter sido corridos, ou não?
Tudo isto para dizer o quê?
Tudo isto para dizer que, andam a utilizar a educação como arma de uma guerra de surdos, andasse a discutir o “sexo dos anjos”, queixamos-nos do joelho, quando o que realmente nos dói, é a cabeça.
Em 39 anos, será que é preciso algum curso para chegar à triste conclusão de que o sistema, tal como está montado, não funciona e, dificilmente irá algum dia funcionar, 39 anos meus senhores e minha senhoras, 39 anos… uma vida inteira para descobrirmos algo que até um cego vê!
Ângelo Barbosa