Um jogo de futebol entre o Al Masry e o Al Ahly onde o treinador português Manuel José tem feito brilhar o futebol egípcio acabou com uma invasão de campo e uma batalha campal que terminou com 74 vítimas mortais e um número enorme de feridos. As imagens são impressionantes e relembram-nos situações semelhantes que aconteceram no passado.
O governo (ainda militar) apressou-se a demitir toda a federação egípcia de futebol e o parlamento recentemente eleito e pela primeira vez verdadeiramente democrático acusa o governo militar e/ou apoiantes de Mubarak de estarem por detrás dos eventos.
A situação política no Egipto é extremamente confusa. Falo quase diariamente com egípcios que me dizem que o novo parlamento não consegue expulsar o governo militar que se mantém no lugar por uma mistura de inércia, inexistência de um quadro legal claro sobre a constituição do governo e tendo como única legitimidade o facto de Osni Mubarak lhes ter passado a presidência do país imediatamente antes de fechar a porta.
Os egípcios procuram nesta tragédia de Port Said todo o tipo de leituras políticas: Os militares querem provocar violência para poderem provar que só eles conseguiram manter o país estável, que os pró Mubarak querem provocar saudosismo pelos bons tempos de paz e crescimento do ditador, que a sombria Mukhabarat (polícia secreta) estará envolvida com uma agenda própria, etc.
Ainda demorará algum tempo a sabermos o que se terá realmente passado, se é que alguma vez o chegaremos a saber. Os Ultras do Al Ahly (claque do clube) são considerados como a espinha dorsal dos protestantes anti governo na praça Tahrir e por esse motivo é tão fácil a toda a gente misturar política e futebol no Egipto.
O que eu penso? Um jogo de futebol que correu terrivelmente mal. Uma polícia que não conseguiu lidar com os eventos. Um estádio que não cumpre as melhores regras de segurança. Uma rivalidade entre clubes que ultrapassou os limites do razoável. Um golo no último minuto.
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