Angola não costuma ser um tema habitual neste blogue. Embora seja um país que muito me interesse e que, como todos os portugueses, esteja bem próximo não é um assunto onde eu sinta que posso acrescentar muito. Mas felizmente há outros cujo conhecimento do terreno, longo historial na luta pelos direitos humanos e a devida preparação prática e teórica o podem fazer muito melhor. E no que toca a Angola, Rafael Marques é o nome inevitável.
Presentemente, este corajoso jornalista encontra-se a lutar pela liberdade nos tribunais de Angola depois de os generais visados neste livro "Diamantes de Sangue" o terem processado por difamação, entre outras acusações que ainda não estão muito claras.
O livro foi entretanto gentilmente oferecido pela sua editora em Portugal, a Tintas da China, e disponível para download no blogue do autor[1].
É uma leitura complicada. Os repetitivos testemunhos de homicídio, tortura, escravatura, rapto, roubo e todo o tipo de abusos cometidos pelas Forças Armadas Angolanas e pela empresa de segurança privada Teleservice, são de uma escala inimaginável nos dias de hoje. Muito sinceramente, as descrições pareciam retiradas de algo escrito no século XVIII, quando o mundo ainda considerava que a escravidão era algo natural. Não foi surpresa para mim saber que os angolanos sofrem às mãos de um dos mais corruptos governos século XXI. Todos os amigos e família que vivem ou viveram em Angola nos últimos anos trazem testemunhos mais ou menos semelhantes, mas mesmo isso não me preparou para as centenas de vítimas de abusos de um nível bárbaro e sanguinário.
Em alguns momentos do livro pensei que havia algo que faltava no livro. Não existia uma relação directa, um testemunho real de que os generais - que são donos e representantes públicos dessas empresas e organismos que controlam a indústria diamantífera - sabiam do que lá se estava a passar. Mas essas dúvidas dissipam-se quando vemos a reacção destes militares e do regime de José Eduardo dos Santos a este mesmo livro. Em vez de agirem de forma inequívoca para acabarem com o que é nada menos do que uma vergonha nacional e um atentado aos direitos humanos de proporções dantescas, preferiram atacar o escritor. E isso, diz muito.
Presentemente, este corajoso jornalista encontra-se a lutar pela liberdade nos tribunais de Angola depois de os generais visados neste livro "Diamantes de Sangue" o terem processado por difamação, entre outras acusações que ainda não estão muito claras.
O livro foi entretanto gentilmente oferecido pela sua editora em Portugal, a Tintas da China, e disponível para download no blogue do autor[1].
É uma leitura complicada. Os repetitivos testemunhos de homicídio, tortura, escravatura, rapto, roubo e todo o tipo de abusos cometidos pelas Forças Armadas Angolanas e pela empresa de segurança privada Teleservice, são de uma escala inimaginável nos dias de hoje. Muito sinceramente, as descrições pareciam retiradas de algo escrito no século XVIII, quando o mundo ainda considerava que a escravidão era algo natural. Não foi surpresa para mim saber que os angolanos sofrem às mãos de um dos mais corruptos governos século XXI. Todos os amigos e família que vivem ou viveram em Angola nos últimos anos trazem testemunhos mais ou menos semelhantes, mas mesmo isso não me preparou para as centenas de vítimas de abusos de um nível bárbaro e sanguinário.
Em alguns momentos do livro pensei que havia algo que faltava no livro. Não existia uma relação directa, um testemunho real de que os generais - que são donos e representantes públicos dessas empresas e organismos que controlam a indústria diamantífera - sabiam do que lá se estava a passar. Mas essas dúvidas dissipam-se quando vemos a reacção destes militares e do regime de José Eduardo dos Santos a este mesmo livro. Em vez de agirem de forma inequívoca para acabarem com o que é nada menos do que uma vergonha nacional e um atentado aos direitos humanos de proporções dantescas, preferiram atacar o escritor. E isso, diz muito.