"Leões e Burros - 10 mitos sobre a Grande Guerra" é o título de um curioso artigo da BBC[1] sobre as ideias erradas que existem sobre a guerra de 1914-1918. De acordo com o historiador Dan Snow muito do que julgamos saber sobre este conflito está errado e aponta os dez maiores erros. Aqui fica uma tradução livre deste artigo. Uma vez que o simplifiquei largamente, aconselho vivamente a lerem o artigo original caso fiquem curiosos em relação a alguns dos detalhes históricos sobre as dez ideias.
1. A Guerra mais sangrenta até então: Falso. Quer em valores absolutos como em percentagem da população.
2. A maioria dos soldados morreram: Falso. "Apenas" cerca de 11,5% morreram, percentagem largamente ultrapassada noutras guerras anteriores.
3. Os homens viviam em trincheiras durante anos: Falso. Tipicamente não mais 10 dias por mês e apenas 3 nas da frente.
4. As classes altas consiguiram fugir à guerra: Falso. As elites foram desproporcionalmente afectadas pela mortalidade das guerras de trincheiras. Inclusivé um filho do Primeiro Ministro inglês Herbert Asquith morreu em combate.
5. "Leões liderados por Burros": Falso. A ideia de que corajosos rapazes eram liderados por generais incompetentes do alto dos seus castelos é errada e injusta. Os tácticas e estratégias adaptaram-se muito rapidamente às tecnologias introduzidas na guerra o que obrigou todos os lados a serem - como se diz hoje - extremamente inovadores. Para além disso mais de 200 generais foram mortos, feridos ou presos o que demonstra uma proximidade muito maior do combate do que se viu nas guerras que se seguiram.
6. Quem lutou em Gallipoli foram os Australianos e os Neozelandezes: Falso. Representando uma das maiores derrotas da história da Inglaterra, não admira que tenham passado as culpas para algumas das tropas coloniais. Mas esta humilhação perante os Turcos Otamanos - entre os quais brilhou o jovem oficial Mustafa Kemal, mais tarde promovido a "Ataturk", i.e. "Pai dos Turcos"[2] - teve uma grande e determinante participação britânica, bastante maior do que a dos soldados da Oceania. Ausente do artigo original está também a intervenção de Churchill, um dos responsáveis pelo desastre[3].
7. As táticas na frente ocidental mantiveram-se alteradas durante toda a guerra: Falso. Os avanços da artilharia, lança chamas, armas químicas, tanques, aviação, rádio entre tantas outras causaram mudanças enormes que se reflectiram no dia-a-dia dos soldados na frente de combate.
8. Ninguém ganhou: Falso. Militarmente falando, as potências ocidentais ganharam claramente a guerra. No final, a acumulação de derrotas em terra e no mar causaram a revolução do povo germânico que não as aguentou mais e derrubou a monarquia.
9. O Tratado de Versailles foi demasiado duro: Falso de acordo com Dan Snow (permito-me discordar deste ponto). Segundo este historiador, o tratado retirou apenas 10% do território da Alemanha permitindo manter-se como a nação mais rica da Europa continental.
10. Toda a gente odiou a guerra: Falso. Para muitos, a guerra terá sido uma experiência boa. Aparentemente as condições de comida (em especial a carne), liberdade sexual, acesso a bebidas alcoólicas entre outras conseguiram que o moral se mantivesse elevado durante toda a guerra para os britânicos.
Tricheiras durante a primeira guerra mundial |
1. A Guerra mais sangrenta até então: Falso. Quer em valores absolutos como em percentagem da população.
2. A maioria dos soldados morreram: Falso. "Apenas" cerca de 11,5% morreram, percentagem largamente ultrapassada noutras guerras anteriores.
3. Os homens viviam em trincheiras durante anos: Falso. Tipicamente não mais 10 dias por mês e apenas 3 nas da frente.
4. As classes altas consiguiram fugir à guerra: Falso. As elites foram desproporcionalmente afectadas pela mortalidade das guerras de trincheiras. Inclusivé um filho do Primeiro Ministro inglês Herbert Asquith morreu em combate.
5. "Leões liderados por Burros": Falso. A ideia de que corajosos rapazes eram liderados por generais incompetentes do alto dos seus castelos é errada e injusta. Os tácticas e estratégias adaptaram-se muito rapidamente às tecnologias introduzidas na guerra o que obrigou todos os lados a serem - como se diz hoje - extremamente inovadores. Para além disso mais de 200 generais foram mortos, feridos ou presos o que demonstra uma proximidade muito maior do combate do que se viu nas guerras que se seguiram.
6. Quem lutou em Gallipoli foram os Australianos e os Neozelandezes: Falso. Representando uma das maiores derrotas da história da Inglaterra, não admira que tenham passado as culpas para algumas das tropas coloniais. Mas esta humilhação perante os Turcos Otamanos - entre os quais brilhou o jovem oficial Mustafa Kemal, mais tarde promovido a "Ataturk", i.e. "Pai dos Turcos"[2] - teve uma grande e determinante participação britânica, bastante maior do que a dos soldados da Oceania. Ausente do artigo original está também a intervenção de Churchill, um dos responsáveis pelo desastre[3].
7. As táticas na frente ocidental mantiveram-se alteradas durante toda a guerra: Falso. Os avanços da artilharia, lança chamas, armas químicas, tanques, aviação, rádio entre tantas outras causaram mudanças enormes que se reflectiram no dia-a-dia dos soldados na frente de combate.
8. Ninguém ganhou: Falso. Militarmente falando, as potências ocidentais ganharam claramente a guerra. No final, a acumulação de derrotas em terra e no mar causaram a revolução do povo germânico que não as aguentou mais e derrubou a monarquia.
Versailles 1919 |
10. Toda a gente odiou a guerra: Falso. Para muitos, a guerra terá sido uma experiência boa. Aparentemente as condições de comida (em especial a carne), liberdade sexual, acesso a bebidas alcoólicas entre outras conseguiram que o moral se mantivesse elevado durante toda a guerra para os britânicos.
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