Mais umas eleições e mais uma situação de desequilíbrio político na Grécia. Ao contrário do que previ no mês passado, o Syriza não ganhou as eleições embora tenha estado muito perto de o fazer. Os conservadores pró-Troika da Nova Democracia ganharam por uma unha negra mas não conseguem a maioria absoluta mesmo com o prémio de 50 deputados dados ao partido mais votado. O Pasok (Partido Socialista) poderia compor uma maioria absoluta mas já avisou que só entra num governo de coligação se o Syriza também o fizer.
Agora alguém terá que ceder. Ou teremos um governo minoritário, que acabaria por cair mais ano menos ano, ou o Pasok volta atrás na sua palavra e teremos uma maioria estável que terá que governar contra os 60% a 70% de gregos que votaram contra a austeridade ou, por fim, o Syriza aceite entrar num governo pró-Troika o que seria um harakiri político.
Nada mudou desde o início de Maio. O mesmo nó cego, a mesma impossibilidade de formação de um governo estável e o interesse das várias partes em conflito tal que as cedências dificilmente se tornam opções. Mas algo mudou e muito: hoje a Grécia tem menos um mês para resolver os seus problemas. E se tiverem que ir novamente a eleições é provável que vejam os cofres do tesouro vazios antes de terem um governo feito.
Márcia Rodrigues da RTP tem-nos mostrado o rápido colapso da sociedade grega numa sequência brilhante de entrevistas e peças jornalísticas. Há apenas uns dias revelou-nos que as fármacias tinham filas à porta desde a madrugada, não estão a ter reposição de stocks e todos os remédios deixaram de ser comparticipados.
Vejamos agora as próximas horas. Para bem de todos nós, e em especial dos gregos, que consigam chegar a um acordo, formar um governo e começar a trabalhar todos juntos no sentido da estabilidade política, económica e social. Não há dinheiro que resolva o problema se estas três componentes não voltarem a seguir o caminho do progresso.
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