domingo, 29 de abril de 2012

Zeppelin, Concorde e Space Shuttle

Três maravilhas tecnológicas do século XX colocadas na prateleira, sem que existam quaisquer planos credíveis para os substituir. Três veículos voadores que tiveram a sua época de ouro e deixam o planeta mais pobre enquanto brilham nos grandes museus do mundo.

Costumamos dar por garantido que a tecnologia avança sempre no mesmo sentido, para o futuro. Mas a verdade é que nem sempre isso acontece e há muito que já se soube e que se perdeu, e muitas outros conhecimentos que se perderam para serem redescobertos séculos ou milénios mais tarde.

Ainda hoje nos peguntamos como no antigo Egipto se conseguiram transportar e colocar no lugar as grandes pedras que compõe o topo das pirâmides com a tecnologia que sabemos que tinham na época. A resposta é simples: eles tinham tecnologias que nós não sabemos que eles tinham. Se, hoje, dessem aos melhores engenheiros do mundo milhares de escravos e as matérias primas dessa época eles não conseguiriam construir a grande Pirâmide de Gizé. Agora imaginemos o que poderíamos fazer com esse pequeno pedacinho de tecnologia associado aos materiais modernos e a tudo o resto que aprendemos entretanto.

Noutros casos, o breakthrough foi conseguido mas ninguém se aperceu da utilidade da nova invenção. Na Grécia Antiga, Hero de Alexandria constrói o primeiro motor a vapor - o Aeolipile - mas não obstante o espectáculo causado pela prova de conceito, ninguém tentou utilizar a ideia para bombear água, criar movimento numa carruagem ou navio ou criar máquina de tecelagem até um milénio e meio depois.

Num artigo anterior partilhei a história do Ekranoplano, uma maravilha da era soviética destruído pelo conservadorismo da (então) recém chegada liderança de Bresnev ao Partido Comunista da URSS. Uma tecnologia que depois de ter conseguido dar os primeiros e mais difíceis passos foi deixada ao abandono. Embora existam presentemente algumas ideias para a reavivar, e mesmo com uma corrida ao armamento que é mantida discreta aos olhos do público, não é provável que o veremos a atravessar os nossos mares nas próximas décadas.


Hindenburg, os últimos segundos
É por este passado onde tantas coisas foram inventadas, perdidas e reinventadas novamente que me entristece ver estas três conquistas tecnológicas a serem esquecidas. O Zeppelin conseguia transportar confortavelmente 72 passageiros com uma qualidade como ainda nem os Airbus A380 conseguem para além de levar uma tripulação superior a 50 pessoas. Conseguiam transportar pesos imensamente superiores aos aviões dessa época e, mesmo hoje, estão a ser vistos como alternativa para transportar peças para... o Airbus A380, dada a sua dimensão e peso não serem comportáveis por qualquer outro veículo não marítimo. Mas entretanto perderam-se os engenheiros, os técnicos e as tripulações especializados em Zeppelins. Ainda existem bastantes dirigíveis, mas muito mais pequenos e utilizados para voos turísticos e principalmente para publicidade estática sobre as cidades. Se a morte do Ekranoplano foi resultado de opção política, a do Zeppelin foi o resultado do acidente do Hindenburg a 6 de Maio de 1936. As filmagens dramáticas dos últimos segundos Hindeburgo com as suas letras a desaparecerem as chamas ditaram o seu fim e mesmo 86 anos depois são relembradas impedindo que essa tecnologia seja devidamente explorada e comercializada.

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Muitos anos depois, voltamos a ver uma situação em tudo semelhante. O Concorde, orgulho da indústria aeronáutica europeia, o avião comercial mais rápido do mundo sofre um acidente a descolar do aeroporto Charles de Gaulle. Mais uma vez, um acidente, uma imagem que choca o mundo e mais um caminho que se transforma num beco sem saída. Deixa saudades aos amantes da aviação, da tecnologia e dos poucos que tiveram o previlégio de nele voarem. Em substituição... nada. Há 20 anos atrás era possível fazer Londres a Nova York em poucas horas, hoje não. O que deveria ser uma tecnologia que acabaria por se tornar comum a todo o público, tornou-se numa lembrança de tempos idos.

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Shuttle, a última viagem

Por fim, o Space Shuttle, obra prima da NASA e da superioridade tecnológica americana usado até ao limite durante três décadas e finalmente abandonado. Ao todo 135 lançamentos dos quais um (Challenger) explodiu na decolagem e outro (Columbia) na reentrada. E novamente, sem ninguém que o substitua nem no programa espacial americano, nem em nenhum outro.


O avanço tecnológico é doloroso, cheio de falhanços e esforços inglórios. Repleto de heróis e vítimas. A qualidade de vida que temos hoje, a nossa esperança de vida, a economia global e o conhecimento acessível a um cada vez maior número de pessoas é resultado directo desses avanços. Mas nada nos garante que um dia não haverá uma nova idade média, talvez provocada pela má utilização dessas mesmas tecnologias. E nessa altura, muitos olharão para os mais estranhos artigos arqueológicos e perguntarão: como é que foi possível eles construirem isto?

