segunda-feira, 7 de maio de 2012

Vencer a Guerra

George Marshall - Prémio Nobel da Paz 1953
Olhando para a história dos últimos 100 anos, fica claro que foram muitos os líderes que souberam como começar guerras, mas muito poucos que souberam como as acabar. Vários conflitos arrastaram-se por muitos anos ou décadas (Índia-Paquistão, Coreias, Israelo-Árabe, Angola, URSS-Afeganistão, Irão-Iraque, etc.), outros foram mais curtos mas com perdas humanas e materiais de dimensões nunca vistas como a primeira e segunda guerras mundiais.

Em todos essas guerras, podemos dizer que existem sempre perdedores, mas nem sempre vencedores. A Grande Guerra de 1914-1918 vê vários países a serem desfeitos e outros criados. Mas mesmo os supostos vencedores acabaram por se ver envolvidos em nova guerra mundial. Os erros do tratado de Versailles criaram uma bomba relógio que iria explodir duas décadas depois na forma do Nazismo alemão. Como disse o grande general francês Ferdinand Foch "Isto não é paz, mas um cessar-fogo de 20 anos". Uma guerra sem vencedores.

A segunda guerra mundial teve 3 grandes vencedores, mas as suas vitórias não são iguais. O Reino Unido que durante anos lutou só contra uma europa continental dominada por Berlim, foi bravo e desafiador. Mas no final da guerra começou a perder as suas colónias uma a uma e perdeu o seu estatuto de super-potência. A União Soviética, garantiu não só a sua sobrevivência, mas trouxe para debaixo da sua esfera de influência toda a europa de leste, incluindo uma parte substancial da Alemanha e um seu velho inimigo, a Polónia. Mas essa vitória trouxe também as sementes para o fim do comunismo soviético. Foi nessa mesma Polónia, no muro de Berlim e em Praga que a queda da super potência começou. Mas o grande vencedor terá sido mesmo os Estados Unidos. Conseguiu não só a vitória militar, como a vitória política total. Todos os estados por si ocupados na Europa e Ásia formaram regimes duradouros que seguiram o formato democrático americano e tornaram-se aliados verdadeiros. Japão, Itália e Alemanha (RFA) serão os principais exemplos.

De todas as guerras desde essa época até hoje, será difícil encontrarmos uma situação em que a potência derrotada fica ligada de forma tão honesta e amigável ao vencedor. Conseguimos sequer imaginar o Iraque ou o Afeganistão a pararem de resistir aos aliados? A juntarem-se a estes num mundo democrático, livre e de direito? Ou o Irão, se for o próximo nessa longa lista de conflitos que ainda seremos obrigados a assistir?

Para mim, a diferença não está nos povos, nas religiões ou na raça. O que mudou foi a liderança dos vencedores. Não temos homens como Churchill, Roosevelt ou Marshall há frente destes países. E por isso, mesmo que os militares ganhem as guerras, os políticos vão garantir que estas são perdidas na mesma. Em vez de programas de reconstrução (como o plano Marshall), vemos pilhagens medievais aos recursos locais. E com isso garantem o ódio eterno dos que já sofreram com os ditadores, depois com a invasão e depois com a pilhagem. Afeganistão e Iraque foram guerras ganhas rapidamente por guerreiros, mas quase tão rapidamente perdidas pelos seus políticos.

Que fazer? Escolher líderes menos messiânicos e mais pragmáticos. Que tenham lido uns livros e ouçam o que as pessoas desinteressadas dizem, em vez de serem fantoches dos lobbies e os seus orçamentos multi-milionários.

Assim... não ganham uma guerra.

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