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Para quê? Que espera a liderança israelita desta guerra? Capitulação? E se o Hamas se rendesse, será Israel daria plenos direitos aos não-judeus? Poderiam os parlamentares israelitas árabes voltar a falar livremente no parlamento? Porderiam integrar o exército israelita? Os milhões de refugiados e descendentes de refugiados palestinianos de todas estas guerras poderiam regressar às suas terras? Tornariam o país plenamente democrático e binacional? Permitiriam uma solução de dois estados? Retirariam o meio milhão de colonos judeus que colocaram na Cisjordânia?
A resposta é sempre não. Israel não quer ser um país democrático e inclusivo. Não quer que exista um país chamado Palestina. Para uma parte considerável dos judeus israelitas, os palestinianos deviam simplesmente deixar de existir. Desaparecer do mapa e ir para longe. Muito longe. E deixarem essas terras todas de Eretz Israel para o povo que Deus escolheu. O objectivo, para estes, é apenas de tornar a vida tão difícil que acabem por se ir todos embora para o Egipto, Jordânia, Síria ou Líbano.
O problema é que estes países também não os querem. E os palestinianos vêm-se na mesma situação os judeus dos anos 30 e 40. É pena que para a direita ortodoxa israelita a frase "Holocausto nunca mais" se tenha acabado por transformar em "Holocausto - para nós - nunca mais".
PS: Uma palavra especial para os muitos judeus em Israel e nos Estados Unidos que continuam a exigir paz e o fazem abertamente sabendo as repercursões sociais, académicas e profissionais de tal opção.
PS2: Sobre o Hamas: É uma organização política e religiosa cuja liderança e rumo é idiota e primitiva e causadora de inúmeras infelicidades para os povos palestiniano e israelita. O seu sucesso político é resultado directo da incapacidade da Fatah em conseguir concessões de Israel e da sua profunda corrupção. São de culpados de muita coisa, mas não desta guerra.