Book Review
Escrito por Elie Wiesel e publicado em Portugal pela Texto, "Noite" conta como este judeu romeno foi atirado para o horror dos campos de concentração nazis de Auschwitz e Buchenwald ainda adolescente.
Como todos os testemunhos reais sobre o holocausto, o livro é impressionante, comovente e assustador. Apetece-nos gritar às personagens para que fujam antes que seja tarde demais. Para que não acreditem que tudo vai correr bem. Mas infelizmente não nos ouvem. Não trazendo nada de completamente diferente de outras descrições como a Primo Levi ou mesmo a versão cinematográfica de "A Lista de Schindler" de Spielberg, não deixa de ser um testemunho relevante e que deve ser lembrado.
Sinceramente o que me estragou o livro é saber mais sobre quem é realmente Elie Wiesel. Página a página, perguntava-me continuamente como é que alguém que passou por tudo isto consegue ser tão frio em relação ao sofrimento dos outros. Este mesmo homem é incapaz de dizer uma palavra quando se fala da expulsão de centenas de milhares de palestinianos, resumindo o problema à seguinte frase:
"Para mim, como judeu, Jerusalém está acima da política. Ela pertence ao povo judeu e é muito mais do que uma cidade. É o que liga um judeu a todos os outros de uma forma que é difícil de explicar"[1].
Wiesel mostra um fundamentalismo religioso perigoso, onde o sofrimento do povo judeu deve ser relembrado por todos, mas qualquer mal causado por um judeu não pode ser recordado.
Piora a sua argumentação usando a cartada religiosa: "[Jerusalém] está mencionada nas escrituras [judaicas] mais de 600 vezes e nem uma vez no Corão"[2].
Ou seja, para Wiesel, a diplomacia internacional deve ser baseada nos livros sagrados. Por algum motivo, não nos diz quantas vezes Jerusalém aparece no Novo Testamento. É que utilizando o mesmo argumento, então provavelmente Jerusalém deveria ser a capital de um estado cristão, e não de Israel.
Wiesel, prémio Nobel da Paz em 1986, utiliza o seu sofrimento e o dos seus para se colocar num patamar diferente de todos os outros. Em vez de lutar para que estes crimes desapareçam todos de vez da face da terra, usa-os para ignorar todos os outros. Inclusivé o dos milhões de deficientes mentais, ciganos, polacos, russos, comunistas, sociais democratas e todos os que cairam nas garras no regime nazi. E isso estraga o livro. Não o seu conteúdo, mas a sua utilização para fins ilícitos.
Caro Oreivaivestido
ResponderEliminarPenso que achará as leituras que lhe proponho interessantes. O blog não é meu.
http://citadino.blogspot.pt/2012/05/artigo-publicado-no-blogue-jugular.html
http://citadino.blogspot.pt/2007/11/elie-wiesel-uma-testemunha-chave-do.html
http://citadino.blogspot.pt/2010/07/o-judeu-elie-wiesel-prisioneiro-em.html
http://citadino.blogspot.pt/2010/08/uma-bolha-infectada-no-pe-fruto-do_24.html
http://citadino.blogspot.pt/2007/10/os-sobreviventes-do-holocausto.html
http://citadino.blogspot.pt/2008/05/holocausto-judeu-contradies-50-anos.html
http://citadino.blogspot.pt/2010/08/sabao-humano-uma-nodoa-dificil-de.html
http://citadino.blogspot.pt/2010/08/o-debate-franco-aberto-sem-peias-ou.html
Leitura.
Caro Leitura
EliminarObrigado pelos comentários. Vou procurar ler os artigos que enviou assim que possível.
Os melhores cumprimentos,
António
Caro Oreivaivestido
ResponderEliminarTem muitas restrições no seu blog. Pessoalmente penso que desnecessárias. Também tenho um blog (www.vessas.blogspot.com). Não tem quaisquer restrições e nunca me dei mal. Tive de entrar com outro navegador.
Cumprimentos.
Caro Anónimo
EliminarEu procurei que não existissem quaisquer restrições, mas já não é a primeira vez que recebo comentários de pessoas que tiveram dificuldades em colocar o seu texto ou mesmo em tornarem-se seguidores.
Tem ideia de que restrições poderão estar activas e onde as posso desactivar?
Os melhores cumprimentos,
António
Como tenho no meu blog (vessas)
ResponderEliminarConfigurações – postagens e comentários
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Mostrar verificação de palavras - eu tenho, não
Leitura
Caro Carlos
EliminarA única que tinha diferente era a de verificação de palavras. Alterei-a para não ser necessária.
Os melhores cumprimentos,
António