sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Califa mostra o seu músculo

As guerras de Israel têm sempre grande atenção mediática. Alguns acreditam que isso acontece porque muita gente é anti-semita e/ou islamofóbica mas, para ser sincero, acho que isso representa uma pequena parte da população mundial. O conflito israelo-árabe é um assunto que tem tudo para captar a atenção de todo o globo. Uma história de David e Golias, onde o judeu já não é David. O último capítulo do colonialismo europeu no mundo árabe. Os lugares santos das três grandes religiões monoteístas do mundo e o berço de duas delas. Só por si, isto é suficiente para que metade do mundo sinta todo o conflito como algo muito próximo.

Mas, por muito que desgostemos do Hamas e da actuação do governo israelita, a verdade é que existem personagens muito piores no Médio Oriente.


O ISIL utiliza equipamento americano
capturado ao exército iraquiano
De longe, a mais assustadora figura do Médio Oriente actual é Abu Bakr  Al Bagdadi, líder do Califado Islâmico (também conhecido por Estado Islâmico, IS, ISIS ou ISIL). Neste momento controla um terço do Iraque e um terço da Síria. As suas conquistas continuaram no último mês e continua a montar um país à sua imagem e semelhança. Chegam-nos rumores de massacres, centenas de milhares de cristãos e shiitas em fuga e os Peshmerga, as forças armadas do quase-estado Curdistão, a terem que recuar em muitas posições. 

Durante o dia de hoje, o presidente americano Barack Obama anunciou que
Milhares de cristãos fogem para Erbil
depois de lhes ser dada as opções
de se converterem, fugirem ou serem mortos.
utilizaria a aviação para bombardear os movimentos de tropas do ISIL se colocassem em risco os interesses americanos, destacando nesses a embaixada em Bagdad e o consulado em Erbil (capital do Curdistão que fica a 80km de Mosul, a segunda maior cidade iraquiana e que está nas mãos do ISIL).

Quer o governo curdo quer o governo iraquiano têm noção do perigo que correm. Ontem o Primeiro-Ministro iraquiano, Nouri Al Maliki autorizou a aviação iraquiana a ajudar as tropas curdas. Depois de uma década de costas voltadas, talvez seja o ISIL que vai conseguir unir novamente um Iraque que tem tudo para ser desfeito em três países diferentes.

Para mim, o mais estranho de Abu Bakr e seu gangue é que duvido seriamente que tenham um apoio popular real e em larga escala. E a longo prazo, não é possível manter um exército onde grande parte da força é formada por amigos de ocasião, que querem ver Al Maliki cair mas que em nada se revêm nas posições talibans do Estado Islâmico. E, se é verdade que algumas destas conquistas renderam muito dinheiro - só no banco central de Mosul levaram cerca de 500 milhões de dólares - este grupo teve que ser sustentado financeiramente por alguém exterior durante muito tempo. Esses, devem estar hoje preocupados com o monstro que ajudaram a criar... 

2 comentários:

  1. Pois... na linha dos antecedentes do regime taliban. Esta gente arrepia, é um reino de terror e obscurantismo. Os nomes são todos "antigos", noms de guerre, a invocarem tempos do profeta. O pior é que isto veio numa sequência insana. Chegaram aqui por causa de purgas atrás de purgas. Enquanto as pessoas não tiverem a noção que construir - e perdoar - deve estar em primeiro e único lugar...

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    1. Concordo. Esta é, aliás, uma das situações em que compreendo e apoio a intervenção militar ocidental. Obama mandou os aviões atacarem as coluna militares do ISIL e estará a fazer a diferença. É um caminho escuro e não se sabe onde vai parar, mas percebo que não era possível ficar a olhar, principalmente quando (os EUA, nós e mais uns quantos) têm tanta responsabilidade pelo estado em que o Iraque está.

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