Filme
Vejo filmes de guerra com um espírito bastante crítico. Sou um amante de História, em especial da do século XX e das suas inimagináveis guerras. Compreendo no entanto que alguns dos livros que me deram enorme prazer seriam para outros tão insuportáveis como para mim seria a "Anatomia" de Gray. Não haverá para mim nada tão aborrecido como as ciências da vida (desculpa mano, sei que isto para ti é uma facada na alma). Por esse motivo, os filmes de acção, drama e romance passados na segunda guerra mundial são a principal fonte de informação desse pedaço de história para a maioria das pessoas. Hollywood (e Bollywood, Toronto, Londres, etc.) define por isso a percepção histórica do que foi o nosso passado. Torna-se então perigoso quando pequenas alterações românticas colocam em causa a realidade do que foi esta ou aquela personagem ou que aconteceu num determinado evento. Compreendo perfeitamente que os filmes exigem acção, amor e espectáculo e que não se podem prender a todos os detalhes da vida real, por isso existe um equilíbrio que deve ser sempre bastante cuidadoso.
"Defiance"[1] leva-nos às florestas da Polónia/Bielorússia durante a ocupação nazi, numa história verídica onde um grupo de improvisados guerrilheiros comunistas judeus protegeram um grande número de civis (maioritariamente mas não só judeus). Criaram casas, hospitais e escolas, armaram-se, treinaram-se e lutaram quando necessário em apoio de outros grupos militares e paramilitares da resistência. Em algumas acções procuraram a libertação de judeus das vilas e cidades que os rodeavam.
Por vezes faz-nos lembrar o clássico "Robin Hood - Príncipe dos Ladrões"[2] quer no ritmo da acção, nos motivos da história e até na forma como todo a história se vai desenrolando. Mas claro, isto é uma história baseada em factos reais, o que faz uma grande diferença.
Tuvia Bielski e Zus Bielski existiram mesmo[3]. Foram, e serão para sempre, heróis judeus. No entanto o filme omite uma parte do seu lado mais negro. Segundo o IMDB, a história é passada na Bielorússia. Na realidade é passada na Polónia ocupada. Primeiro ocupada pela União Soviética, desde 1939 e de acordo com o obscuro pacto Molotov-Ribbentrop[4] onde os ministros dos negócios estrangeiros de Hitler e Stalin definiram a divisão da Polónia antes da invasão. Uma altura onde a URSS e a III Reich andavam de braço dado atacando os pequenos estados da europa de leste. A família Bielski contava-se entre os colaboradores desta ocupação soviética. Fizeram parte da curta administração soviética do território (até à invasão alemã) colocando-os contra os de etnia polaca, que quase sem excepção recusaram sempre qual colaboração com qualquer uma das potências ocupantes. Também ficou ausente do filme os massacres e ataques a aldeias que este grupo partisan este envolvido, mostrando um estilo de liderança altamente partilhado e democrático que está longe de ser real.
Como sempre, Hollywood precisa de bons e maus. Tem dificuldade em viver com a complexidade do ser humano, que naturalmente tem ambos os lados e vive numa constante luta entre ambos. Nem sempre é coerente, nem sempre as suas acções são previsíveis ou explicáveis no futuro.
Mas no seu todo não deixe de ser um excelente filme. Cheio de acção, bons actores e cenários realistas. Mostra um pouco da crueldade do que é uma ocupação e de como um pequeno grupo de homens determinados a sobreviver pode fazer.
Vejo filmes de guerra com um espírito bastante crítico. Sou um amante de História, em especial da do século XX e das suas inimagináveis guerras. Compreendo no entanto que alguns dos livros que me deram enorme prazer seriam para outros tão insuportáveis como para mim seria a "Anatomia" de Gray. Não haverá para mim nada tão aborrecido como as ciências da vida (desculpa mano, sei que isto para ti é uma facada na alma). Por esse motivo, os filmes de acção, drama e romance passados na segunda guerra mundial são a principal fonte de informação desse pedaço de história para a maioria das pessoas. Hollywood (e Bollywood, Toronto, Londres, etc.) define por isso a percepção histórica do que foi o nosso passado. Torna-se então perigoso quando pequenas alterações românticas colocam em causa a realidade do que foi esta ou aquela personagem ou que aconteceu num determinado evento. Compreendo perfeitamente que os filmes exigem acção, amor e espectáculo e que não se podem prender a todos os detalhes da vida real, por isso existe um equilíbrio que deve ser sempre bastante cuidadoso.
"Defiance"[1] leva-nos às florestas da Polónia/Bielorússia durante a ocupação nazi, numa história verídica onde um grupo de improvisados guerrilheiros comunistas judeus protegeram um grande número de civis (maioritariamente mas não só judeus). Criaram casas, hospitais e escolas, armaram-se, treinaram-se e lutaram quando necessário em apoio de outros grupos militares e paramilitares da resistência. Em algumas acções procuraram a libertação de judeus das vilas e cidades que os rodeavam.
Por vezes faz-nos lembrar o clássico "Robin Hood - Príncipe dos Ladrões"[2] quer no ritmo da acção, nos motivos da história e até na forma como todo a história se vai desenrolando. Mas claro, isto é uma história baseada em factos reais, o que faz uma grande diferença.
Tuvia Bielsi, líder dos Bielski partisans |
Como sempre, Hollywood precisa de bons e maus. Tem dificuldade em viver com a complexidade do ser humano, que naturalmente tem ambos os lados e vive numa constante luta entre ambos. Nem sempre é coerente, nem sempre as suas acções são previsíveis ou explicáveis no futuro.
Mas no seu todo não deixe de ser um excelente filme. Cheio de acção, bons actores e cenários realistas. Mostra um pouco da crueldade do que é uma ocupação e de como um pequeno grupo de homens determinados a sobreviver pode fazer.