Será que sou mesmo a única pessoa que acha altamente suspeito que uns dias depois de o Governo Sírio permitir a entrada de inspectores da ONU no seu território com o propósito específico de verem se algum dos lados está a utilizar armas químicas, que o mesmo governo faça um ataque em larga escala com essas mesmas armas?
Serei o único a achar que antes sequer de se saber qual dos lados as utilizou - se é que algum as utilizou - não se pode avançar com um invasão internacional contra o que foi decidido pela ONU?
Serei o único a achar que se Assad é um déspota sem moral que os fundamentalistas islâmicos que compõe uma parte significativa da oposição são ainda piores?
Eu não sou contra todo e qualquer ataque. Acho mesmo que a ONU e a NATO têm que ser os "polícias do mundo", até que se arranje algo melhor. Mas isso não significa certamente prisões secretas, Guantánamos, ataques com drones em países aliados (como o Yemen e o Paquistão) e invasões em larga ou pequena escala por motivos obscuros e que constantemente tem-se provado errados e contra-producentes.
Depois do Iraque, temos todos não só o direito mas também a obrigação de partirmos do princípio de que o governo americano nos mente a toda a linha. E em relação aos restantes governos, provavelmente a situação será tão má ou pior.
A situação na Síria é péssima, mas tem potencial para piorar muito mais...
Serei o único a achar que antes sequer de se saber qual dos lados as utilizou - se é que algum as utilizou - não se pode avançar com um invasão internacional contra o que foi decidido pela ONU?
Serei o único a achar que se Assad é um déspota sem moral que os fundamentalistas islâmicos que compõe uma parte significativa da oposição são ainda piores?
Eu não sou contra todo e qualquer ataque. Acho mesmo que a ONU e a NATO têm que ser os "polícias do mundo", até que se arranje algo melhor. Mas isso não significa certamente prisões secretas, Guantánamos, ataques com drones em países aliados (como o Yemen e o Paquistão) e invasões em larga ou pequena escala por motivos obscuros e que constantemente tem-se provado errados e contra-producentes.
Depois do Iraque, temos todos não só o direito mas também a obrigação de partirmos do princípio de que o governo americano nos mente a toda a linha. E em relação aos restantes governos, provavelmente a situação será tão má ou pior.
A situação na Síria é péssima, mas tem potencial para piorar muito mais...
Bairro de Al Khalydia, Cidade de Homs, Síria, Março 2012 [Reuters/Yazan Homsy] |
"Eu não sou contra todo e qualquer ataque. Acho mesmo que a ONU e a NATO têm que ser os 'polícias do mundo'" Serei o único a achar que fumou algum "tabaco" de um rastafari ou tomou 1Ltr de uísque? Você melhor que eu deve saber que um ataque, seja ele terrestre ou com misseis balísticos contra a Síria irá piorar e muito as tensões com o Irão, Rússia, China, fundamentalistas, Talibãs, hezbollah etc, isto será uma rastilho aceso num pavio curto para se iniciar uma guerra que pode vir a envolver potências maiores, aos poucos e poucos estão cercando a fera (Rússia) e quando uma fera se sente cercada e atiçada com fogo ...ui, ui melhor sair fora do jogo, e com esta fera vem outras China, Índia, Paquistão voluntário pro-comunistas, grupos Nacionalistas, uma série de gente do pior que se possa imaginar, a NATO perdia a punho de aço que tem com quase o mundo inteiro.
ResponderEliminarSeria catastrófico, por isso é que a NATO não concorda entre si havendo divergências, e os EUA sabem que isto não vai correr bem, por isso é que ainda não atacaram, e a França tem que ter noção que a guerra está a 4000km da sua fronteira, sabe o que significa isso Sr. António?
Você ainda tem a certeza que quer um intervenção por parte da NATO? Dei-a uma resposta de forma um pouco mais sóbria.
Grato pela sua atenção.
Caro Fábio Gomes
ResponderEliminarPenso que percebeu o contrário do que eu pretendia dizer. Sou frontalmente contra uma intervenção americana na Síria. O facto de o fazer praticamente sozinha torna a situação muito pior.