8 comentários:

  1. Boas
    Antes de falar destes avioes a jato, e do programa especial da nasa, deverias por a historia que antecedeu a esta, pois tudo começou nos finais dos anos 30 na altura da alemanha nazi de hitler.
    Mas tudo começa com as suas bombas e depois misseis e armas (http://www.youtube.com/watch?v=yiRuUwpKRz4), e depois veio a bomba atomica produzida por Albert Einstein esse senhor cientista tinha a cabeça a premio por hitler, porque?? ele tinha criado a primeira bomba atomica, entao ele fugiu para america e pediu asilo, a troco de que?? Hitler quando se apercebeu de tamanho poder ele mandou destruir tudo que ligasse ''essa bomba'' e fuzilar os cerca de 120 cientistas entres eles o Sr. Albert Einstein, mas esse foi esperto e consegui fugir as balas hitler, ele (hitler) queria aquele poder so para ele(http://www.youtube.com/watch?v=D0s7UY4QbNI&feature=related).

    O escudo anti missil, o primeiro aviao a jato, o submarino nuclear, tudo isso foi preparado na alemanha nazista, depois da envasao da URSS e dos EUA roubaram projetos e capturaram vivos os melhores cientistas e engenheiros nazis, nunca houve um escudo anti missil americano ou russo nunca houve aviao a jato americano ou russo, houvem sim um escudo anti missil e aviao a jacto nazista. Resumindo a alemanha de hitler preparou o futuro, o futuro onde nos vivemos.

    PS: fala sobre o primeiro aviao a jacto e a historia conta te que foi o da alemanha nazi, e ficaras a saber que hitler pensava que se o seu prototipo desse certo poderia ainda ganhar a guerra, logicamente que isto desse certo estrategas militares dizem que sim (http://cineastv.forumeiros.com/t542-armas-secretas-do-3-reich-as-sonderwaffen-de-adolf-hitler) ve este blog.

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    1. Caro Anónimo

      De facto, ando com vontade escrever um pouco mais sobre a segunda guerra, que é um dos meus temas favoritos e ao qual dedico mais tempo.

      Estou a par das invenções que falou e que têm que ser atribuídas à alemanha nazi, desde a bomba atómica (só a parte teórica), aos jactos (em paralelo inventados na inglaterra mas onde o governo não lhe deu importância), às minas marítimas magnéticas, aos misseis anti-aéreos, aos primeiros misseis balísticos (as V2) até ao shnorkel e outras invenções menos faladas.

      De facto, era um regime obcecado pela tecnologia e pelas armas que mudariam o mundo. Toda a exploração espacial quer na URSS quer nos EUA foi feita com base nas bombas V2 alemãs. Aliás, o "pai" da viagem à lua foi o oficial nazi alemão Von Brown, que não foi acusado de qualquer crime de guerra e rapidamente transferido com toda a sua equipa para a américa.

      As questões que levanta são um tema apaixonante, mas este meu artigo aparece na sequência do último voo do Shuttle, nas costas do 747 da NASA a caminho do museu onde ficará para sempre. Tenho a certeza que terei tempo para escrever alguns artigos sobre o assunto das grandes armas escondidas da WWII.

      Cmps,

      António

      PS: Obrigado pelo links. Espero vê-los com mais calma ainda hoje.

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    2. Caro Anónimo

      Tive oportunidade entretanto de ver o link que me enviou. Tem de facto um conjunto de histórias extremamente interessantes relativas às tecnologias nazis e a sua utilização no pós-WWII.

      Esteja á vontade para mandar outros. É o assunto pelo qual tenho grande interesse.

      Os melhores cumprimentos,

      António

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  2. uma das criações mais impressionantes, que por pouco não viu a produção em massa foi o horton 229, nazi, um caça tipo B2 e possivelmente invisivel aos radares da altura. com uma estrutura em madeira e porpulção a jacto ... impressionante deixo os videos.


    http://www.youtube.com/watch?v=zk5TJo2z4l8
    http://www.youtube.com/watch?v=3uARMO0TlnY
    http://www.youtube.com/watch?v=MpYm-nG6Kh8
    http://www.youtube.com/watch?v=m7HmPaFFrGA

    cumps

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    1. Esse bombardeiro é verdadeiramente incrível. Ainda não tive tempo de ver os links que enviaste mas já vi alguns documentários sobre eles.

      Um espectacular é o avião foguete que os tipos inventaram o Messerschmitt Me 163 que apenas aguentava uns minutos no ar. Tinha um canhão virado para cima, que utilizava um sensor de luz em que ele passava por baixo de um bombardeiro e o canhão disparava automaticamente.

      Não correu muito bem (a aterragem normalmente matava o piloto) nem teve impacto no resultado da guerra, mas foi uma invenção fabulosa e interessantíssima.

      Como se diria no séc XXI... "inovadora" :)

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    2. Boas

      Vi finalmente os videos que me enviaste. Muito bom mesmo. Que pena os senhores do Discovery Channel não terem feito um protótipo a sério que fosse capaz de voar.

      De qualquer forma, não era o que eu estava a pensar. O que eu imaginava era que fosse o bombardeiro América, a que eles se referem no final. Este era um caça bombardeiro, bastante mais pequeno mas muitíssimo interessante e que chegou à fase de voo experimental.

      Obrigado pelo link. Manda mais.

      Abcs

      António

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  3. http://www.theengineer.co.uk/1013042.article?cmpid=TE01

    Tens aqui um artigo sobre este tema, com as novidades na tecnologia.

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    1. Muito obrigado pelo link. Gostei muito do artigo e achei interessante o autor ir buscar também outros retro-futurismos que aqui falamos, como o Ekranoplan e o Zeppelin.

      Acrescentei no artigo do Ekranoplan os links que o "theengineer" tinha.

      Manda mais ;)

      Abraço

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