Uma das mais comuns e aceites frases relativas ao conflito Israelo-Árabe é que os árabes devem aceitar que Israel é um país democrático e judaico.
Eu sei o que é uma democracia: direito de escolha dos governantes, lei acima de todos os cidadãos e igual para todos, liberdade religiosa, liberdade de opinião, etc. No entanto não sei o que seria se Portugal fosse um país democrático e cristão. Será que eu perderia a cidadania se me tornasse oficialmente ateu ou me convertesse a outra religião? Será que não teria direito a cidadania mesmo que a minha família vivesse na mesma rua há 20 gerações? Será que qualquer cristão do mundo poderia entrar em Portugal e obter cidadania imediata? Que o nosso exército era constituído por cristãos de todo o mundo como se a defesa nacional e o ataque aos nossos vizinhos fosse uma nova cruzada?
Pois é precisamente isto que se passa em Israel: Qualquer judeu de qualquer parte do mundo recebe cidadania imediata, mas uma família cristã ou muçulmana que lá tenha vivido desde tempos imemoriais não o consegue.
O serviço militar obrigatório (para homens e mulheres) coloca de lado os muçulmanos mas aceita estrangeiros desde que sejam judeus. Existem algumas excepções, como os druze (que lutaram ao lado dos sionistas durante a guerra da independência) e os beduínos do Negev (o que não lhes tem servido de muito porque estão a ser sistematicamente expulsos da suas terras). Sobre este assunto aconselho a visualização do corajoso documentário do israelita Haim Yavin.
Por estes motivos, aceito Israel como um estado democrático e espero que atinjam esse objectivo o mais cedo possível por oposição ao actual estado de Apartheid. Mas isso significa ter todo o seu povo representado no Knesset, independentemente da sua religião, etnia ou sexo, tal como previsto na sua declaração de independência. Não o aceito como estado judeu. Tal como não aceito que algum país do mundo tenha leis baseadas na discriminação religiosa e étnica.
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