Não admira que Illan Pape tenha sido considerado como o mais corajoso de todos os novos historiadores israelitas. O seu livro "The Ethnic Cleansing of Palestine"[1] desfaz categoricamente os mitos de que o milhão de refugiados de 1948 eram simplesmente o resultado colateral da guerra de independência. Um dos muitos males provocados naturalmente pelas guerras, como vemos hoje na Síria por exemplo. Os factos apontam para uma verdade bem mais sinistra. A vaga de refugiados de 1948 é o corolário de uma acção preparada e implementada durante muitos anos por Ben Gurian e a liderança zionista e obedece a um plano muito claro, o Plano Dalet[2].
Como parte deste plano, as aldeias e cidades do mandato da Palestina foram catalogados segundo as suas etnias, os nomes dos seus líderes locais e todos aqueles suspeitos de envolvimento nas revoltas dos anos 30 registados cuidadosamente. O plano tinha como objectivo explícito a conquista de todas estas cidades, o homicídio da sua liderança e a prisão indiscriminadas de homens em "idade militar", ou seja, entre os 10 (!!!) e os 60 anos. Incluia também a expulsão de todos os seus habitantes para fora do que os zionistas consideravam que deveria ser o seu estado e por fim a destruição metódica das aldeias até que nada sobrasse delas.
É um livro pesado, relatando cuidadosamente as violações, homicídios e destruições uma após a outra. Aldeia após aldeia. Cidade após cidade. Muitos destes massacres foram feitos ainda antes da saída dos britânicos. Em diversos casos, foram até ajudados por estes. Grande parte da limpeza étnica foi feita muito antes dos exércitos árabes declararem guerra ao novo estado de Israel, e curiosamente, o esforço de guerra foi tão pouco de parte a parte que nem sequer teve influência no calendário da limpeza étnica que continuou o seu curso sem problemas.
Explica-nos ainda porque motivo algumas cidades foram poupadas. Como as cidades santas cristãs, quando os zionistas temeram que o mundo se virasse contra ele já que muitas dessas cidades eram de maioria cristã. E como a Legiões Árabe jordana, o mais formidável dos exércitos árabes envolvidos, manteve o seu território mesmo quando o Rei Abdullah da Jordânia dividia os despojos da Palestina com a liderança zionista.
Por fim, mostra que o exército paramilitar judaico (denominado Haganah, que mais tarde se tornou no IDF) e as suas unidades de elite, a Palmach, trabalharam lado a lado com organizações terroristas judaicas, como o Stern Gang e o Irgun. Com estes, fizeram atentados bombistas, assassinaram líderes políticos e procederam ao Plano Dalet, tal como programado. Mais de 500 aldeias desapareceram do mapa. Muitos refugiados e os seus descendentes, ainda hoje esquecidos no Líbano e Jordânia sem documentos ou nacionalidade, mantém as chaves de casas há muito dinamitadas, como nos conta Robert Fisk[3].
Em discussões sobre o conflito Israelo-Palestiniano, existe sempre um momento em que um dos pró-israelitas pergunta se estamos a colocar em causa a existência do estado de Israel. A resposta é simples. Ele nunca deveria ter sido criado. Agora, até aceito que terá que existir, mas isso não altera o facto de que é um estado que está a ser montado por atropelo diário aos direitos humanos. Que praticamente todos os crimes que um estado pode cometer sobre uma população indígena estão a ser ali cometidos. E isso iniciou-se há 65 anos mais ainda não parou. Só mudou em intensidade e estilo.
Como parte deste plano, as aldeias e cidades do mandato da Palestina foram catalogados segundo as suas etnias, os nomes dos seus líderes locais e todos aqueles suspeitos de envolvimento nas revoltas dos anos 30 registados cuidadosamente. O plano tinha como objectivo explícito a conquista de todas estas cidades, o homicídio da sua liderança e a prisão indiscriminadas de homens em "idade militar", ou seja, entre os 10 (!!!) e os 60 anos. Incluia também a expulsão de todos os seus habitantes para fora do que os zionistas consideravam que deveria ser o seu estado e por fim a destruição metódica das aldeias até que nada sobrasse delas.
É um livro pesado, relatando cuidadosamente as violações, homicídios e destruições uma após a outra. Aldeia após aldeia. Cidade após cidade. Muitos destes massacres foram feitos ainda antes da saída dos britânicos. Em diversos casos, foram até ajudados por estes. Grande parte da limpeza étnica foi feita muito antes dos exércitos árabes declararem guerra ao novo estado de Israel, e curiosamente, o esforço de guerra foi tão pouco de parte a parte que nem sequer teve influência no calendário da limpeza étnica que continuou o seu curso sem problemas.
Por fim, mostra que o exército paramilitar judaico (denominado Haganah, que mais tarde se tornou no IDF) e as suas unidades de elite, a Palmach, trabalharam lado a lado com organizações terroristas judaicas, como o Stern Gang e o Irgun. Com estes, fizeram atentados bombistas, assassinaram líderes políticos e procederam ao Plano Dalet, tal como programado. Mais de 500 aldeias desapareceram do mapa. Muitos refugiados e os seus descendentes, ainda hoje esquecidos no Líbano e Jordânia sem documentos ou nacionalidade, mantém as chaves de casas há muito dinamitadas, como nos conta Robert Fisk[3].
Em discussões sobre o conflito Israelo-Palestiniano, existe sempre um momento em que um dos pró-israelitas pergunta se estamos a colocar em causa a existência do estado de Israel. A resposta é simples. Ele nunca deveria ter sido criado. Agora, até aceito que terá que existir, mas isso não altera o facto de que é um estado que está a ser montado por atropelo diário aos direitos humanos. Que praticamente todos os crimes que um estado pode cometer sobre uma população indígena estão a ser ali cometidos. E isso iniciou-se há 65 anos mais ainda não parou. Só mudou em intensidade e estilo.