Tal como o Fábio disse - e eu concordo - a Rússia e o Irão vão-se sentir cercadas. E podem ajudar a piorar muito a mesma situação. A China pode não achar piada, mas não vai ligar muito ao evento. O Paquistão não vai fazer nada em termos governamentais, mais vai ajudar a potenciar o discurso dos extremistas. Na Índia os ataques não devem sequer abrir os telejornais.
Quando digo que em determinadas situações é necessário intervir, refiro-me a casos como o Rwanda ou a Bosnia. Não em crises como esta onde as potências que falam em intervenção são as mesmas que andam a contribuir para o agravamento da situação. Para além disso, os EUA querem entrar sem saber como vão sair. Largam um montão de bombas, e depois? Democracia na ponta da M16? Até agora não funcionou.
A situação está péssima na Síria. Mas um intervenção pode piorá-la muito mais.
Os melhores cumprimentos,
António
Bom dia Caro António,
EliminarPeço desculpa pela minha falha na interpretação das suas ideias referidas no texto.
O que eu penso que pode vir a acontecer é o seguinte, lembra se de ouvir falar muitas vezes da Guerra do Vietname? Naquele país houve uma guerra entre EUA e URSS mais que propriamente contra vietnamitas, esses eram carne para canhão para interesses dos soviéticos e Americanos, ali as duas potencias puseram se à prova directa e indirectamente uma à outra, embora os EUA tivessem tropas no terreno os soviéticos tinham capacidade de fazer chegar armas e outros equipamentos bélicos aos vietnamitas, levar mercenários para treina-los etc e assim foi uma guerra entre EUA e URSS num curto espaço demográfico e de extrema importância para os soviéticos, no qual saíram vencedores e os vietnamitas os verdadeiros derrotados.
O que está prestes a acontecer é praticamente igual, só com a diferença de haver um maior atrito entras as potências e envolver tropas russas no campo de batalha, campo de batalha que será o Médio Oriente, e aí entra a China Índia Paquistão em auxilio dos russos, fazendo o papel que fizeram os soviéticos na Guerra do Vietname, papel esse que foi de grande importância. Percebe o que eu digo?
A Rússia sabe que não tem capacidade bélica convencional para impor se à NATO mas têm apoio para tal, nós (Europa) estamos numa crise social e económica, o meu receio é que tal venha acontecer pois nos últimos anos a NATO tem vindo a cercar cada vez mais os russo é não só, e uma guerra desta escala no Médio Oriente acabaria com um profunda divisão naquela região que há muitos anos tem o solo manchado de sangue e nós europeus estamos fartos de guerras e de contribuir para elas.
O melhor a fazer é o Ocidente pressionar os russos a acabar com a guerra na Síria tirando de lá Assad, e os russos tem o poder e influência para fazer isso muito bem, metendo um governo democrático fantoche a seu favor (russos)e pôr um ponto final na guerra civil, mas para eles aquela guerra como tantas outras é um negócio lucrativo.
O melhores cumprimentos,
Fábio Gomes.
Penso que esta frase resume o que ambos pensamos: "O melhor a fazer é o Ocidente pressionar os russos a acabar com a guerra na Síria ".
EliminarO mais interessante é que há não muito tempo, os Assads eram amigos dos EUA. A Síria juntou-se aos EUA na Tempestade do Deserto em 1991 para tirar Saddam - esse tirano - do Kuwait. Saddam esse que com a ajuda dos americanos atacou o Irão - esses fundamentalistas - uns anos antes. Hoje, países como os EAU, a Arábia Saudita, o Qatar juntam-se aos EUA para tirarem Assad do poder, mas ninguém se vai lembrar daqui a uns 10 ou 15 anos quando forem vítimas de algo semelhante.
E entretanto, de libertação em libertação, o Médio Oriente vai ficando cada vez mais fechado, mais conservador, mais ressentido em relação ao Ocidente.
Os melhores cumprimentos,
António
PS: Um amigo meu iraquiano dizia-me em 2007 um pensamento que achei deveras interessante... "porque é que eles [os EUA] não se assumem como império que são e transformam o Iraque num estado americano de pleno direito. ficariam admirados com a quantidade de pessoas que desejam a liberdade, o progresso e a riqueza dos EUA]". Infelizmente os impérios de hoje não dão cidadania aos seus novos súbditos, e com isso garantem uma resistência eterna.